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Diretor da Polícia Judiciária "ilibou" Fernando Gomes à revelia do Procurador-geral

Procuradoria-geral confirma não ter sido contactada previamente para acertar declarações públicas de Luís Neves. Titular do inquérito é um ex-inspetor da Polícia Judiciária.

27 de março de 2025 às 19:29
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Diretor da Polícia Judiciária 'ilibou' Fernando Gomes à revelia do Procurador-geral

Foi com “desconforto”, segundo um colega do Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa, que, na terça-feira, o procurador Pedro Botas assistiu às declarações do diretor nacional da Polícia Judiciária, Luís Neves, “ilibando” Fernando Gomes, ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, na Operação ”Mais Valia”. Este processo investiga suspeitas de corrupção, entre outros crimes, na venda, em 2018, da antiga sede da Federação Portuguesa de Futebol.

De acordo com informações recolhidas pelo CM, as palavras de Luís Neves não foram coordenadas com o Ministério Público. Aliás, questionada pelo CM se “as declarações do diretor da PJ foram previamente acordadas com o Procurador-geral ou com o magistrado titular do processo”, a Procuradoria-geral da República foi taxativa: “Não houve qualquer contacto prévio”.

Na mesma resposta, a Procuradoria informou que o “Ministério Público pronuncia-se sobre responsabilidade criminal nos momentos processuais próprios ou quando sejam exigíveis esclarecimentos”, tal como prevê o artigo 86º do Código do Processo Penal. Certo é que as declarações do diretor nacional da PJ,  dizendo que, nem Fernando Gomes, nem Tiago Craveiro, ex-diretor geral da FPF, era suspeitos na investigação em curso não caíram bem no DIAP de Lisboa.

O caso está nas mãos do procurador Pedro Botas, um antigo inspetor da Polícia Judiciária que enveredou pela magistratura do Ministério Público, tendo passado por Loures e pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal. Na PJ, esteve colocado na Unidade Nacional Contra-Terrorismo, que chegou a ser liderada por Luís Neves.

Terá sido esta etapa da sua carreira na Justiça que o impediu de, no final de 2024, ter ficado com a titularidade do processo relativo à morte de Odair Moniz, morto em outubro na sequência de dois tiros de um agente da PSP, entretanto acusado pela procuradora Patrícia Agostinho por um crime de homicídio.

Entretanto, o ex-secretário-geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Paulo Lourenço, constituído arguido na Operação “Mais Valia”, garantiu, em comunicado, que várias transferências bancárias de uma empresa do ex-deputado do PS António Gameiro para o escritório de advogados do qual é sócio dizem respeito a honorários de advogados e não a comissões relativas à venda do efício da FPF.

Segundo um comunicado divulgado pela PJ, ao longo da investigação "foram identificadas um conjunto de situações passíveis de integrarem condutas ilícitas relacionadas" com a "intermediação da venda da antiga sede pertencente à Federação Portuguesa de Futebol, na Rua Alexandre Herculano, nº58, Lisboa", no valor de onze milhões duzentos e cinquenta mil euros.

No seguimento da investigação, foram feitas 20 buscas durante, esta terça-feira, para dar cumprimento a mandados de busca e apreensão em domicílios, instituição bancária, estabelecimentos e sociedades de advogados, nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém. De acordo com o despacho a que a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público deu autorização para a apreensão de computadores, telemóveis e outros suportes informáticos relevantes.

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