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Moradores escavam por entre os escombros à procura de familiares e criticam bombeiros

Habitantes da cidade mostram-se desesperados e revoltados com a lentidão dos Bombeiros e dos agentes da Proteção Civil.

18 de fevereiro de 2022 às 15:38

Três dias depois da chuva torrencial que em apenas três horas matou mais de 120 pessoas e deixou outras 116 desaparecidas na terça-feira, moradores que perderam familiares, amigos ou vizinhos escavavam, esta sexta-feira, com as próprias mãos ou com utensílios domésticos improvisados à procura de corpos ou, o que a cada hora parece mais distante, de sobreviventes, soterrados sob toneladas de lama, rochas e árvores que caíram das encostas arrastando casas e pessoas.

As emissoras de televisão repercutiram esta sexta-feira essas imagens do desespero de muitos habitantes da cidade, vários deles revoltados com o que consideram a lentidão dos Bombeiros e dos agentes da Proteção Civil, que estão a ser acusados de excesso de precaução no atendimento às vítimas e de concentrarem os  esforços em determinados bairros em detrimento de outros mais periféricos.

As autoridades, nomeadamente os comandantes da Proteção Civil e dos Bombeiros, que no Brasil são um braço da Polícia Militar, negam existir um atendimento seletivo mas reconheceram a concentração dos esforços em algumas áreas. De acordo com esses comandos, o efetivo das duas corporações foi concentrado em áreas onde havia mais probabilidade de existirem sobreviventes ou onde há informações precisas de moradores da localização de vítimas fatais.

Após a grande repercussão negativa dessas denúncias de moradores desesperados é que esta sexta-feira, 72 horas após a tragédia, as equipas de resgate foram direcionadas para dois bairros fortemente atingidos mas que ficam fora da área central e turística de Petrópolis, Chácara Flora e Caxambu. Mesmo assim, o número de soldados dos Bombeiros e de agentes da Proteção Civil era ínfimo, e a remoção dos escombros continuava a ser feita maioritariamente por voluntários civis e familiares de vítimas.

O socorristas alegam não estar agir com excesso de cautela e muito lentamente, mas garantem precisar de garantir primeiro a própria segurança, para depois ajudarem quem precisa de socorro. Por isso, como aconteceu durante quase toda a tarde de quinta-feira e várias vezes na manhã desta sexta, os Bombeiros e Proteção Civil paravam as buscas sempre que começava a chover, para revolta e angústia dos moradores, que continuavam eles mesmos a procurar novas vítimas.

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