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ONG alerta sobre saúde do jornalista marroquino após 62 dias em greve de fome

Organização disse acompanhar "com profunda preocupação o grave estado de saúde" de Raissouni.

08 de junho de 2021 às 19:58

Uma organização de direitos humanos de Marrocos pediu esta terça-feira ao Governo para interceder no caso de Suleiman Raissouni, o jornalista da oposição detido, e alertou sobre o seu "grave estado de saúde" após 62 dias em greve de fome.

Em carta dirigida ao chefe do executivo, Saadedin Otmani, ao ministro dos Direitos Humanos, Mustafa Ramid, e à presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Amina Buayach, a Associação Marroquina de Direitos Humanos (AMDH, a maior do país), pede a sua intervenção "urgente para salvar a sua vida [de Raissouni] e garantir o seu direito legítimo e inalienável a um julgamento justo no qual todas as partes do caso sejam iguais".

A Organização não-governamental (c, que considera um "preso de opinião", e denunciou o largo período de prisão preventiva em que se encontra na prisão de Ukacha em Casablanca, "na ausência de qualquer ato flagrante ou prova material tangível".

Raissouni, 49 anos, em prisão preventiva desde 22 de maio de 2020, está acusado de agressão sexual contra um homossexual, num processo que considera "político", e a próxima sessão do julgamento agendada para quinta-feira.

Uma delegação do Sindicato nacional de imprensa marroquina visitou-o recentemente para tentar convencê-lo a suspender o seu protesto, mas sem resultado.

A mulher do jornalista detido, Kholoud Mokhtari, revelou à agência noticiosa Efe que o seu marido perdeu mais de 30 quilos desde a sua detenção, quando pesava 85 quilos, e alertou sobre a "grave deterioração do seu estado de saúde". No entanto, a Administração penitenciária tem insistido que o seu estado é "normal".

Fundador do Al-Aoual, também colaborou em diversas publicações antes de ser designado chefe de redação do jornal independente Akhbar Al-Yaoum após a prisão e condenação a 15 anos de prisão de Taoufik Bouachrine, o anterior responsável do jornal.

Este periódico era considerado o único diário crítico no país, até ser forçado a encerrar em março passado por asfixia financeira.

Raissouni recebe visitas duas vezes por semana de uma enfermeira e de um médico que medem a sua tensão e os níveis de açúcar e magnésio, mas os seus advogados consideram não ser suficiente, por sofrer de hipertensão crónica e ter dificuldades em caminhar.

Na mesma prisão também se encontra o jornalista da oposição Omar Radi, que colaborou com vários 'media' marroquinos e internacionais, acusado de abusar sexualmente de uma companheira de trabalho.

Na perspetiva oficial, as acusações dirigidas a Marrocos por diversas organizações de direitos humanos sobre a crescente repressão aos jornalistas críticos não têm sentido.

"Esses dois jornalistas que citou foram alvo de processos judiciais, bem documentados, a justiça faz apenas o seu trabalho, e não será pelo facto de serem jornalistas que devem ser tratados de outra forma face aos restantes. São cidadãos marroquinos, e todos têm direito à mesma justiça, que é equilibrada e com processos consistentes", disse hoje em declarações à Lusa o embaixador de Marrocos em Lisboa, Othmane Bahnini.

O diplomata assinalou que Marrocos "é um país de direito, de liberdades, onde existe uma justiça" e numa referência às acusações dirigidas a Raissouni e Radi, que ambos negam, indicou que "a justiça dispõe desses elementos, não existe justiça a duas velocidades nem várias justiças, existe apenas uma justiça para todos os marroquinos, sejam jornalistas, empresários, simples cidadãos ou estudantes".

O representante do reino de Marrocos também rejeitou as "acusações não fundamentadas" sobre perseguição a jornalistas ou a ativistas de direitos humanos, e acrescentou que no seu país "existem mecanismos, associações muito ativas sobre a questão dos direitos humanos e que zelam pelo respeito dos direitos humanos".

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