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Marcelo defende que houve "estabilidade apreciável" em Portugal nos seus mandatos

Abordaram-se ainda as dissoluções do parlamento, que afirmou terem sido indesejadas, por fatores fora do controlo e a terceira "totalmente alheia" à sua vontade.

28 de setembro de 2025 às 19:20

O Presidente da República defendeu este domingo que houve "estabilidade apreciável" em Portugal nos seus mandatos, apesar das dissoluções do parlamento, que afirmou terem sido indesejadas, por fatores fora do seu controlo e a terceira "totalmente alheia" à sua vontade.

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu esta posição em declarações aos jornalistas durante a oitava e última Festa do Livro no Palácio de Belém, em Lisboa, quando fazia um balanço desta iniciativa, a propósito das críticas que lhe foram dirigidas por António Sampaio da Nóvoa em entrevista ao Jornal de Notícias e à TSF.

Questionado sobre as críticas pelas "três bombas atómicas" nos seus mandatos, que Sampaio da Nóvoa qualificou como "uma violência democrática absolutamente imensa" que foi "pasto fértil para estes populismos", o chefe de Estado começou por expressar admiração pelo antigo candidato presidencial, que foi seu adversário em 2016.

"Eu não costumo comentar figuras da vida política portuguesa, e muito menos uma pessoa que eu admiro muito, que ainda por cima foi meu adversário há dez anos, e que eu admiro e que acho que tem perfil para poder ser Presidente da República. Depois não quis candidatar-se mais, mas tinha perfil", considerou.

Depois, Marcelo Rebelo de Sousa falou das suas três dissoluções, justificando-as uma por uma, comparou a situação política portuguesa dos últimos anos com as de outros países europeus e assinalou o tempo de convivência que teve com o anterior primeiro-ministro, António Costa.

"Portugal tem tido uma estabilidade apreciável, porque em dez anos teve verdadeiramente dois primeiros-ministros, um dos quais oito anos e meio. É uma apreciável estabilidade", defendeu.

O Presidente da República referiu que "foi possível haver uma coabitação de um Governo [do PS] o mais à esquerda da democracia portuguesa depois da revolução com um Presidente de direita", frisou que conviveu com o mesmo primeiro-ministro "durante oito anos e meio", e comentou: "Se isto não é estabilidade, não sei o que é estabilidade".

Esse período de governação do PS decorreu "com uma pandemia pelo meio, com uma guerra pelo meio, com crise económica pelo meio" e seguiram-se "dois anos e tal de convivência" com a atual governação PSD/CDS-PP chefiada por Luís Montenegro, prosseguiu.

No seu entender, "os sistemas políticos estão todos muito em crise, nomeadamente os europeus, e Portugal tem aguentado mais do que a generalidade dos sistemas políticos europeus".

Quanto ao seu papel nos últimos nove anos e meio, em que decretou três dissoluções do parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa disse: "É natural que quem discorda de mim, sempre discordou e discordará entenda que eu sou responsável por isso".

"Fez-se o que se pode, ninguém é perfeito, mas era muito difícil", acrescentou.

Sobre a sua primeira dissolução, justificou: "Aconteceu, pura e simplesmente contra minha vontade, porque foi chumbado o Orçamento [para 2022] e porque não havia maneira de votar outro Orçamento em tempo útil".

Segundo o chefe de Estado, os portugueses deram-lhe razão, "quando deram maioria absoluta a um partido", o PS, concordando que "aquela situação era instável".

"A segunda dissolução ocorre depois de um facto que eu não pude controlar, que é a vontade do primeiro-ministro [António Costa], por razões que explicou e que eu respeitei, de entender que eu não tinha condições para continuar e querer sair, e queria sair ao mesmo tempo da liderança do partido", apontou.

Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "era um bocadinho difícil que pudesse ser primeiro-ministro alguém que não era do partido", que além do mais viria entretanto a ter "um líder diferente".

Na sua opinião, também aí os portugueses "deram razão" ao Presidente, "na medida em que escolheram uma solução diferente", considerando que "30 anos era de mais de um determinado partido".

"E a terceira foi totalmente alheia à minha vontade, totalmente, porque aí foi uma escolha do primeiro-ministro [Luís Montenegro]. E eu tive conhecimento, como os portugueses todos, dessa escolha. Entendia que devia reforçar a sua maioria", enquadrou.

"E os portugueses reforçaram. Portanto, aí não me deram razão a mim, deram razão ao primeiro-ministro. Eu a terceira, supondo que é uma bomba atómica, não me pode ser atribuída minimamente", sustentou.

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