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GNR PUXA MANCEBOS

Os jovens voluntários que integrarem as fileiras do Exército, depois de terminar o Serviço Militar Obrigatório, em Novembro, podem vir a ter entrada directa nos quadros da GNR ao fim de alguns anos se assim o desejarem. A medida dos ministérios da Defesa e da Administração Interna faz parte do programa de incentivos aos voluntários para as Forças Armadas e deverá ser discutida num dos próximos Conselhos de Ministros.

18 de março de 2004 às 00:00

Porém, e ainda antes de garantir a entrada de qualquer mancebo, o projecto já merece a contestação das três associações da GNR. Uma união inédita que se traduz até no facto de todas terem pedido audiências urgentes ao ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes.

"Julgamos que é importante, antes de decidir, efectuar alguns estudos. Não queremos que esta medida, além de não resolver o problema dos voluntários das Forças Armadas, possa vir a criar dificuldades à GNR", defende Bruno Victorino, da Associação de Oficiais da GNR.

Na origem da preocupação está uma outra medida em estudo a nível governamental, que aponta no sentido de a renovação do efectivo da GNR vir a ser feita exclusivamente com recurso ao Exército. A Guarda tem cerca de 26 mil militares e, para manter o efectivo, precisa de quase 1100 novos elementos por ano.

"Parece que os políticos querem que sejamos o quarto ramo das Forças Armadas. Em vez de uma GNR como força policial, parece que estamos a caminhar no sentido contrário. Este é o ataque mais grave à instituição", considera José O'Neill, da Associação de Sargentos.

O projecto terá que ir ainda a Conselho de Ministros, mas há aspectos por definir. Desde logo, saber se a entrada directa na GNR pode vir a ocorrer após os dois anos de serviço ou apenas depois do primeiro contrato com o Exército.

"Isto é ao arrepio de tudo. Chegar à GNR após sete anos no Exército pode até ser perigoso para o cidadão. Mistura-se Defesa, onde há um conceito de inimigo, com Segurança Interna, onde não há", avisa José Manageiro, da Associação dos Profissionais da Guarda.

VOLUNTÁRIOS MARCHAM EM NOVEMBRO

O Serviço Militar Obrigatório vai terminar em Novembro deste ano e dará lugar a umas Forças Armadas profissionalizadas. No entanto, e apesar de a Marinha e a Força Aérea já garantirem um número de voluntários suficientes, existem algumas preocupações quanto ao total de jovens que irão ingressar nas fileiras do Exército. Os incentivos ao voluntariado, quer na carreira militar quer noutras áreas, visam acima de tudo assegurar aos mancebos voluntários alguma garantia de carreira a longo prazo.

O projecto da passagem de militares de qualquer ramo das Forças Armadas para a GNR, ao fim de dois anos e se quiserem, está na lógica de tranquilidade na carreira. Apesar de ser uma força policial, a GNR mantém um carácter militar em termos de hierarquia, horários de trabalho e até de associativismo dos militares. A PSP, outra força de segurança também dependente do Ministério da Administração Interna, já admitiu a existência de sindicatos, mas sem direito à greve.

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