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Armando Esteves Pereira

Armando Esteves Pereira

Diretor-Geral Editorial Adjunto

Ricochete de 2300 euros

28 de setembro de 2025 às 00:31

O governo anunciou um pacote de habitação com boas intenções, mas já está a ser vítima de ricochete político, por falta de conhecimento da realidade social deste país. Ao dar benefícios fiscais a senhorios que pratiquem rendas até 2300 euros e a considerar esse o limite da moderação, está a esquecer-se que o salário médio líquido mensal é inferior a 1300 euros. E com excepção dos eixos Lisboa-Cascais, Porto-Matosinhos e de alguns empreendimentos no Algarve  haverá em Portugal um número pouco significativo de rendas acima daquela bitola. Os valores exigidos pelos contratos de locação de casa disparam nos últimos anos, mas a média, mesmo em Lisboa, está muito abaixo dos 2000 euros, o que é normal num país onde grande parte dos salários ronda os mil euros. O problema de habitação é mesmo o de as famílias com rendimento médio terem dificuldade em encontrar uma habitação digna a preços justos, quer para comprar , quer para arrendar. Na última meia dúzia de anos os preços dispararam para dimensões pornográficas. Até há 15 anos qualquer família com rendimento médio, com juros mais altos do que agora, conseguia comprar uma casa digna, se não fosse no local mais desejado, seria noutro a poucas dezenas de quilómetros. Esse sonho tornou-se impossível . Quanto aos 2300 euros há quem defenda que a proposta do governo tenderá a subir as rendas até esse limite. Tal como aconteceu com a isenção do IMT aos jovens que subiu os preços das habitações, também é possível que isso aconteça agora. Mas a verdade é que as casas estão caras, porque a oferta é pouca e a procura é muita e enquanto não houver equilíbrio os preços continuarão pressionados. 

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