Chefe de Estado diz que só se candidatou há três anos porque “havia esquerda a mais”. Visita a Angola reforça popularidade.
Marcelo avalia cenário político para decidir recandidatura a Belém
O Presidente da República fez ontem em Luanda o balanço dos três anos de mandato e deixou escapar que uma eventual recandidatura a Belém estará dependente do cenário político pós-legislativas. No último dia da visita oficial a Angola, Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda que "o seguro de vida do Governo foi o apoio parlamentar" e surpreendeu ao dizer que há realidades em que é cavaquista.
No dia em que celebrou três anos da tomada de posse, o tema da recandidatura voltou a surgir. Sem desfazer o tabu, Marcelo fez saber que quer ter a noção de que é a pessoa em melhores condições para cumprir a missão naquele momento. "Foi isso que me determinou quando avancei há três anos. Foi olhando para o retrato do País, entender na altura um País dividido entre direita e esquerda e que era preciso fazer a ponte. E esta devia ser feita a partir da direita e não da esquerda, porque seria esquerda a mais." Marcelo quer perceber a conjuntura política que sairá das legislativas de outubro.
Apesar de reconhecer que a saúde é essencial para o cargo, explicou que irá avaliar o cenário político: "Vamos esperar para ver qual é a situação que é vivida para saber se não há ninguém. Se houver alguém em melhores condições, cessa aquilo que é o meu dever moral de cumprir a missão."
Na Escola Portuguesa de Luanda e rodeado de dezenas de portugueses, Marcelo acabou por surpreender com uma pequena provocação ao antecessor. "Cavaco Silva gostava de celebrar os anos de mandato junto das comunidades. Há realidades em que sou cavaquista", afirmou, arrancando uma gargalhada geral e aplausos.
Quanto às relações institucionais com o Executivo de António Costa, o Chefe de Estado reconheceu que o facto de conhecer há muitos anos o primeiro-ministro "facilita a cooperação". Mas deixou a garantia: "O seguro de vida do Governo foi a sua base de apoio parlamentar."
PORMENORES
Parpública e privatizações
Durante a visita de Estado que Marcelo fez a Angola ficou estabelecido que a empresa estatal portuguesa Parpública vai assessorar tecnicamente o Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado angolano na preparação dos dossiês para o processo de privatizações em Angola.
178 milhões já pagos
Foi um dos temas da visita. Ficou a saber-se que Angola já pagou 178 milhões de euros da dívida certificada às empresas portuguesas e estão em processo de certificação outros 170 milhões. Globalmente, as firmas portuguesas reclamam 400 a 500 milhões de euros.
11 acordos de cooperação
Portugal e Angola assinaram durante a visita de Marcelo 11 protocolos de cooperação, fazendo subir para 35 os instrumentos deste âmbito entre os dois países, em áreas como a economia, a organização administrativa ou a Justiça.
Governos criam uma comissão permanente
A primeira reunião da Comissão Ministerial Permanente, que envolve os governos liderados por António Costa e João Lourenço, vai realizar-se em Luanda, até ao final de junho, com o propósito de avaliar a implementação dos acordos de cooperação entre os dois países nos domínios económico, político ou da Justiça. Um segundo encontro será depois realizado em Lisboa, ainda em 2019.
Preferência angolana só revelada ao travesseiro
"Pena tenho eu de não ser possível percorrer todo o interior angolano." A deixa estava lançada. Marcelo Rebelo de Sousa tem uma forte ligação ao país, primeiro porque o avô criou uma das primeiras casas comerciais do país. Depois, porque o pai foi governador em Moçambique, então província ultramarina, e na viagem que o agora Chefe de Estado fazia para lá eram habituais as paragens em Angola.
Marcelo Rebelo de Sousa acabou por concluir que para tal "teria de convencer a Assembleia da República a uma longa permanência em Angola, o que suscitaria pequenos problemas políticos". "Podia ser interpretado por uma preferência do Presidente por Angola e há coisas que um Presidente não pode dizer senão ao travesseiro, e mesmo aí com muito cuidado", brincou.
De manhã, Marcelo visitou também a Fortaleza de São Miguel, em Luanda, onde está localizado o Museu Militar. É nesse espaço que estão presentes várias imagens que retratam a violência extrema da guerra colonial.
Em setembro, na visita do primeiro-ministro a Luanda, António Costa foi confrontado com a herança pesada do colonialismo, acabando por dizer à saída que "o passado fica no museu".
Marcelo foi ‘poupado’ à intensidade de tais imagens e os jornalistas foram deslocados para o Palácio da Cidade Alta, para o encontro de despedida entre Marcelo e João Lourenço, antes do final da visita a este espaço.
Cardeal emérito de Luanda foi surpreendido
Não estava no programa e só em cima da hora foi anunciada: o Chefe de Estado português aproveitou a cerimónia oficial de despedida no Palácio da Cidade Alta para se deslocar a um edifício contíguo e reunir por alguns minutos com o cardeal emérito de Luanda, D. Alexandre do Nascimento. Foram uns curtos minutos, mas de enorme simbolismo.
Visita foi um êxito para deputados
Os deputados que acompanharam a visita de Estado do Presidente da República a Angola foram unânimes em considerar que a mesma foi coroada de êxito. Lara Martinho (PS), Fernando Negrão (PSD), Maria Manuel Rola (BE), Nuno Magalhães (CDS/PP) e João Oliveira (PCP) acompanharam Marcelo.
Capoulas revela mais cooperação
O ministro da Agricultura português, Luís Capoulas Santos, afirmou este sábado, em Luanda, que o próximo passo da cooperação no domínio agrícola entre Portugal e Angola é dotar as autoridades sanitárias locais com capacidade para produzir vacinas para animais e plantas.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.