A edição de hoje
Casas inundadas, móveis e electrodomésticos estragados, muros e árvores caídas, estradas cortadas. Foi uma madrugada de horror nas freguesias de Moncarapacho e Fuseta, no concelho de Olhão. Foi esta a área mais afectada pela chuvada que ontem, pouco passava das 06h00, se abateu sobre o Algarve. "Em apenas 20 minutos, caíram 16 mm de água", disse ao CM fonte do Serviço Nacional de Protecção Civil de Faro. A chuva era esperada, mas não em tanta quantidade (ver apoios). <br/><br/>
"Eram umas 06h30 quando acordei com o cão a ladrar", conta Hélio Barros, "fui ver e estava a afogar-se no quintal atrás da casa", continua este residente no Sítio dos Murtais, em Moncarapacho. Quando abriu a porta, para salvar o cão, a água, que já atingia quase um metro de altura na rua, inundou a casa. Perdeu móveis, electrodomésticos e quase tudo o que tinha a menos de meio metro do chão.
Em Moncarapacho, como na Fuseta, o problema foi o transbordar das margens da ribeira do Tronco, que percorre as duas freguesias. Campos, estradas e casas que estavam no caminho ficaram alagadas. Na Fuseta, a linha de combóio esteve cortada durante algumas horas.
Francisco Leal, presidente da Câmara de Olhão, diz que "um levantamento das situações" está em curso e promete ajuda "nos casos em que se justifique". A chuvada atingiu ainda os concelhos de Tavira e Vila Real de Santo António, no Sotavento, e Lagoa, no Barlavento. Mas, aí, provocou poucos danos.
"ANTES QUE SE VÃO OS ANÉIS"
Quando viu a casa encher-se de água em poucos minutos, o pânico atingiu Odília Gonçalves . Não pelos danos materiais, a preocupação era o sogro, de 93 anos.
"Eu e o meu marido podíamos fugir pelo campo, agora ele, coitado, está acamado e não se pode mexer", explica, ainda mal refeita do susto. A água acabou por não atingir o idoso, que se encontrava na cama num dos quartos da casa. Mas pouco mais poupou. As viaturas que tem com o marido, os electrodomésticos, os móveis. "Perdemos tudo o que tínhamos", admite Odília Gonçalves, enquanto abraça uma amiga que lhe veio dar uma ajuda. Esta responde-lhe: "O pior já passou." Odília olha a destruição em volta e conclui: "Antes que se vão os anéis."
PORMENORES
OCORRÊNCIAS
A Protecção Civil de Faro registou um total de 36 ocorrências nas horas críticas. Apenas seis não foram no concelho de Olhão.
PREJUÍZOS
Francisco Leal contabilizava, ontem, 12 casas inundadas no concelho de Olhão. Não houve, no entanto, desalojados nem vítimas humanas.
PREVISÕES
Ontem esperava-se um máximo de 12 mm de chuva por hora. Foram 16 mm em 20 minutos. Esta manhã previa-se nova intempérie.
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