Ambientalistas alertaram para as ligações existentes entre as alterações climáticas e as doenças associadas a certas espécies.
Um monte de morcegos mortos à venda ao lado de uma mesa de corte de carnes. Este continua a ser o cenário em muitos mercados asiáticos, mesmo depois da "explosão" da pandemia de coronavírus por todo o mundo.
Este foi o cenário registado numa ilha turística da Indonésia, no início do mês de abril. Um pouco mais acima, na província chinesa de Guangxi, os gatos são igualmente amontoados em jaulas para serem abatidos.
Os diferentes cenários descritos pelo The Independent mostram que, apesar do coronavírus, os mercados húmidos como o de Wuhan, onde se acredita que terá surgido o vírus que se espalhou para os seres humanos.
Apesar dos pedidos dos organismos internacionais, os espaços continuam a vender carne de animais selvagens, utilizada na medicina tradicional na cura de várias patologias.
Os ambientalistas alertaram já para as ligações existentes entre as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e as doenças associadas a certos animais e ao seu consumo, temendo que esta não seja a última pandemia.
O mercado indonésio de Tomohon ganhou notoriedade entre os visitantes pela venda de espécies selvagens e pelo abate diário de cães e gatos.
A Indonésia continua a ser um dos países que, a par com a China, continua a comercializar animais selvagens. Apesar dos mais de 7 mil casos confirmados e das 616 mortes pela Covid-19 no país, morcegos, ratos e répteis continuam a ser comercializados, apesar dos avisos das associações de bem-estar animal.
Numa entrevista ao The Independent, Frank Delano Manus, do animal Friends Manado Indonesia (AFMI), afirmou que já em 2018 tinham sido feitos testes a morcegos, vendidos em mercados do país. Já na altura o ativista mostrou-se chocado com os resultados.
"Em 2018, o Departamento de Agricultura testou amostras de morcegos do mercado de Tomohon. Testaram 13 morcegos e quatro deles deram positivo para um conjunto diferente de coronavírus. Fiquei surpreso e chocado quando soube disso", admitiu.
Manus acredita que o vírus tenha tido origem na China e não no próprio país. "Numa reunião eu questionei várias pessoas: 'Imaginem o efeito sobre o nosso povo e a nossa economia se esse vírus viesse de Tomohon (mercado na indonésia)? Destruiria tudo".
Em declarações ao The Independent, o Dr. Richard S. Ostfeld, ecologista de doenças e cientista sénior do Instituto Cary de Estudos sobre Ecossistemas afirmou que "o risco de um vírus saltar para as pessoas está principalmente ligado a excreções de animais selvagens infectados, incluindo saliva, urina e fezes". A transmissão, relembra Ostfeld, pode igualmente ocorrer no momento do abate do animal, uma vez que "consumir carne cozida, seja de animais selvagens ou de animais, não representa o mesmo risco".
A China anunciou no final de fevereiro a proibição do consumo de animais selvagens devido ao coronavírus.
Os mercados de carne foram, no entanto, reabertos em todo o país, e embora mantenham a proibição temporária, a mesma deverá ser levantada quando a crise da Covid-19 terminar.
"As condições nos mercados são exatamente as mesmas destes espaços terem sido fechados por algumas semanas durante o surto de coronavírus", disse um correspondente em Guangxi, China.
Um estudo, publicado na revista Science, investigou a suscetibilidade de furões e animais em contato próximo com seres humanos infetados com Covid-19.
Um grupo de cientistas na China descobriu que o vírus não se replicava muito bem em cães, porcos, galinhas e patos. No caso dos furões e dos gatos, estes eram mais permissivos à infeção.
Nas últimas semanas algumas autoridades tentaram desviar a culpa do comércio de animais selvagens para as teorias da conspiração de que a Covid-19 pode ter sido introduzida em Wuhan pelo exército dos EUA ou por turistas italianos.
Jill Robinson, fundador e CEO da Animals Asia, sublinha que os vírus estão a criar desequilíbrios na natureza devido `+a exploração de espécies selvagens.
"Os mercados de vida selvagem na Ásia devem ser permanentemente fechados. Este último surto de vírus é um sinal de um desequilíbrio catastrófico na forma como tratamos e exploramos as espécies selvagens. A natureza está a reagir", alertou.
A fonte do coronavírus permanece no entanto desconhecida, mas as evidências sugerem teve origem em morcegos. Embora os primeiros casos humanos do novo coronavírus tenham sido identificados em Wuhan, ainda não foi possível determinar é que foram infetados.
Em 2003, o surto de Sars foi causado por um vírus que saltava dos gatos para os humanos, segundo a Organização Mundial da Saúde . De maneira semelhante, acredita-se que o novo coronavírus tenha ultrapassado a barreira de espécies através de um hospedeiro intermediário, uma espécie ainda não identificada, com maior probabilidade de estar em contacto com humanos.
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