Um militar barricou-se num posto da GNR. Não aceitava ser preso, não aceitava cumprir os treze anos que a Justiça determinou. Já isto seria grave. Mas há um detalhe que pesa mais: este homem estava em funções. Continuava a ser militar, a vestir a farda e a servir o País, como se a sentença fosse um parecer facultativo. Parece anedota de mau gosto, mas não é humor - é lentidão. Lentidão de uma Justiça disciplinar que caminha atrás da realidade, sempre a recuperar fôlego, a chegar depois. Uma Justiça que condena, mas não afasta; que decide, mas não executa; que proclama autoridade enquanto permite a sua própria erosão. Quando um condenado continua armado de legitimidade institucional, a questão já não é apenas legal. É simbólica. O Estado hesita, e nessa hesitação perde-se algo essencial: a ideia de que a lei não é decorativa. Porque a Justiça que tarda não é apenas injusta - é perigosa.
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O Estado hesita, e nessa hesitação perde-se algo essencial: a ideia de que a lei não é decorativa. Porque a Justiça que tarda não é apenas injusta - é perigosa.
Mariana provou que a justiça não é para todos.
Quem é chamado a gerir o que é de todos deve aceitar sem reservas o escrutínio.
Enquanto o debate público insistir na culpa da vítima e não na responsabilidade coletiva, continuaremos a falhar - às mulheres, às crianças e à própria ideia de justiça.
Quando estão em causa políticos, a prioridade deveria ser sempre a clareza, a confiança e a responsabilização.
Quando uma decisão de inconstitucionalidade acontece, o debate devia a ser outro.
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