"A adesão de Portugal à CEE foi para nós, para o nosso país e para os portugueses, um caso de sucesso", disse Vítor Martins.
O antigo secretário de Estado da Integração Europeia Vítor Martins defendeu que, há 40 anos, Portugal "saltou" para a então CEE e levou para o bloco europeu juventude, dimensão atlântica e um olhar para África.
"A adesão de Portugal à CEE [Comunidade Económica Europeia] foi para nós, para o nosso país e para os portugueses, um caso de sucesso e é preciso sublinhar sempre isso", afirmou, em entrevista à Lusa, o responsável pela pasta da Integração Europeia entre 1985 e 1995, nos três governos de Cavaco Silva.
O antigo governante considerou que "há um antes e um depois da adesão", formalizada em 01 de janeiro de 1986.
Desde logo, a entrada de Portugal, em simultâneo com Espanha, "significou a consolidação da democracia" -- o pedido de adesão foi feito em 1977 pelo governo de Mário Soares, apenas três anos depois da revolução do 25 de Abril, que pôs fim à ditadura.
"Era uma jovem democracia, turbulenta no início, e a adesão trouxe a consolidação da democracia e a opção definitiva por um modelo económico e social baseado em economia de mercado e livre iniciativa e em alta proteção social", lembrou.
O Portugal de então estava "profundamente atrasado, do ponto de vista infraestrutural, comunicações, saneamento básico, eletrificação" e a adesão "trouxe uma alavanca financeira e de apoio que permitiu modernizar o país com relativa rapidez", disse Vítor Martins, que publicou recentemente o livro "Viagem pela Integração Europeia".
Além disso, sublinhou, Portugal voltou a ter uma voz no contexto internacional.
"Portugal sempre reclamou ter vocação universal, mas durante o período em que vivemos em ditadura acabámos muito sós. A adesão à CEE abriu-nos essa grande janela para voltar a ter influência no mundo: nos países africanos de língua portuguesa, nos países da Ásia, de África, do Oeste da Europa", referiu.
Por seu lado, Portugal "acrescentou à Europa" uma relação com o mundo a que está ligado por laços históricos, como o caso da autodeterminação de Timor-Leste, processo em que o bloco europeu se envolveu por insistência de Lisboa.
O país levou também "dimensão atlântica", comentou. "Portugal é um país atlântico com alma mediterrânica".
Foi também pela mão de Portugal que a Europa ganhou um novo olhar e relação com África, ao organizar a primeira e a segunda cimeiras UE-África. "Foi um valor acrescentado importante", afirmou Vítor Martins.
O antigo responsável descreveu ainda que Portugal entrou "no ano em que disparou o aprofundamento da integração europeia", com a assinatura em 1986 do Ato Único Europeu.
Além disso, o antigo primeiro-ministro Cavaco Silva queria que Portugal estivesse, nas suas palavras, no "pelotão da frente" da integração europeia.
"Por isso eu digo que saltámos para dentro da CEE, porque, de facto, a CEE estava em movimento", disse.
Vítor Martins recordou as palavras do antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors (1985-1995), que afirmou que Portugal e Espanha "tinham levado juventude e energia, como é habitual nos cristãos-novos".
"O que ele queria dizer é estes países entraram e quase que eram mais papistas que o Papa, estavam com uma energia danada", gracejou.
Tem sugestões ou notícias para partilhar com o CM?
Envie para geral@cmjornal.pt
o que achou desta notícia?
concordam consigo
A redação do CM irá fazer uma avaliação e remover o comentário caso não respeite as Regras desta Comunidade.
O seu comentário contem palavras ou expressões que não cumprem as regras definidas para este espaço. Por favor reescreva o seu comentário.
O CM relembra a proibição de comentários de cariz obsceno, ofensivo, difamatório gerador de responsabilidade civil ou de comentários com conteúdo comercial.
O Correio da Manhã incentiva todos os Leitores a interagirem através de comentários às notícias publicadas no seu site, de uma maneira respeitadora com o cumprimento dos princípios legais e constitucionais. Assim são totalmente ilegítimos comentários de cariz ofensivo e indevidos/inadequados. Promovemos o pluralismo, a ética, a independência, a liberdade, a democracia, a coragem, a inquietude e a proximidade.
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza expressamente o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes ou formatos actualmente existentes ou que venham a existir.
O propósito da Política de Comentários do Correio da Manhã é apoiar o leitor, oferecendo uma plataforma de debate, seguindo as seguintes regras:
Recomendações:
- Os comentários não são uma carta. Não devem ser utilizadas cortesias nem agradecimentos;
Sanções:
- Se algum leitor não respeitar as regras referidas anteriormente (pontos 1 a 11), está automaticamente sujeito às seguintes sanções:
- O Correio da Manhã tem o direito de bloquear ou remover a conta de qualquer utilizador, ou qualquer comentário, a seu exclusivo critério, sempre que este viole, de algum modo, as regras previstas na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, a Lei, a Constituição da República Portuguesa, ou que destabilize a comunidade;
- A existência de uma assinatura não justifica nem serve de fundamento para a quebra de alguma regra prevista na presente Política de Comentários do Correio da Manhã, da Lei ou da Constituição da República Portuguesa, seguindo a sanção referida no ponto anterior;
- O Correio da Manhã reserva-se na disponibilidade de monitorizar ou pré-visualizar os comentários antes de serem publicados.
Se surgir alguma dúvida não hesite a contactar-nos internetgeral@medialivre.pt ou para 210 494 000
O Correio da Manhã oferece nos seus artigos um espaço de comentário, que considera essencial para reflexão, debate e livre veiculação de opiniões e ideias e apela aos Leitores que sigam as regras básicas de uma convivência sã e de respeito pelos outros, promovendo um ambiente de respeito e fair-play.
Só após a atenta leitura das regras abaixo e posterior aceitação expressa será possível efectuar comentários às notícias publicados no Correio da Manhã.
A possibilidade de efetuar comentários neste espaço está limitada a Leitores registados e Leitores assinantes do Correio da Manhã Premium (“Leitor”).
Ao comentar, o Leitor está a declarar que é o único e exclusivo titular dos direitos associados a esse conteúdo, e como tal é o único e exclusivo responsável por esses mesmos conteúdos, e que autoriza o Correio da Manhã a difundir o referido conteúdo, para todos e em quaisquer suportes disponíveis.
O Leitor permanecerá o proprietário dos conteúdos que submeta ao Correio da Manhã e ao enviar tais conteúdos concede ao Correio da Manhã uma licença, gratuita, irrevogável, transmissível, exclusiva e perpétua para a utilização dos referidos conteúdos, em qualquer suporte ou formato atualmente existente no mercado ou que venha a surgir.
O Leitor obriga-se a garantir que os conteúdos que submete nos espaços de comentários do Correio da Manhã não são obscenos, ofensivos ou geradores de responsabilidade civil ou criminal e não violam o direito de propriedade intelectual de terceiros. O Leitor compromete-se, nomeadamente, a não utilizar os espaços de comentários do Correio da Manhã para: (i) fins comerciais, nomeadamente, difundindo mensagens publicitárias nos comentários ou em outros espaços, fora daqueles especificamente destinados à publicidade contratada nos termos adequados; (ii) difundir conteúdos de ódio, racismo, xenofobia ou discriminação ou que, de um modo geral, incentivem a violência ou a prática de atos ilícitos; (iii) difundir conteúdos que, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, tenham como objetivo, finalidade, resultado, consequência ou intenção, humilhar, denegrir ou atingir o bom-nome e reputação de terceiros.
O Leitor reconhece expressamente que é exclusivamente responsável pelo pagamento de quaisquer coimas, custas, encargos, multas, penalizações, indemnizações ou outros montantes que advenham da publicação dos seus comentários nos espaços de comentários do Correio da Manhã.
O Leitor reconhece que o Correio da Manhã não está obrigado a monitorizar, editar ou pré-visualizar os conteúdos ou comentários que são partilhados pelos Leitores nos seus espaços de comentário. No entanto, a redação do Correio da Manhã, reserva-se o direito de fazer uma pré-avaliação e não publicar comentários que não respeitem as presentes Regras.
Todos os comentários ou conteúdos que venham a ser partilhados pelo Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã constituem a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição do Correio da Manhã ou de terceiros. O facto de um conteúdo ter sido difundido por um Leitor nos espaços de comentários do Correio da Manhã não pressupõe, de forma direta ou indireta, explícita ou implícita, que o Correio da Manhã teve qualquer conhecimento prévio do mesmo e muito menos que concorde, valide ou suporte o seu conteúdo.
ComportamentoO Correio da Manhã pode, em caso de violação das presentes Regras, suspender por tempo determinado, indeterminado ou mesmo proibir permanentemente a possibilidade de comentar, independentemente de ser assinante do Correio da Manhã Premium ou da sua classificação.
O Correio da Manhã reserva-se ao direito de apagar de imediato e sem qualquer aviso ou notificação prévia os comentários dos Leitores que não cumpram estas regras.
O Correio da Manhã ocultará de forma automática todos os comentários uma semana após a publicação dos mesmos.
Para usar esta funcionalidade deverá efetuar login.
Caso não esteja registado no site do Correio da Manhã, efetue o seu registo gratuito.
Escrever um comentário no CM é um convite ao respeito mútuo e à civilidade. Nunca censuramos posições políticas, mas somos inflexiveis com quaisquer agressões. Conheça as
Inicie sessão ou registe-se para comentar.