Candidato considerou que mostrar abertura ao diálogo é mostrar abertura e preparação, ao contrário do que faz o seu principal adversário.
O presidente da UNITA disse esta quarta-feira que a guerra em Angola "acabou há muito tempo" e que a paz foi construída por todos, desafiando o MPLA, no poder, "a aprender" a pluralidade e a democracia.
Adalberto da Costa Júnior discursou no Cuíto, capital da província angolana do Bié, durante cerca de duas horas, depois de uma passagem por Lopitanga, onde repousam os restos mortais de Jonas Savimbi, fundador do partido, morto em combate em 22 de fevereiro de 2002 e que comemoraria esta quarta-feira o seu 88.º aniversário.
O líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) lamentou que lhe tenha sido negada autorização para ocupar a maior praça do Bié para a realização do seu comício, instando os governadores a "despir a camisola dos partidos" e sublinhando: "Os mandatos não duram para sempre, quando te dão a confiança sabemos que é por um tempo determinado".
O candidato abordou a conferência de imprensa de segunda-feira em que um dirigente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) disse que seria "lunático" quem pensasse em vencer as eleições, avisando a UNITA para os atos com "caráter subversivo", lembrando que a "subversão foi vencida a 22 de fevereiro de 2002", numa alusão à morte em combate de Savimbi, que durante quase 30 anos travou uma guerra contra as forças governamentais apoiadas pelo MPLA.
"É bom que tenham falado, fiquei triste com o conteúdo [mas serviu] para mostrar como vai o pensamento de alguns companheiros que estão com medo de perder o poder", contrapôs Adalberto da Costa Júnior, realçando que o tempo da campanha eleitoral "é para a competição, mas é com respeito, não é ficar trombudo, ficar zangado, chamar o teu competidor de estrangeiro".
Insistiu que 47 anos com o mesmo partido "é muito tempo", referindo-se ao MPLA e que "é tempo de fazer alternância", criticando o tom belicista.
"Houve guerra sim, foi feita por nós todos, todos temos de assumir as responsabilidades e temos de virar a página. A guerra acabou há muito tempo e nós também trabalhámos para que a paz fosse uma realidade, trabalhámos muito para isso", salientou o líder do partido do "Galo Negro", acrescentando que a guerra não acabou por que havia vontade de um só lado, mas por vontade de todos.
Ainda em resposta às declarações de João "Jú" Martins, que disse que se houvesse ações subversivas "não seria o MPLA que iria contender com a UNITA, e sim o Estado angolano com as suas instituições", Adalberto da Costa Júnior acusou o MPLA de querer usar as forças de defesa e segurança para garantir a manutenção do poder.
"Mas as nossas forças armadas não vão aceitar mais entrar na brincadeira, a nossa polícia não vai entrar na brincadeira", disse aos seus apoiantes.
"Se ser lunático é amar Angola e os angolanos e lutar para o bem-estar dos angolanos, então sou lunático", afirmou ainda, sublinhando que falar da transição é importante para qualquer pais com estabilidade e desenvolvimento e muito mais para um país como Angola, que não tem estabilidade e desenvolvimento.
O candidato considerou que mostrar abertura ao diálogo é mostrar abertura e preparação, ao contrário do que faz o seu principal adversário político.
"Fomos avisados que estamos a constituir um perigo para o país, então realizar alternância é um perigo para Angola, realizar democracia é um perigo para Angola? Temos de educar os nossos camaradas, os nossos companheiros que utilizaram o poder para se blindarem nos seus luxos e direitos e esqueceram o povo, são estes senhores que inundaram as listas [de eleitores] de mortos", vincou o político.
O líder da UNITA realçou que está "a acompanhar as eleições com muito cuidado desde a primeira hora" e apelou à população que se mobilize para votar, porque não está nada decidido: "São vocês que vão dizer quem vai mandar em Angola no futuro" e "querem roubar o teu voto", avisou.
Antes de Adalberto da Costa Júnior, falaram os números dois e três da lista da UNITA, pertencentes a outras forças políticas agregadas numa plataforma designada como Frente Patriótica Unida, que congrega também membros da sociedade civil.
Justino Pinto de Andrade, o número três, dirigente do Bloco Democrático, disse que o MPLA "está cansado" e lamentou as "manobras para intimidar os adversários e os angolanos" de um partido que "não aprendeu o que é a democracia".
O número dois, candidato a vice-presidente e líder do projeto político PRA-JA Servir Angola, Abel Chivukuvuku, frisou que "todos são uma só equipa, liderada pela UNITA".
UNITA e MPLA são os principais contendores na campanha eleitoral às eleições gerais de 24 de agosto, às quais concorrem um total de oito forças políticas.
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