Carlos Anjos
Presidente da Comissão de Proteção de Vítimas de CrimesA violência doméstica e as mortes de mulheres às mãos dos companheiros continuam a acontecer em Portugal de uma forma que envergonha todos.
O ano de 2013 fechou com a morte de 42 mulheres e, ontem, em Setúbal, ocorreu a morte da primeira mulher em 2015. Temos todos de fazer um enorme esforço para melhorar estes números trágicos. E todos aqueles que são figuras públicas deviam participar neste esforço nacional.
Não é isso que vimos na tragédia que é o caso que opõe Carrilho a Bárbara Guimarães. A forma como este caso tem sido gerido é trágica e vergonhosa.
Segundo a acusação do Ministério Público, Carrilho terá agredido a mulher. Ela, para impedir a continuação do problema, mudou fechaduras e impediu-o de entrar em casa. Esta situação deu um escândalo nacional. Mas as partes conseguiram chegar a um acordo. Divorciaram-se, fizeram as partilhas e resolveram o poder paternal.
O problema tinha acabado.
Nada disso. Ele é brigas na entrega dos filhos, entrevistas, comentários no Facebook, uma desgraça completa, que em nada dignifica as partes.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
Mais do que um caso criminal, é um caso social.
Neste ano falhamos na prevenção de forma estrondosa.
Perturbação tem sido causa de homicídios em contexto de violência doméstica.
Nem os particulares, nem o Estado cumprem as suas obrigações.
Um amor repudiado, que rapidamente se transformou num ódio violento.
Como nada será feito, para o ano voltamos a falar de bombeiros e meios aéreos.