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Tudo o que se sabe sobre os jovens presos na gruta da Tailândia

Operações de resgate estão a ser estudadas e podem até demorar meses.

04 de julho de 2018 às 17:12

Doze jovens integrantes de uma equipa de futebol juvenil, todos eles com idades compreendidas entre os 11 e os 16 anos, e o seu treinador, de 25 anos, foram encontrados sãos e salvos, na noite da passada segunda-feira, no interior da gruta de Tham Luang, na região de Chiang Rai, norte da Tailândia. O grupo estava soterrado no interior da caverna há já uma semana.

Tudo começou quando os jovens futebolistas, do clube Moo Pa, estavam a dar um passeio depois dos treinos - como já era habitual -, quando ficaram retidos na gruta devido às infiltrações de água causadas pela chuva que se fez sentir logo após a sua entrada, no dia 25 de junho. Esta não era a primeira vez que o treinador levava os seus jogadores a descer à gruta, no entanto, desta vez o passeio acabou por ser maior e em maior profundidade para o interior da gruta. Desde então que nunca mais foram vistos até à passada segunda-feira.

Resgate pode demorar meses

O grupo encontra-se num espaço subterrâneo semi-inundado a cerca de seis quilómetros da entrada da gruta e a mais de 800 metros de profundidade. Os sobreviventes estão a ser acompanhados por um grupo de mergulhadores da Marinha Tailandesa e já receberam comida, água e alguns tratamentos médicos. A equipa de resgate dispõe ainda de um médico e um psicólogo presentes a tempo inteiro. Existe ainda uma linha telefónica onde é possível estabelecer o contacto entre as crianças e os seus familiares.

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Dada a complexidade da operação e atendendo ao facto de algumas zonas da gruta estarem completamente submersas, o resgate poderá levar várias semanas ou até meses. Este complexo de grutas fica inundado frequentemente, e a água pode só começar a descer em setembro ou outubro. 

Depois de terem sobrevivido nove dias na escuridão, os jovens encontram-se demasiado enfraquecidos para conseguirem fazer o trajeto de regresso até à superfície, que só pode ser feito a nado. As equipas de salvamento no local reconhecem como prioridade a alimentação e o acompanhamento médico.

"Os médicos vão avaliar se estão de boa saúde. Vamos tratar deles até que consigam ter força suficiente para se moverem sozinhos. Só depois iremos tratar de os trazer para fora", garante o governador da zona, Narongsak Osotthanakorn, citado pelo Bangkok Post.  

As autoridades estão a estudar todas as possibilidades para trazer as crianças e o treinador até á superfície, no entanto não querem correr riscos que possam comprometer a segurança do grupo. As entradas estreitas, as dificuldades de acesso e a fraca visibilidade são os maiores entraves ao resgate. "Se eles estiveram bem, a melhor opção será nutri-los e protegê-los enquanto as opções estão a ser examinadas", afirma o responsável da operação. No local já se encontra uma tenda hospitalar pronta para receber os sobreviventes.

Hipóteses de salvamento em estudo

Dentro das possíveis opções de resgate, pondera-se treinar os meninos a usar equipamento de mergulho, de forma a evitar hipotermia, e ensiná-los a nadar, pois nenhum dos rapazes presos na gruta está preparado para mergulhar ou nadar até á superfície, de acordo com o The Guardian.

No entanto, os entraves são vários: a entrada estreita da gruta só permite a passagem de uma pessoa de cada vez, os jovens não sabem nadar e o peso do material de mergulho poderia pôr em risco a vida dos mergulhadores. "Esta deve ser a última opção por ser muito perigosa e arriscada", revela Edd Sorenson, especialista norte-americano em resgates subaquáticos, à BBC.

Assim, a maioria dos especialistas alerta para o risco da primeira hipótese, devido à visibilidade quase nula e às águas lamacentas aliadas à pouca experiência dos jovens futebolistas. As autoridades pedem máscaras de mergulho fechadas de tamanho mais reduzido de forma a ser menos arriscado do que as máscaras tradicionais para mergulhadores inexperientes.

Outra das hipóteses é realizar uma drenagem total da água da gruta, processo que já está a decorrer desde que o grupo foi localizado, adianta Narongsak Osottanakorn, governador da província de Chiang Rai. A tentativa de bombear a água para baixar os níveis de inundação não foram bem sucedidas, e aguardar que o nível da água diminua naturalmente poderá levar meses.

"Vamos enviar comida extra para pelo menos quatro meses e treinar os 13 [membros do grupo] para mergulhar, enquanto continuam a evacuar a água da complexa rede subterrânea", disse o capitão Anand Surawan, da marinha tailandesa, citado pelas forças armadas.

A perfuração das rochas do local é também uma opção, porém trata-se de um processo bastante complicado devido aos acessos limitados ao local, o tempo que iriam demorar e ainda a possibilidade dessa perfuração não ser bem sucedida.

Outra das soluções é esperar que as águas desçam, contudo isso seria um processo bastante demorado. Prevê-se ainda chuvas fortes que podem obrigar a um resgate forçado.

As chuvas são um fator determinante na operação. "Se o nível da água subir, não vai ser tarefa fácil", revelam as equipas ao Bangkok Post. Estas condições meteorológicas podem comprometer os planos de extracção do grupo.

Encontrados por Exploradores

O grupo foi encontrado por exploradores britânicos que se dirigiram à Tailândia para auxilio nas operações de busca e resgate, uns dos primeiros voluntários internacionais a chegar ao local.

Os britânicos John Volanthen e Rick Stanton, dois experientes mergulhadores, localizaram os jovens na segunda-feira depois de atravessarem passagens muito estreitas e águas contaminadas por lama.

Os dois mergulhadores são dois dos maiores especialistas mundiais em resgates subaquáticos subterrâneos, e já participaram em dezenas de missões em todo o mundo.

Num vídeo gravado pelos exploradores, todos pareciam, apesar de tudo, de boa saúde e animados.

Num vídeo gravado pelos exploradores, todos pareciam, apesar de tudo, de boa saúde e animados.

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