A trégua pascal na campanha eleitoral termina hoje. Eles andam aí, já amanhã. Eles: os líderes partidários e o exército do telecomentariado. De novo ocuparão os ecrãs para alegria de administradores e directores de informação das empresas televisivas que não querem gastar dinheiro em notícias e, em especial, em jornalismo de investigação. Os partidos e os media protagonizam em excesso os líderes, empobrecendo a política. Cada partido tem centenas de candidatos, mas resume a política mediática ao chamado “candidato a primeiro-ministro”, caso do egocêntrico chefe do gigantesco Livre, que atribui a si mesmo essa denominação ao mesmo tempo que se propõe para ministro da Educação de hipotética geringonça. Os partidos tiram alguma vantagem da personalização — conhecida há milénios nas alegorias dos valores morais ou, mais prosaicamente, na actual representação publicitária dos produtos por pessoas; mas tem perigos, como a escolha de um líder que afaste muitos eleitores ou tenha pecadilhos passados. A revelação desses passados tem sido função quase exclusiva da imprensa, pois as instituições do Estado não cumprem essa verificação, como a anedótica Entidade para a Transparência. E assim chegamos a três semanas das eleições com os líderes dos dois maiores partidos sob suspeição pelo menos mediática de pecados ou pecadilhos. Depois de Montenegro, calhou agora a vez a Pedro Nuno Santos, não pela compra e venda de casas mas, segundo o ‘Nascer do Sol’, em consequência de denúncia relacionada com a empresa do pai que “celebrou contratos públicos com o Estado enquanto Pedro Nuno Santos estava no Governo”. Esta realidade factual foi, porém, ignorada pelo exército do comentariado e até por redacções. Preferiram a versão “oficial” do Rato: seria uma cabala do Ministério Público, estava tudo esclarecido (só mencionam o caso das casas), há uma conspiração contra Santos e o PS, vejam o momento em que isto aparece, e repetiram à exaustão nos ecrãs que Santos foi extremamentissimamente eficaz e rápido no esclarecimento — apesar de na declaração “ao país” nada ter dito sobre o caso da empresa do pai. O líder do PS tem o direito à presunção de inocência como qualquer um de nós, mas partidos da oposição e exército comentatório não a respeitaram a propósito do primeiro-ministro e agora o PS e Pedro Nuno Santos estão a provar do mesmo veneno que aplicaram a Montenegro. Que o PS reagisse como reagiu, ele que afastou João Cravinho (1936-2025) da ribalta pelo seu combate à corrupção, já se esperava; que o comentariado e metade dos jornalistas ignorem os factos e incensem à pressa o líder do PS é que é bem triste. Abrem caminho ao Chega, mas depois queixar-se-ão da votação no Chega.
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