António Salvador
Diretor-geral da IntercampusA vaga do Barómetro CM-Intercampus de Janeiro não traz grandes novidades. De facto, o Barómetro voltou a não revelar mudanças significativas nas intenções de voto, quer em legislativas quer em presidenciais, relativamente à vaga anterior.
Assim, relativamente às eleições legislativas, continua o irritante empate técnico; apesar da enorme antecedência em que ainda nos encontramos nas presidenciais, Gouveia e Melo continua a passear-se vitorioso.
E estes dois factos sugerem-me um comentário muito pessimista, quase idêntico num caso e noutro.
1. Os eleitores parecem ter-se afastado da contenda legislativa, deixando tudo em banho-maria; como se fosse uma reação do estilo não me apetece pensar nisso; facto que sugere uma desistência e, porventura, uma desilusão, que, aliás, é acompanhada por uma descida generalizada das avaliações dos líderes políticos, tendo desaparecido todas as médias positivas, incluindo a do Presidente da República, outrora frequente, com exceção da do primeiro-ministro.
2. Gouveia e Melo volta a ganhar em toda a linha. E com bastante distância dos adversários. E isto acontece quando são sugeridos vários candidatos possíveis, mas também nos diversos cenários de segunda volta. Ganha a todos de forma fácil. Será que esta vitória fácil por parte de um candidato pouco conhecido politicamente se explica apenas, não tanto por ser militar, mas mais por não ter nada a ver com os partidos políticos e estar ligado a uma ideia de disciplina, ou de autoridade? Será que este seu voto um pouco no escuro se faz por negação, ou seja, por atitude contra os candidatos ligados a partidos políticos?
Este posicionamento contra a política ou os políticos, se for verdadeiro, dá que pensar. Em primeiro lugar, no porquê. Já não é a primeira vez que essa reflexão é feita. Mas eu atrevo-me a fazer outra pergunta talvez mais original: será que Gouveia e Melo vai passar a personificar o antissistema em detrimento de um Chega, agora um pouco mais esgotado, que usou essa bandeira para chegar onde chegou? E, já agora: se assim for, será que a eleição de Gouveia e Melo está assegurada, por mais esforços e habilidades que os partidos políticos façam, ou por mais forte que seja algum dos candidatos encontrados, convencido de que vai inverter a tendência das sondagens tal como fez Mário Soares em 1986?
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