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PSD vai reunir, a 17 e 18 de Março, em congresso. Para a opinião pública tem passado a ideia de se tratar de um conclave irrelevante, que tem como objectivo uma mera alteração estatutária. Nada de mais errado. Este congresso vai decidir muito do futuro imediato da democracia representativa em Portugal.

Vai mostrar se o maior partido da Oposição consegue ter um comportamento ético no tratamento das suas questões internas, compatível com o discurso de defesa da transparência na vida pública que tanto tem apregoado. Vai provar se é ou não possível reformar por dentro um sistema partidário apodrecido e caduco. Vai, inevitavelmente, semanas depois, fazer eleger por sufrágio directo dos militantes um líder que será, ao contrário da opinião de alguns, candidato a primeiro-ministro nas próximas eleições legislativas.

Ora, para o PSD e para a importância que este partido tem para a democracia, o processo não está a começar bem. A realização do congresso foi anunciada a uma quarta-feira e no sábado seguinte foi realizado um rateio de delegados por concelho de acordo com o número de militantes com quotas pagas até àquela data. Ou seja, foram dados três escassos dias para que mais de 100 mil militantes actualizassem as suas quotas, que lhes permitam participar no conclave.

Assim, parte-se para um processo decisivo da vida interna de um partido com fortes raízes democráticas com apenas cerca de 17 por cento dos seus membros em condições de tomar decisões sobre o futuro de médio/longo prazo! E isto acontece num partido de poder! À mulher de César não basta ser séria, tem de parecer. Como dizia Sá Carneiro, “a política sem ética é uma vergonha”.

É óbvio que, face a este frenesim, muitos poderão suspeitar que entre os 17 por cento de militantes com quotas em dia poderão estar muitos que, próximos da actual liderança, tiveram acesso a informação privilegiada. E só assim puderam regularizar a sua situação.

Posto isto, pergunto: com que autoridade podemos continuar a criticar aqueles que ainda insistem no método de eleição de braço no ar?

É crucial para o PSD que esta falta de transparência aparelhista seja corrigida e que o líder a eleger por sufrágio directo e universal possa ser escolhido com a participação da quase totalidade dos mais de 100 mil militantes inscritos nos cadernos eleitorais.

Seria imperdoável, e uma mancha na nossa credibilidade política que, mais uma vez administrativamente, se circunscrevesse a participação a meia dúzia de fiéis previamente informados.

Finalmente um esclarecimento: o líder agora eleito vai mesmo ser candidato a primeiro-ministro. Primeiro, porque terá dois anos para consolidar o seu poder interno. Segundo, porque nenhum partido arrisca mudar de liderança antes de eleições.

Eu sei que ser líder do PSD com três anos e meio de Oposição pela frente não é um caminho atractivo. Mas é um caminho estimulante. Espero que o PSD prove que é um partido de bases, reformador, corajoso, irreverente e com ideias claras para o futuro de Portugal

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