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Marcelo avalia cenário político para decidir recandidatura a Belém

Chefe de Estado diz que só se candidatou há três anos porque “havia esquerda a mais”. Visita a Angola reforça popularidade.

10 de março de 2019 às 01:30
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Marcelo avalia cenário político para decidir recandidatura a Belém

O Presidente da República fez ontem em Luanda o balanço dos três anos de mandato e deixou escapar que uma eventual recandidatura a Belém estará dependente do cenário político pós-legislativas. No último dia da visita oficial a Angola, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que "o seguro de vida do Governo foi o apoio parlamentar" e surpreendeu ao dizer que há realidades em que é cavaquista.

No dia em que celebrou três anos da tomada de posse, o tema da recandidatura voltou a surgir. Sem desfazer o tabu, Marcelo fez saber que quer ter a noção de que é a pessoa em melhores condições para cumprir a missão naquele momento. "Foi isso que me determinou quando avancei há três anos. Foi olhando para o retrato do País, entender na altura um País dividido entre direita e esquerda e que era preciso fazer a ponte. E esta devia ser feita a partir da direita e não da esquerda, porque seria esquerda a mais." Marcelo quer perceber a conjuntura política que sairá das legislativas de outubro.

Apesar de reconhecer que a saúde é essencial para o cargo, explicou que irá avaliar o cenário político: "Vamos esperar para ver qual é a situação que é vivida para saber se não há ninguém. Se houver alguém em melhores condições, cessa aquilo que é o meu dever moral de cumprir a missão."

Na Escola Portuguesa de Luanda e rodeado de dezenas de portugueses, Marcelo acabou por surpreender com uma pequena provocação ao antecessor. "Cavaco Silva gostava de celebrar os anos de mandato junto das comunidades. Há realidades em que sou cavaquista", afirmou, arrancando uma gargalhada geral e aplausos.

Quanto às relações institucionais com o Executivo de António Costa, o Chefe de Estado reconheceu que o facto de conhecer há muitos anos o primeiro-ministro "facilita a cooperação". Mas deixou a garantia: "O seguro de vida do Governo foi a sua base de apoio parlamentar."

PORMENORES

Parpública e privatizações

Durante a visita de Estado que Marcelo fez a Angola ficou estabelecido que a empresa estatal portuguesa Parpública vai assessorar tecnicamente o Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado angolano na preparação dos dossiês para o processo de privatizações em Angola.

178 milhões já pagos

Foi um dos temas da visita. Ficou a saber-se que Angola já pagou 178 milhões de euros da dívida certificada às empresas portuguesas e estão em processo de certificação outros 170 milhões. Globalmente, as firmas portuguesas reclamam 400 a 500 milhões de euros.

11 acordos de cooperação

Portugal e Angola assinaram durante a visita de Marcelo 11 protocolos de cooperação, fazendo subir para 35 os instrumentos deste âmbito entre os dois países, em áreas como a economia, a organização administrativa ou a Justiça.

Governos criam uma comissão permanente

A primeira reunião da Comissão Ministerial Permanente, que envolve os governos liderados por António Costa e João Lourenço, vai realizar-se em Luanda, até ao final de junho, com o propósito de avaliar a implementação dos acordos de cooperação entre os dois países nos domínios económico, político ou da Justiça. Um segundo encontro será depois realizado em Lisboa, ainda em 2019.

Preferência angolana só revelada ao travesseiro

"Pena tenho eu de não ser possível percorrer todo o interior angolano." A deixa estava lançada. Marcelo Rebelo de Sousa tem uma forte ligação ao país, primeiro porque o avô criou uma das primeiras casas comerciais do país. Depois, porque o pai foi governador em Moçambique, então província ultramarina, e na viagem que o agora Chefe de Estado fazia para lá eram habituais as paragens em Angola.

Marcelo Rebelo de Sousa acabou por concluir que para tal "teria de convencer a Assembleia da República a uma longa permanência em Angola, o que suscitaria pequenos problemas políticos". "Podia ser interpretado por uma preferência do Presidente por Angola e há coisas que um Presidente não pode dizer senão ao travesseiro, e mesmo aí com muito cuidado", brincou.

De manhã, Marcelo visitou também a Fortaleza de São Miguel, em Luanda, onde está localizado o Museu Militar. É nesse espaço que estão presentes várias imagens que retratam a violência extrema da guerra colonial.

Em setembro, na visita do primeiro-ministro a Luanda, António Costa foi confrontado com a herança pesada do colonialismo, acabando por dizer à saída que "o passado fica no museu".

Marcelo foi ‘poupado’ à intensidade de tais imagens e os jornalistas foram deslocados para o Palácio da Cidade Alta, para o encontro de despedida entre Marcelo e João Lourenço, antes do final da visita a este espaço.

Cardeal emérito de Luanda foi surpreendido

Não estava no programa e só em cima da hora foi anunciada: o Chefe de Estado português aproveitou a cerimónia oficial de despedida no Palácio da Cidade Alta para se deslocar a um edifício contíguo e reunir por alguns minutos com o cardeal emérito de Luanda, D. Alexandre do Nascimento. Foram uns curtos minutos, mas de enorme simbolismo.

Visita foi um êxito para deputados

Os deputados que acompanharam a visita de Estado do Presidente da República a Angola foram unânimes em considerar que a mesma foi coroada de êxito. Lara Martinho (PS), Fernando Negrão (PSD), Maria Manuel Rola (BE), Nuno Magalhães (CDS/PP) e João Oliveira (PCP) acompanharam Marcelo.

Capoulas revela mais cooperação 

O ministro da Agricultura português, Luís Capoulas Santos, afirmou este sábado, em Luanda, que o próximo passo da cooperação no domínio agrícola entre Portugal e Angola é dotar as autoridades sanitárias locais com capacidade para produzir vacinas para animais e plantas.

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