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Artigo exclusivo

Álvaro Sobrinho usa dinheiro do BES Angola no Sporting

Os 20 milhões de euros investidos pela Holdimo no capital social da Sporting SAD terão tido origem no BES Angola.

11 de novembro de 2020 às 01:30

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Bruno de Carvalho foi presidente do Sporting e da Sporting SAD entre 2013 e 2018
Bruno de Carvalho foi presidente do Sporting e da Sporting SAD entre 2013 e 2018 Tiago Sousa Dias
Álvaro Sobrinho
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O MP e a PJ estão a tentar reconstituir o rasto desse dinheiro. Em causa está o eventual crime de branqueamento de capitais. Ou seja, suspeita-se de que Sobrinho, com o investimento na Sporting SAD, terá legalizado 20 milhões de euros alegadamente desviados do BESA. Na segunda-feira, a Sporting SAD confirmou as buscas da PJ às suas instalações e adiantou que “está em causa um alegado crime de branqueamento de capitais referente ao período de 2011 a 2014.”

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) abriu, em 2015, um processo à entrada da Holdimo no capital da Sporting SAD. Na altura, Duarte Marques, deputado do PSD na comissão parlamentar de inquérito ao BES/GES, perguntou à CMVM se estava “a verificar e seguir o rasto e a origem das verbas utilizadas por empresas detidas ou geridas” por Sobrinho nos investimentos em Portugal.

A resposta foi esta: “No âmbito das atribuições da CMVM e em articulação, designadamente com o Banco de Portugal, estão em curso e serão realizadas as diligências reputadas necessárias e adequadas ao apuramento da origem e ao acompanhamento das operações financeiras referenciadas nas perguntas feitas pelo Senhor Deputado.”

A informação recolhida pela CMVM nesse processo terá sido comunicada ao MP.

Créditos resultam de direitos de jogadores

O crédito de 20 milhões de euros que a Holdimo tinha sobre a Sporting SAD resultou de direitos económicos de jogadores que transitaram para a SAD leonina. Sporting e Holdimo tinham um contrato de parceria.

Participação de 29,8% na Sporting SAD

Após o aumento de capital da Sporting SAD no final de 2014, a Holdimo ficou com uma participação de 29,8% no capital social da SAD leonina. Álvaro Sobrinho detém 99% do capital social da Holdimo.

Gomes defende salários divulgados

Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), é a favor da divulgação de contratos e salários de jogadores e treinadores, em nome de "maior transparência" no futebol. "Não tenho nenhum problema em aceitar a divulgação completa", disse o responsável, ouvido em tribunal, esta terça-feira, na 23ª sessão do julgamento de Rui Pinto, no âmbito do processo Football Leaks.

O dirigente da FPF foi mais longe e admitiu que Rui Pinto, ao divulgar documentos do mundo do futebol, contribuiu para "a verdade desportiva", mas deixou uma ressalva: "Essa informação não devia ter sido divulgada por ter sido obtida ilegalmente." O Ministério Público sustenta que Rui Pinto acedeu aos sistemas informáticos da FPF e que roubou documentos sigilosos, como dados dos árbitros ou contratos de jogadores.

Rui Pinto atacou o "coração da FPF"

Fernando Gomes diz que soube pela PJ do alegado ataque de Rui Pinto aos servidores da Federação, que descreveu como "o coração da FPF". Nos discos apreendidos foi encontrada uma lista de contactos de árbitros, uma decisão do Tribunal Arbitral do Desporto que envolvia Luís Filipe Vieira ou um processo disciplinar a Brahimi (FC Porto).

Buscas no Benfica são tema em tribunal

Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, falou em tribunal das buscas realizadas no Benfica e no Santa Clara. O advogado da FPF ripostou: "[O tema] não tem nada a ver com o processo." E levou resposta da defesa do hacker: "Não sei se não terá!"

O TRIO LÍBIO

Os negócios que envolvem três jogadores líbios, que já não jogam no nosso país, são um dos alvos da operação desencadeada, segunda-feira, pelo Ministério Público, Polícia Judiciária e Autoridade Tributária, e que envolveu buscas às SAD do Santa Clara e do Benfica.

Hamdou Elhouni

Nacionalidade: Líbio

Idade: 26

Clube: Esperance (Tunísia)

Em 2016, o extremo chegou ao Santa Clara, alegadamente a custo zero, proveniente do Al-Ahly Tripoli. Em 2018, depois do empréstimo do Benfica B ao Chaves, voltou ao clube da Luz e foi cedido ao Desp. Aves por seis meses. Em julho, os encarnados aceitaram transferi-lo a custo zero para o mesmo Desp. Aves, que depois vendeu por 500 mil euros ao Esperance, da Tunísia. Chegou a treinar no V. Setúbal, então dirigido por Quim Machado.

Mohamed Al-Gadi

Nacionalidade: Líbio

Idade: 30

Clube: não tem

Foi contratado no mercado de inverno de 2015 pelo Santa Clara. O médio defensivo passou também pelo V. Setúbal, chegando, em julho desse ano, a treinar com Hamdou Elhouni sob as ordens de Quim Machado. Rescindiu contrato com os micaelenses em julho de 2016 para regressar ao Al-Ahly Tripoli. Encontra-se sem clube.

Muaid Ellafi

Nacionalidade: Líbio

Idade: 24

Clube: Wydad Casablanca (Marrocos)

Jogou apenas em oito jogos pelo Santa Clara, na II Liga.

Em 2016/17, já não integrou o plantel, regressando à Líbia. O médio ofensivo passou, depois, pela Arábia Saudita e Argélia, de onde se transferiu para o Wydad Casablanca, de Marrocos.

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