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Exército incapaz de dispersar apoiantes de Bolsonaro acampados junto a quartel em Brasília

A pedido do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública o Exército iniciou esta semana uma acção para retirada gradual e voluntária dos manifestantes.

29 de dezembro de 2022 às 22:48

Apoiantes radicais do presidente Jair Bolsonaro acampados desde Outubro ao redor do Quartel General do Exército, em Brasília, reagiram esta quinta-feira a uma tentativa das forças militares de desfazerem o acampamento e dispersar os extremistas, que exigem um golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito, Lula da Silva, no domingo, e manter Bolsonaro no poder. A reacção dos extremistas, muitos deles armados, obrigou os militares a recuar, para não provocarem um banho de sangue.

Tropas do Batalhão de Choque da Polícia do Exército chegaram em vários camiões militares e fizeram uma barreira humana em formação de ataque, como se fossem avançar sobre a área onde centenas de radicais estão acampados desde a vitória de Lula, em 30 de Outubro, que não reconhecem. Ao perceber a manobra, os radicais bolsonaristas fizeram uma outra formação, em clara preparação para o confronto, enquanto cantavam sem cessar o hino do Brasil e repetiam o slogan "O povo unido jamais será vencido" que, ironicamente, costuma ser usado pela esquerda.

Enquanto a primeira barreira de extremistas ficava frente a frente com os soldados e os insultava, chamando-os de traidores por não concretizarem uma intervenção que garantisse Bolsonaro indefinidamente no poder, outros radicais espalharam-se pelo acampamento para oferecerem igualmente resistência a uma eventual operação da polícia de Brasília para desocupar a área. Motas e carros da Polícia Militar também começaram a circular em redor do acampamento, mas os extremistas avançaram sobre as viaturas e os agentes tiveram de fugir protegidos pelo Exército depois de terem as viaturas danificadas pelos manifestantes e serem ameaçados fisicamente.

A pedido do futuro ministro da Justiça e Segurança Pública de Lula da Silva, Flávio Dino, o Exército iniciou esta semana uma acção para retirada gradual e voluntária dos manifestantes, que até agora protegia e alimentava. Mas os mais fanatizados recusaram deixar o local e há notícias de que extremistas de várias regiões do Brasil estão a viajar em autocarros para se juntarem ao grupo e tumultuarem a tomada de posse de Lula, marcada para domingo.

O acampamento de bolsonaristas fanáticos, até aí considerado pouco mais do que folclórico, passou a ser o foco das atenções das autoridades de Brasília e do futuro governo depois de se saber que partiu de extremistas ali reunidos o atentado com uma bomba a um camião de combustíveis tentado no sábado passado e que só não provocou uma enorme tragédia humana porque o motorista do veículo percebeu o explosivo a tempo e chamou a polícia. A situação no acampamento de radicais em redor do QG do Exército continuava muito tensa ao início da noite desta quinta-feira, e era esperado que ou as Forças Armadas ou a polícia tomassem alguma atitude mais firme nas próximas horas para dispersar os extremistas, pois há o temor de que dali partam realmente acções violentas contra a tomada de posse do novo presidente.

Entretanto, numa outra acção contra apoiantes radicais de Jair Bolsonaro, a Polícia Civil (Judiciária) e a Polícia Federal desencadearam também esta quinta-feira uma grande operação em Brasília e outros sete estados para prender extremistas ligados à vaga de terror levada a cabo no passado dia 12 na capital federal após a diplomação de Lula na justiça eleitoral. Vários extremistas que participaram nesses actos de violência e supostamente estavam a preparar outros para domingo foram presos em Brasília, Rondónia e Rio de Janeiro, e a caçada deve continuar esta sexta.

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