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Moradores encontram dezenas de corpos em área onde houve operação policial no Rio de Janeiro

Número de mortos resultantes da operação conjunta das Polícia Militar e Polícia Civil pode ter passado, e muito, dos 100.

29 de outubro de 2025 às 12:33

Moradores do Complexo de Favelas da Penha, na zona norte da cidade brasileira do Rio de Janeiro, encontraram e resgataram ao longo da madrugada e manhã desta quarta-feira, muitas dezenas de corpos numa mata próxima à área onde a polícia realizou um dia antes a operação mais letal do estado, que, pelos números oficiais, deixou 64 mortos, quatro deles polícias. Até às 8h50 locais desta quarta, 11h50 em Lisboa, 55 corpos crivados de balas já tinham sido retirados da mata e populares procuravam mais.

Numa cena absolutamente de terror, todos os corpos foram enfileirados pelos moradores na Praça São Lucas, num ponto da Estrada José Rucas, no coração da Penha, um dos bairros mais populosos do Rio de Janeiro. A cena, flagrada do alto pelos helicópteros das emissoras de televisão, era verdadeiramente macabra e dava uma ideia do grau de violência extrema vivida esta terça-feira pelos moradores da Penha e do Complexo de Favelas do Alemão, ao lado, onde 2500 polícias fizeram a megaoperação de combate ao tráfico de droga, que resultou numa indescritível matança.

De acordo com o secretário de Polícia do Rio de Janeiro, coronel Marcelo Nogueira, as dezenas de mortos localizados por moradores ao longo da madrugada não estão na lista de 64 vítimas fatais já confirmadas pelas autoridades oficialmente. Com isso, o número de mortos resultantes da operação conjunta das Polícia Militar (Segurança Pública) e Polícia Civil (Judiciária) pode ter passado, e muito, dos 100.

Esta quarta-feira, o Rio de Janeiro amanheceu sob um clima de tensão generalizada mas sem incidentes relatados, mas o dia de terça-feira foi um dos mais violentos e trágicos da segunda maior cidade do Brasil, que tem seis milhões e meio de habitantes. A polícia usou centenas de viaturas, mais de 100 delas blindadas, e usou armamento de guerra para invadir as favelas e tentar prender líderes da facção criminosa Comando Vermelho, e os criminosos usaram drones para atirar bombas e granadas contra os agentes, invadiram dezenas de habitações para se esconderem, fazendo os moradores reféns, e depois ordenaram barricadas e ataques em bairros distantes da Penha e do Alemão, para dispersar a atenção e os meios da polícia.

Ao longo de terça-feira, mais de 50 escolas não puderam abrir na zona norte do Rio, hospitais e postos de saúde 24 horas foram obrigados a fechar as portas, e centenas de milhares de moradores não puderam sair de casa para trabalhar, ou os que já tinham saído não conseguiram voltar. Mais de 200 linhas de autocarros foram desviadas dos itinerários para fugir das balas, e, após pelo menos 71 autocarros terem sido sequestrados por criminosos e usados como barricadas, o serviço de transporte por autocarros foi suspenso na cidade, sobrecarregando de forma gigantesca os meios de transporte que ainda funcionavam de forma parcial, como o metropolitano e os comboios de superfície. 

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