Advogado de ex-presidente do Sporting diz que todos os arguidos são inocentes. Critica procuradora e ataca jornalistas.
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Foi num tom agressivo e muitas vezes provocador que Miguel Fonseca, advogado de Bruno de Carvalho, fez as alegações no processo de Alcochete.
O causídico garantiu que todos os arguidos estão inocentes, dizendo mesmo que se aconteceu qualquer ataque não foram cometidos crimes.
Nada disse sobre a reunião de Bruno de Carvalho na ‘casinha’ - a sede da Juventude Leonina - quando o então presidente do Sporting disse aos elementos da claque "façam o que quiserem". Acusa depois a procuradora de fazer uma aberração jurídica e atacou os jornalistas que são "cães de fila" do Ministério Público.
Foi sempre no mesmo tom muitas vezes a raiar a má educação que Miguel Fonseca falou durante quase uma hora.
Bruno de Carvalho manteve-se em silêncio, enquanto o seu advogado dizia que o Ministério Público "acusa com os pés".
"A produção de prova foi bola", disse depois o advogado, que considerou que a acusação é um "texto sem inteligência".
O advogado partiu depois para o ataque ao rival Benfica e disse que não percebia a diferença de tratamento. "As claques que já mataram neste País foram à Taça de Portugal", referiu, recordando o caso do adepto italiano morto nas imediações do Estádio da Luz e o adepto do Sporting atingido com um very light.
"Isto nasceu torto. O que nasce torto raramente se endireita", continuou ainda o advogado, que não refutou nenhum facto da acusação assinada pela procuradora Cândida Vilar.
Aliás, Miguel Fonseca disse mesmo que não chegou a ver as novas provas juntas agora pelo Ministério Público - as perícias aos telemóveis - e exigiu que o juiz as digitalizasse para que as pudesse conhecer.
Carlos Delca respondeu que não e explicou ao advogado que teve dois dias para ir ao Tribunal do Barreiro consultar o processo, como aliás fizeram outros advogados.
Miguel Fonseca não o fez e alegou sem conhecer as provas.
Pormenores
Procuradora de férias
Cândida Vilar não esteve nas alegações e fez-se representar por outro magistrado que também acompanhou o inquérito. Foi aliás esse magistrado que esteve no interrogatório de Bruno de Carvalho e Mustafá.
Continua esta terça-feira
As alegações continuam esta terça-feira, com a audição dos últimos advogados. A diligência poderá ainda acabar durante a manhã e é expectável que todos peçam a não pronúncia dos arguidos.
Mendes faltou
O ex-chefe da claque leonina, Fernando Mendes, não esteve esta segunda-feira no debate instrutório. Está em liberdade apenas com termo de identidade e residência, mas não terá comparecido por razões de saúde. Nas últimas sessões, o arguido não se tem manifestado.
Bruno esteve calado
Ao contrário de em outras sessões de instrução, Bruno de Carvalho manteve-se calado durante todo o dia. Nunca interrompeu o juiz, mas saiu várias vezes da sala para fumar.
Em alguns momentos mostrava-se preocupado, ele que ouviu a procuradora pedir que fosse pronunciado por todos os crimes.
Processo serviu para afastar direção
"Este processo foi preparado e orientado para tentar chegar a um determinado objetivo. Na minha ótica, era para atingir o então presidente da direção do Sporting", disse o advogado Mário Batista, que defende 3 arguidos.
Jesus era amigo dos atacantes
"Eram amigos, jantavam juntos. Era costume a claque ir ao treino repreender os jogadores quando corria mal".
Desmente ligação com Juve Leo
O advogado de Jorge Jesus desmentiu de imediato qualquer ligação entre o ex-treinador do Sporting e a Juventude Leonina.
Disse que nunca autorizou que fossem ao balneário da equipa principal.
"Não há nada sobre Mustafá"
"Acusar Nuno Mendes de tráfico de droga é o mesmo que acusar o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, caso fosse encontrada droga que tivesse sido deixada em Belém, durante as visitas que lá se fazem aos domingos".
A intervenção de Filipe Coelho, advogado de defesa de Mustafá, foi toda ela marcada por acusações severas ao Ministério Público. Nas alegações, o advogado apelou ao juiz que não levasse Mustafá a julgamento e que alterasse "imediatamente" a medida de coação [prisão preventiva].
Filipe Coelho relembrou em tribunal que o porteiro da ‘casinha’, mais conhecido por ‘Jojó’, era a pessoa que dormia no local onde foi encontrada a droga e nem sequer foi constituído arguido.
"Assumiu-se logo à partida que a droga era do senhor Mustafá, só porque sim. Sem provas", referiu.
Conspiração contra Bruno de Carvalho
A convicção da defesa do arguido Bruno Monteiro é a de que o processo foi planeado de forma a tentar atingir Bruno de Carvalho, então presidente do Sporting Clube de Portugal.
O advogado considera ainda "inaceitável" que um grupo de jovens seja envolvido por arrasto. Mário Batista disse mesmo que ficou "pasmado" com várias das declarações da procuradora do Ministério Público em tribunal que "fez tábua rasa de várias leis".
Juiz vai entregar a decisão no próximo dia 01 de agosto
Carlos Delca marcou para 01 de agosto a decisão instrutória. Não deverá ser lida, deverá ser entregue aos advogados para que aquelas a possam apreciar.
Não é expectável que os arguidos compareçam nesse dia, sendo certo que se o caso for para julgamento nos exatos termos da acusação não tem recurso.
O julgamento terá depois de ocorrer no Tribunal de Almada, a comarca competente.
"A procuradora até nos facilitou a vida e o trabalho a todos"
"Eu até fico contente por ter sido a procuradora Cândida Vilar a ficar com este processo". Foi assim que o advogado Miguel Matias começou a intervenção desta segunda-feira em tribunal.
Explicou depois que a acusação tem inúmeras falhas e que, por isso, "a procuradora até facilitou a vida a todos os advogados".
"Foi o Ministério Público que criou e construiu o terrorismo neste caso", concluiu.
"Isto não foi um ato de terrorismo"
Aníbal Pinto, que defende quatro arguidos, tentou afastar a tese de terrorismo considerando que o que se passou na Academia de Alcochete foi sim hooliganismo, um crime que nem está previsto no Código Penal em Portugal.
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