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Ex-ministro brasileiro Sérgio Moro depõe durante oito horas e entrega novas provas contra Bolsonaro

Ex-juiz da operação anti-corrupção Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro esteve a depôr mais de oito horas.

03 de maio de 2020 às 15:36

O ex-juiz da operação anti-corrupção Lava Jato e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro, que se demitiu do cargo no passado dia 24, depôs este sábado por mais de oito horas na Polícia Federal (PF) no inquérito instaurado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro. Moro deixou o edifício da Superintendência da Polícia Federal na cidade de Curitiba, onde actuou por duas décadas como juiz, quando já era meio da madrugada deste domingo em Lisboa.

Não foram inicialmente divulgados detalhes do depoimento do ex-homem-forte do governo Bolsonaro, que ao deixar o cargo saiu a disparar acusações contundentes contra o presidente. Mas algumas informações vazadas para a imprensa por pessoas que acompanharam o longo depoimento dão conta de que Moro confirmou e reforçou as acusações contra Jair Bolsonaro e que apresentou novas provas contra o chefe de Estado, nomeadamente arquivos de texto e de áudio trocados com o presidente.

Ao deixar o cargo dia 24 horas depois de Jair Bolsonaro ter demitido o director-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, homem de confiança de Moro, o ex-juiz da Lava Jato denunciou que a demissão do chefe da mais importante polícia brasileira tinha como principal intento do chefe de Estado intervir directamente na corporação em proveito próprio. Sérgio Moro afirmou na altura que Bolsonaro está muito preocupado com investigações que atingem directamente três dos seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro, acusado de corrupção, e o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro, acusados de comandarem um grupo criminoso especializado em forjar e disparar em massa denúncias falsas contra adversários do pai e de estarem por trás das ameaças que autoridades, entre elas juizes do Supremo Tribunal, têm recebido.

Segundo Moro, Bolsonaro tirou Valeixo do comando da PF para pôr no seu lugar uma pessoa que pudesse dar-lhe informações privilegiadas do andamento das investigações e interferir nelas. Jair Bolsonaro nomeou para substituir Maurício Valeixo um amigo de Carlos Bolsonaro, Alexandre Ramagem, mas o STF avaliou que a nomeação tinha fortes indícios de desvio de finalidade e anulou-a.

Horas depois das acusações feitas por Sérgio Moro, Jair Bolsonaro veio a público desmentir tudo e desafiar o seu ex-ministro a provar. Nesse mesmo dia, Moro entregou ao "Jornal Nacional", o principal telejornal da TV Globo e do Brasil, mensagens de Jair Bolsonaro em que o presidente dizia que era preciso tirar Valeixo do comando da PF porque a corporação, além das outras investigações, ia abrir inquéritos contra aliados seus.

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