De acordo com o site, o gabinete de Jair Bolsonaro, que foi deputado federal por 28 anos até 2018, fez movimentações financeiras avultadas em dinheiro vivo.
Uma série de reportagens especiais de investigação publicadas esta segunda-feira pelo site de notícias brasileiro UOL, do grupo jornalístico Folha de S. Paulo, revela movimentações financeiras alegadamente suspeitas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro quando era deputado, muito semelhantes às que levaram o Ministério Público (MP) a denunciar um dos filhos dele, o hoje senador Flávio Bolsonaro, por corrupção, organização criminosa e branqueamento de capitais. As reportagens do UOL tiveram forte repercussão nos meios políticos de Brasília, mas, na prática, não deverão ter maiores consequências além de arranharem ainda mais a imagem do presidente, pois a lei brasileira não permite que um chefe de Estado seja processado e julgado por eventuais crimes cometidos antes de assumir a presidência.
De acordo com o site, o gabinete de Jair Bolsonaro, que foi deputado federal por 28 anos até 2018, fez movimentações financeiras avultadas em dinheiro vivo e com características que podem configurar o crime conhecido nos meios políticos como "rachadinha", também detetado nos gabinetes de Flávio e do outro filho político do atual presidente do Brasil, o vereador Carlos Bolsonaro. A "rachadinha" consiste na prática de políticos contratarem assessores por altos ordenados e depois obrigarem-nos a devolver para um "saco azul" a maior parte do que recebem, enriquecendo quem os contratou e ficando com uma pequena parte como compensação, muitas vezes sem nem mesmo terem de ir trabalhar.
Os dados foram obtidos pelo Ministério Público através da quebra de sigilos bancários e fiscais de mais de 100 suspeitos, entre eles Flávio Bolsonaro. Jair Bolsonaro não foi investigado, mas dados de movimentações financeiras suspeitas feitas por assessores dele acabaram por ser detetadas no cruzamento de informações.
Com base nesses dados, o Ministério Público denunciou Flávio Bolsonaro por corrupção em Outubro do ano passado, mas o processo está parado e poderá nem mesmo seguir adiante. Juizes do Superior Tribunal Federal que já decretaram outras decisões favoráveis ao clã Bolsonaro anularam em Fevereiro passado a autorização do juiz do caso para a quebra dos referidos sigilos, esvaziando dessa forma as provas e indícios que iriam ser usados contra o filho do presidente.
Segundo o UOL diz ter apurado, depois de analisar durante meses 607.552 movimentações financeiras, as práticas que levaram à denúncia contra Flávio Bolsonaro já eram praticadas pelo pai dele, Jair Bolsonaro, muito antes. Assessores do então deputado e hoje presidente sacavam grandes somas em dinheiro vivo, dificultando o rastreio desses montantes, e pessoas muito próximas a Jair Bolsonaro, como a ex-chefe de gabinete e uma das suas ex-mulheres, também movimentaram avultadas somas sempre em espécie, e fizeram negócios, nomeadamente imobiliários, pagando sempre em dinheiro vivo.
Mesmo que as denúncias de desvio de dinheiro público venham a ser confirmadas e aceites pelo Ministério Público, este não poderá fazer outra coisa a não ser esperar antes de, se for o caso, iniciar um processo contra o hoje presidente do país. Bolsonaro, tal como aconteceu com o seu antecessor, Michel Temer, alvo de várias denúncias por corrupção, só poderá ser processado depois de deixar a presidência, no final de 2022, se não conseguir ser reeleito, ou de 2026, se conquistar um novo mandato.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.