Contrastando com o ambiente sombrio a nível internacional, esta foi uma semana rosa para o governo. Porque, de facto, foi boa para o país: o Orçamento do Estado 2017 foi aprovado pela Comissão Europeia, que foi obrigada a retirar a ameaça de suspensão dos fundos e vai deixar sair Portugal do procedimento por défice excessivo. Cereja em cima do bolo: o PIB cresceu no último trimestre acima das expectativas mais otimistas, alicerçado em aumentos tanto do consumo interno, como das exportações. A "geringonça" está, assim, a desfazer a malvada TINA ("there is no alternative") com que nos asfixiou a direita austeritária: mostra que compensa devolver dinheiro ao bolso dos cidadãos, incentivar empreendedores e defender os interesses nacionais em Bruxelas.
Mas a saga da CGD continuou a dar falatório. O governo conseguiu o que era mais difícil e importante – assegurar a autorização da recapitalização do banco público pela Comissão Europeia – mas deixou que se instalasse apreensão com as condições ilegais e indecorosas que (alguém) admitiu conceder aos novos administradores. Mais de metade dos portugueses considera que a corrupção é um dos principais problemas do país, segundo recente barómetro da Transparência Internacional. Ora, é óbvio que só podem ficar muito preocupados se gestores do banco público querem sonegar-se ao controlo público de rendimentos e patrimónios.
A CGD, como banco do Estado, precisa certamente de gestão profissional e independente que a ponha a prosseguir os interesses dos acionistas, que somos todos nós. A banca vive da confiança: mas podem ainda estes administradores inspirar alguma? Substituir estes senhores é já inevitável, imperativo. Mais: justifica-se pedir à Autoridade Tributária e à Procuradoria-geral da República que investiguem se há espinhos que expliquem tão encarniçada opacidade.n
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