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Franceses dão trégua temporária a Macron

Presidente fala ao país. Comunidade portuguesa relata momentos de tensão.

10 de dezembro de 2018 às 01:30

O dia é de grande expectativa para França. Emmanuel Macron reúne-se esta segunda-feira com os principais sindicatos franceses e patrões. É um sinal de esperança. A pouco e pouco, o Chefe de Estado francês parece ceder aos protestos dos ‘coletes amarelos’. A promessa de se dirigir hoje ao final do dia aos franceses trouxe às ruas uma trégua temporária.

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França com testemunho

Depois dos desacatos de sábado, Paris acordou ontem numa manhã marcada pelos trabalhos de limpeza e contabilização dos estragos registados. Os carros carbonizados continuavam nas ruas e várias lojas e agências bancárias foram vandalizadas. Vidros de montras e janelas cobriam os passeios, assim como as marcas do carvão das fogueiras ateadas.

Helena Gonçalves, emigrante de 50 anos, não fica indiferente aos estragos, mas a sua manhã ficou marcada por uma chamada. Do outro lado da linha estava a vizinha e amiga de longa data, lusodescendente, afetada pelos protestos dos ‘coletes amarelos’.

"Ela mal conseguia falar. Estava em estado de choque. Os manifestantes tentaram forçar a entrada do prédio na noite anterior. Houve gritos, insultos e tinham fogo nas mãos. Cá fora queimaram motos e bicicletas e partiram tudo. As filhas dela gritavam e choravam, enquanto a mãe não sabia como defender-se da invasão", relatou Helena ao CM, junto do local da invasão.

À vizinha de Helena valeu a rápida atuação da Polícia francesa, que conseguiu dispersar os manifestantes na rua antes de invadirem o prédio.

Helena indica-nos uma carrinha de um outro emigrante português, residente no mesmo edifício. Não foi carbonizada à semelhança de tantas outras, mas foi vandalizada com mensagens anti-Macron.

Governo francês responde no Twitter a Trump

Paris pediu ao presidente norte-americano para não se intrometer na política doméstica francesa, depois de Donald Trump ter dado a sua opinião na rede social Twitter sobre a situação de violência que se vive em França.

O ministro das relações exteriores, Jean-Yves Le Drian, pediu ao inquilino da Casa Branca para não se meter onde não é chamado. "Não nos metemos nos debates americanos. Vamos viver a nossa vida", escreveu o ministro francês no Twitter.

PORMENORES 

Centenas de feridos

O governo francês atualizou ontem para 325 o balanço final de feridos dos protestos de sábado por todo o país. O número é superior aos cerca de 150 feridos registados na semana passada, 30 dos quais elementos das forças de autoridade.

Milhares de detenções

Autoridades francesas detiveram quase 2000 manifestantes em todo o país durante os protestos de sábado. Na capital francesa foram detidas 1000 pessoas, a grande maioria por posse de objetos que podiam pôr em causa a segurança dos manifestantes.

Barricadas não travam

Centenas de lojas e agências bancárias foram vandalizadas e pilhadas durante os protestos ocorridos no sábado. As barricadas de madeira, alumínio ou até mesmo tijolos de cimento não foram suficientes para evitar, em muitos casos, os estragos nas lojas. Grande parte do comércio manteve-se de portas fechadas todo o fim de semana.

Encontros no Eliseu

Emmanuel Macron reúne-se hoje com os principais sindicatos franceses e organizações patronais no palácio do Eliseu a partir das 10h00 locais (09h00 em Lisboa). O discurso à nação está previsto para o final do dia, durante a abertura dos jornais televisivos, a partir das 20h00, uma hora a menos em Portugal Continental.

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