Juíza quer acesso a manual de espiões
Julgamento leva cinco arguidos à barra do tribunal.
A estratégia de defesa do superespião Jorge Silva Carvalho é clara: exige saber em que situações concretas estão dispensados do segredo de Estado. Plano seguido pelo advogado do antigo agente das secretas João Luís. Perante esta insistência, a juíza vai pedir o levantamento do segredo de Estado, para que os arguidos possam falar, começando por pedir o manual de procedimentos dos serviços secretos.
Apesar de, para já, todos os arguidos se remeterem ao silêncio, o ex-espião João Luís alertou o tribunal de que alguns dos esclarecimentos que pretende dar podem colidir com a questão do segredo de Estado e avançou com um comentário polémico: "O arguido até não devia ser eu, mas os Serviços de Informação." O advogado, Paulo Caldas, pediu mesmo que "o tribunal ponha o poder político em sentido".
Do lado da defesa do ex-diretor do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) foi demonstrado o interesse em aceder aos "documentos originais" da resposta do primeiro-ministro ao pedido de levantamento do segredo de Estado.
O processo envolve ainda o presidente da Ongoing (empresa para qual Silva Carvalho foi trabalhar quando saiu das secretas), Nuno Vasconcellos, outro ex-agente, Nuno Dias e a sua companheira, Gisela Teixeira (funcionária da Optimus na altura dos factos).
Invulgar nos tribunais mas comum no mundo das secretas, houve um dos doze lugares da assistência reservado pelo próprio tribunal. Foi atribuído a um homem que não se quis identificar mas que garantiu não ter ligação ao Governo. O protagonista manteve contactos regulares por SMS dentro e fora da sala com o exterior. Um olhar atento no dia em que três antigos espiões se sentaram no banco dos réus.
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