Por estes dias, alguns socialistas vão afagando a consciência com a ideia de que Sócrates não faliu o País, pelos idos de 2011, porque o efeito da crise das dívidas soberanas foi devastador. Afinal, Merkel, a OCDE e o FMI recomendaram o recurso ao investimento público. Percebe-se que seja difícil enfrentar o facto de que o ex-líder do seu partido seja julgado por 22 crimes, de corrupção a fraude fiscal.
O silêncio ruidoso sobre o tema e o dizer, baixinho, que ele pode ter sido uma vítima das circunstâncias, são sintomáticos dessa dificuldade em engolir um sapo destes. O registo de cumplicidade com os desmandos de Sócrates é óbvio: a esmagadora maioria dos barões socialistas da época ficou caladinha. Agora, perante o julgamento, a atitude do próprio, o espetáculo patético de distorcer a realidade, a tentar integrá-la na sua narrativa, seria bom que avançassem alguma coisa. Não basta criticar a justiça e a crise. Não basta admitir em murmúrio, como fazem alguns perante as evidências, que faltou a dimensão ética da política. Não basta este branqueamento enviesado que aparece de vez em quando. E não basta porque Sócrates não faliu apenas o País. Sócrates roubou o País. Para entender isso, qualquer cidadão médio, que representa a bitola interpretativa do direito e da política para apreender a realidade, não necessita do julgamento nem da verdade judicial. Basta-lhe o juízo político e da experiência da vida. Mas o PS parece não sair da mesma velha página.
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