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Jornalista marroquino condenado a cinco anos prisão suspende greve de fome após 118 dias

Autoridades marroquinas sempre negaram que Raisuni tenha cumprido greve de fome durante os 118 dias.

05 de agosto de 2021 às 00:18

O jornalista marroquino Suleiman Raisuni, condenado em 09 de julho a cinco anos de prisão num alegado caso de agressão sexual, suspendeu hoje a greve de fome que se prolongava há 118 dias, anunciou a sua defesa.

Milud Qandil, o advogado de Raisuni, indicou à agência noticiosa Efe que o repórter decidiu pôr termo à sua greve de fome -- que iniciou para exigir a anulação das acusações -- após uma petição da sua família e de ativistas de direitos humanos.

A sua mulher, Julud Mujtari, disse à Efe que de momento a sua família ainda não tem a confirmação sobre a decisão do jornalista, apesar de sublinhar que Raisuni "se comprometeu em terminar com a sua greve a partir de hoje, mas com a condição de ser internado num hospital fora da prisão".

Por sua vez, o diretor da administração penitenciária marroquina, Mohamed Saleh Tamek, emitiu uma declaração onde refere que Raisuni não estava "numa greve de fome verdadeira", não sendo necessário o seu internamento num hospital.

As autoridades marroquinas sempre negaram que Raisuni tenha cumprido greve de fome durante os 118 dias e indicaram em várias ocasiões que o jornalista consumia alimentos que supostamente comprava no interior da prisão.

O repórter, detido desde 22 de maio de 2020, foi chefe de redação do Ajbar al Yawm, o único diário crítico que continuava a ser impresso em Marrocos até ao seu encerramento em março passado por asfixia financeira.

Em 09 de julho Raisuni foi condenado a cinco anos de prisão pelo Tribunal de Apelo de Casablanca, o mesmo que dez dias depois sentenciou a seis anos de prisão outro jornalista, Omar Radi, por suposta violação de uma colega de trabalho.

Os factos que determinaram a condenação de Raisuni remontam a 2018, quando o jornalista efetuava uma reportagem sobre a comunidade homossexual e entrevistou o jovem A. A., que posteriormente o denunciou por violação, apesar de nunca ter sido esclarecido o facto de ter esperado dois anos para apresentar a queixa.

Radi e Raisuni negaram em tribunal todas as acusações, enquanto diversos ativistas de direitos humanos têm referido que as crescentes acusações de "agressões sexuais" dirigidas a ativistas e opositores são uma forma de as autoridades denegrirem a sua imagem e justificarem as pesadas penas de prisão.

Desta forma, os apoiantes de Raisuni e organizações de direitos humanos (ONG) consideram que o verdadeiro motivo da sua perseguição se relaciona com as suas opções políticas vincadamente de esquerda e pelo seu trabalho no Ajbar al Yawm, e recordam que dois outros jornalistas desde antigo diário foram anteriormente perseguidos e detidos.

PCR // RBF

Lusa/Fim

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