No futebol português, nada se perde, nada se cria: é sempre a mesma porcaria. Agora são as imagens do vídeo-árbitro que ora servem, ora não servem, ora se diz coincidirem com o jogo, ora se dizem manipuladas. E basta tirar uma imagem da sequência.
O criminoso de guerra Slobodan Praljak suicidou-se em pleno julgamento no Tribunal Internacional de Guerra para a ex-Jugoslávia. Ironia, o suicídio é, e bem, a mais evitada realidade pelo jornalismo, mas este caso ocorreu num tribunal — e em directo.
Tal como a ERC socratinista, a Comissão Nacional de Protecção de Dados extravasou competências para censurar o relatório da Comissão de Inquérito a Pedrógão, que desagradava ao governo. É a mesma tendência pró-fascista do Estado ao serviço do governo.
O reality game show chama-se ‘Naked & Afraid’, nus e com medo. Atiram concorrentes nus para a Amazónia. Digitalizam as partes pudibundas (para o espectador não estão nus). Estão "sós" — com inúmeras equipas técnicas, médicos, etc. A estupidez é total.
O vulcão ‘Agung’ na Indonésia entra em erupção? Coitados dos turistas! Pobres empresários estrangeiros! Malvadas companhias aéreas! As notícias sobre o caso foram totalmente etnocêntricas: só interessaram as consequências para os ocidentais veraneantes.
Mais uma imagem de miúdos estudantes transformou-se em notícia: desta vez foi uma ratazana que resolveu estudar o ambiente numa escola almadense. Bem alimentada (decerto não na cantina), a rata mostrou à-vontade para prosseguir os estudos.
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Tendências
Música: Como a TV tem mais terror do silêncio do que da falta de imagens, cresce a nefasta moda ou mania de encher reportagens com música. Às vezes são quase meia dúzia por noticiário. Serve para criar melodrama e tapar momentos sem palavras. E é uma maneira de os jornalistas darem a sua opinião por portas travessas, através da música, que, em vez de melhorar a reportagem, piora-a.
Descalabro: O secretário-geral da CGTP falando e aplaudido num plenário de trabalhadores da Impresa (SIC, etc.)? Impensável há uns anos. Mas o desespero nalguns media, dos proprietários aos empregados, tornou a cena possível. O grupo de Balsemão, sempre tão ciente do controlo dos seus media, prepara-se para vender um monte de revistas a um grupo desconhecido com um suspeito testa-de-ferro. Tudo péssimo.
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Também me chocou que no Fundão tivessem visto a divulgação do caso como um "ataque" ao povo
Em Gouveia e Melo pressente-se a irascibilidade, a falta de preparação mínima, os acessos de cólera.
A ideologia do ofendidismo woke contribuiu para abalar a reputação do jornalismo, de todo ele.
Noutros tempos, falava-se e vivia-se politicamente com um leque amplo de conceitos; passámos a dois.
Mercantilização de debates é lamentável por parte da SIC e TVI, mas é repugnante no caso da RTP.
Eu tinha 15 anos quando li a 6 de janeiro de 1973 a primeira edição do 'Expresso'.