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Não me vou render

O clima de instabilidade e de medo regressou a Timor-Leste. Em causa, a fuga do major Alfredo Reinado que, acompanhado por centenas de peticionários, se encontra entrincheirado numa colina da cidade de Same, no Sul do país.

28 de fevereiro de 2007 às 00:00

O grupo está cercado por tropas australianas das Forças de Estabilização Internacionais (ISF) e, segundo o deputado independente Leandro Isaac, Alfredo Reinado já disse que está “disposto a morrer” mas que “não se vai render”.

A situação, que está a tomar proporções graves e cujas consequências são imprevisíveis uma vez que Reinado conta com o apoio da população de Same, levou o primeiro-ministro Ramos-Horta a pedir ao presidente indonésio, Susilo Bambang, ajuda para capturar o fugitivo. O chefe do governo pediu também a Bambang para que, caso o major seja capturado em território indonésio, seja entregue às autoridades timorenses.

Portugal está a seguir “atentamente” e com “preocupação” o caso. O ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, afirmou que “as autoridades timorenses estão a agir em colaboração com a ONU para normalizar a situação, sendo este mesmo o desejo de Portugal”.

Recorde-se que a situação em Timor-Leste se agravou na sequência do ataque perpetrado no passado domingo pelo major Alfredo Reinado, antigo comandante da Polícia Militar, a três postos da polícia junto à fronteira com a Indonésia, o que levou o presidente Xanana Gusmão a ordenar a sua captura e prisão.

O oficial rebelde e os seus homens refugiaram-se em Same, interior sul de Timor-Leste. “Estamos todos cercados, as mulheres e as crianças fugiram para o mato e o major Alfredo está a organizar a vigilância e defesa de Same, mas está disposto a morrer e nunca se vai render”, disse Leandro Isaac. O deputado, que garante que o major “tem o apoio do povo de Same”, reforçou a ideia da determinação de luta do major rebelde sublinhando que “rendição é uma palavra que não existe no vocabulário de Reinado”.

Contudo, o comandante das ISF, brigadeiro Mal Rerden, disse que a rendição é a única opção que resta ao major. O brigadeiro australiano recusou fornecer pormenores operacionais.

O advogado do major, Luís Mendonça de Freitas, afirmou por seu turno que a “única via para solução do caso é o diálogo e convencer Alfredo Reinado das vantagens de se apresentar e de colaborar com a Justiça”. Caso contrário, sublinhou, “a alternativa militar é terrível e imprevisível”.

A Fretilin, partido no poder, afirmou que o major pretende “espalhar o terror e parar o processo eleitoral” da votação para as presidenciais, marcada para 9 de Abril próximo

PROFESSORES PORTUGUESES FOGEM DE SAME

Os cinco professores portugueses que se encontravam em Same, cidade onde o major Reinado e apoiantes estão cercados por tropas australianas, estão bem e saíram da zona sem problemas, disse um dos elementos do grupo. Os professores portugueses receberam ordem para abandonar a zona, e foram acompanhados pela polícia das Nações Unidas. O major Alfredo Reinado está entrincheirado no antigo posto do administrador português, situado numa colina no meio da cidade de Same, segundo habitantes da cidade que também foram obrigados a deixar o local. Reinado, que está acompanhado por “muitos, muitos, muitos peticionários”, segundo o deputado independente Leandro Isaac, está “fortemente armado”, de acordo com um dos habitantes. Cerca de 150 habitantes de Same desfilaram pela rua principal da cidade, gritando palavras de apoio ao major Alfredo Reinado. O pessoal civil das Nações Unidas foi “aconselhado a não permanecer na área”, segundo uma fonte da missão internacional, e os professores portugueses saíram do distrito antes mesmo do cerco das Forças de Estabilização Internacionais.

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