Votação das moções de estratégia global decorrerá este sábado entre as 22h30 e as 02h00 deste domingo.
Figuras do "portismo" marcaram presença em força no 29.º Congresso do CDS-PP, que ficou este sábado marcado pelo apoio do antigo líder Manuel Monteiro a Nuno Melo mas, entre apelos à união, ficaram ainda patentes as feridas internas.
Logo à chegada espaço do Multiusos de Guimarães, a conduzir uma Renault 4L antiga, Nuno Melo foi recebido com aplausos, que se repetiram quando entrou na sala, ouvindo também "Nuno, Nuno" por grande parte dos delegados, de pé, em contraste com a receção mais morna a que teve direito o líder cessante, Francisco Rodrigues dos Santos, poucos minutos antes.
No seu discurso, o candidato assegurou que, se for eleito, acabará com "processos autofágicos e pouco inteligentes de purificação doutrinária", apelando à união e ao regresso ao partido de militantes como António Pires de Lima ou Adolfo Mesquita Nunes.
Em apoio a Nuno Melo, e já depois de algumas intervenções, o antigo líder parlamentar Pedro Mota Soares destacou a "coragem" para avançar no atual momento do CDS-PP, e pediu que o partido não perca tempo com "amarguras ou azedumes", que ficaram contudo patentes ao longo de sucessivas intervenções.
No interior e no exterior do Pavilhão Multiusos de Guimarães, João Rebelo, ex-deputado e antigo secretário-geral, a ex-deputada Cecília Meireles, o antigo chefe de gabinete do ex-ministro Paulo Portas, antigo líder, Bourbon Ribeiro, o ex-líder parlamentar Nuno Magalhães, entre outras figuras do partido, da atual e da anterior direção, também marcaram presença.
Manuel Monteiro, que não discursava num Congresso do CDS desde janeiro de 2002, quando apresentou uma moção à liderança contra Paulo Portas, e perdeu, procurou dar ânimo aos congressistas num discurso programático de cerca de 30 minutos, recebendo aplausos.
Antes de Manuel Monteiro subir ao palco, já Nuno Melo o tinha ido cumprimentar ao lugar.
Apelos à união, e a que o partido fale "para fora e para o futuro" num momento em que perdeu a representação na Assembleia da República e em que cessa a liderança de Francisco Rodrigues dos Santos, pontuaram os discursos dos apoiantes de Melo, mas ao longo da tarde ficaram patentes as divisões e algum ressentimento pelo passado recente do partido.
No seu discurso de despedida, o líder cessante, Francisco Rodrigues dos Santos, afirmou querer "hastear a bandeira da união" e assegurou que não faria "ajustes de contas", não deixando, no entanto, de apontar responsabilidades à oposição interna, que apelidou de "fogo amigo".
"Derrotámo-nos numa guerra interna sem precedentes, qual haraquíri partidário, onde o fogo amigo nos feriu de morte e nos alheou por completo do país", lamentou.
Filipe Lobo d`Ávila, que aceitou uma vice-presidência no congresso de 2020 (ganho por Rodrigues dos Santos) e saiu um ano depois, deixou uma "alfinetada" a Nuno Melo, dizendo que o eurodeputado teria sido "um belo candidato" há sete anos.
"Que belo candidato serias há 7 anos. Provavelmente teríamos tido a oportunidade de evitar muitos dos erros que se cometeram ao longo destes anos", declarou, defendendo que o CDS tem de "aprender verdadeiramente a lição com o que fez mal ao longo dos últimos anos".
"Se queremos iniciar um novo ciclo, não vale a pena atirar o pó para debaixo do tapete, é preciso sacudi-lo, falar dos problemas, dos erros" que, disse, "não foram exclusivos de Rodrigues dos Santos".
À tarde, a líder da distrital de Leiria, Rosa Guerra, lamentou os "ataques tumultuosos e constantes" que a direção sofreu ao longo do mandato por parte da oposição interna e considerou que esse foi um dos fatores que contribuiu para que o "partido tivesse o resultado que teve".
Antes, na apresentação da moção "Pelas mesmas razões de sempre", subscrita por líderes de 11 distritais, o presidente da estrutura de Aveiro criticou também o "clima de instabilidade deliberadamente criado nos últimos dois anos" e defendeu que, "para ter futuro o CDS tem de aprender a ser maior do que os seus conflitos".
Ao fim da tarde, surgiu a única vaia no primeiro dia do congresso. A dirigente do CDS-PP Margarida Bentes Penedo acusou a oposição interna de ter agido "contra o partido" e antigos dirigentes ligados à direção de Portas de atuarem neste congresso como "uns fingidores" e de estarem com "um ar solene" a fazer de conta que "querem unir o partido".
Bentes Penedo, membro da Comissão Política Nacional, admitiu que a direção que integrou pode ter tido falhas, mas disse não estar disposta a "dividir culpas e responsabilidades" e acusou a "fação derrotada [no anterior Congresso]" de nunca ter reconhecido a liderança de Francisco Rodrigues do Santos e de fazer "uma campanha de destruição ativa do CDS".
Nas palavras do presidente de José Manuel Pessanha, da Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos, que apresentou uma moção global: "Ou nos entendemos, ou isto acaba".
O advogado e membro do Conselho de Estado António Lobo Xavier manifestou também o seu apoio à candidatura de Nuno Melo à liderança do CDS-PP por entender que tem melhores condições para "reconstruir e unir" o partido.
"Sim, vou dar apoio a Nuno Melo. Acho que é o candidato que mais cedo deu sinal e que acho que está mais bem colocado para levar o CDS-PP aonde ele já esteve, que é num lugar fundamental na democracia portuguesa", afirmou António Lobo Xavier à entrada para o 29.º Congresso do partido, a decorrer em Guimarães, no distrito de Braga.
O membro do Conselho de Estado, que falava minutos depois do antigo líder do CDS-PP Manuel Monteiro ter manifestado o seu apoio a Nuno Melo, assumiu que este é o que está em "melhores condições para reconstruir e unir" o CDS-PP.
Esta reunião magna acontece dois meses depois das eleições legislativas de 30 de janeiro, nas quais o CDS-PP teve o pior resultado de sempre (1,6%) e perdeu pela primeira vez a representação na Assembleia da República.
São quatro os candidatos assumidos na corrida à liderança: Nuno Melo (eurodeputado e líder da distrital de Braga), Miguel Mattos Chaves, Nuno Correia da Silva (ambos vogais da Comissão Política Nacional) e o militante e ex-dirigente concelhio Bruno Filipe Costa.
A votação das moções de estratégia global decorrerá este sábado entre as 22h30 e as 02h00 de domingo.
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