Jornalistas denunciam negócios de Tony Blair, do Rei da Jordânia ou Vladimir Putin.
Depois da revelação e do escândalo dos Panama Papers, que através do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação denunciou casos de fortunas offshore e negócios secretos entre os poderosos, mediados pela Mossack Fonseca, no Panamá, ou dos Luanda Leaks, há uma nova investigação a offshores que promete fazer correr muita tinta nos próximos tempos: os Pandora Papers.
De acordo com o The Guardian e a BBC, a nova revelação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) expõe documentos de contas offshore e outros dados financeiros de 35 líderes mundiais (atuais e antigos), de 300 titulares de cargos oficiais de topo e também de empresas e rotos conhecidos do público.
Entre os visados estão nomes como Tony Blair, ex-primeiro-ministro inglês, o Rei da Jordânia, ou o presidente russo Vladimir Putin. Também a cantora Shakira é uma das 'apanhadas'.
Segundo a BBC, os documentos revelam indícios dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fuga aos impostos, em alguns casos.
No caso de Tony Blair, em causa estará a forma como o ex-PM e a mulher contornaram as regras do imposto de selo na compra de um escritório em Londres, de forma a pouparem mais de 300 mil euros. O negócio terá sido feito através da compra de uma empresa offshore que era a dona do edifício.
As revelações apontam que Vladimir Putin tem ativos secretos no Mónaco e que o primeiro-ministro checo, que enfrenta uma eleição esta semana, não declarou ter uma empresa de investimentos offshore que usou para comprar duas luxuosas moradias no sul de França.
Os Pandora Papers mostram também como os mais poderosos e influentes do mundo têm criado empresas de forma legal para depois, secretamente, comprarem propriedades no Reino Unido, revelando os nomes dos donos de mais de 95 mil empresas em paraísos fiscais que estão por trás das compras. Um dos casos revelados é o do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, cuja família e associados estarão envolvidos na compra de propriedades ao Reino Unido, em segredo, em negócios que ultrapassam os 500 milhões de euros, tendo chegado a fazer lucro com a venda de propriedades à Coroa.
Nos documentos, alguns que apresentam transações sem indícios de crime, é também revelado um alegado esquema usado pelo Rei da Jordânia Abdullah II bin Al-Hussein para comprar propriedades em todo o mundo, através de offshores, num total de 15 casas, incluindo mansões no valor de 55 milhões de euros em Malibu, nos EUA, ou em Ascot, no Reino Unido.
Quase 12 milhões de documentos
No total, os Pandora Papers são constituídos por 11,9 milhões de documentos, de 14 fontes diferentes, num conjunto de 1,94 TeraBytes de dados. São mais de seis milhões de documentos de texto, quase três milhões de imagens e mais de 1,2 milhões de emails.
Outros nomes sonantes que vêm o seu nome nos Pandora Papers são o presidente do Quénia Uhuru Kenyatta, membros do gabinete do primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, ou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky: todos com ligações a contas e empresas offshore.
As 14 empresas de serviços financeiros analisadas nos documentos dizem respeito aos paraísos fiscais das Ilhas virgens britânicas, Panamá, Belize, Chipre, Emirados Árabes Unidos, Singapura ou Suíça.
Três portugueses nas revelações
De acordo com o Expresso, que integra o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, há três portugueses que surgem nos documentos revelados: Nuno Morais Sarmento, Vitalino Canas e Manuel Pinho.
Morais Sarmento, advogado de profissão e atual vice-presidente do PSD, que foi ministro nos governos de Barroso e Santana Lopes, surge como beneficiário de uma empresa offshore com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, usada para comprar um hotel e uma escola de mergulho em Moçambique.
Vitalino Canas, que foi deputado do PS entre 2002 e 2019, secretário de Estado e porta-voz do PS durante o Governo de Sócrates, vê o seu nome nos Pandora Papers por haver uma procuração que permite que Vitalino Canas atue em nome de uma empresa, também ela sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas.
Por seu lado, Manuel Pinho, economista, ex-administrador do BES e ministro da economia de Sócrates, é o beneficiário de três companhias offshore, já do conhecimento público, uma vez que estão envolvidas num inquérito-crime em curso, no âmbito do caso EDP.
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