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Dezasseis meios aéreos e mais de mil operacionais combatem incêndios em Vila de Rei

"90% das chamas estão dominadas": Reacendimento leva à preocupação dos bombeiros no terceiro dia de fogos.

22 de julho de 2019 às 07:10
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Muralha de chamas sem controlo ameaça população em Mação

São mais de mil os operacionais no terreno durante esta segunda-feira, para combater o grande incêndio que deflagrou em várias localidades em Castelo Branco, este sábado.

Cerca das 07h00 da manhã, houve registo de um reacendimento numa das frentes do incêndio, na localidade de Fundada, em Vila de Rei, que às 18h20 mobilizava mais de mil operacionais com apoio de 16 meios aéreos e 332 viaturas terrestres, empenhados no combate ao fogo.

Cerca das 14h00, registou-se um novo reacendimento em Arganil e outro em Vale da Anta, ambos na região de Mação. Tal como previsto pelos oficiais, as altas temperaturas e o vento estão a merecer o cuidado dos bombeiros.

Terceiro Briefing da Proteção Civil

Antes de o comandante Pedro Nunes iniciar as suas declarações, o presidente da Proteção Civil, Mourato Nunes, deixou uns "breves apontamentos relativamente à ocorrência que estamos a viver". 

O presidente deixou uma palavra de apoio às populações dos distritos envolvidos que "têm sofrido mais diretamente com toda esta problemática e emergência que, felizmente, ainda não se transformou numa tragédia em termos de vidas humanas, mas naturalmente que traz prejuízos significativos às pessoas". Mourato Nunes continuou a sua intervenção deixando uma palavra aos operacionais envolvidos nas operações. O presidente da Proteção Civil referiu que "tem sido feito um trabalho generoso de todos, sem exceção". 

O presidente deixou ainda um apelo aos portugueses para que tenham um "cuidado acrescido relativamente ao uso do fogo". "É preciso fazer um grande esforço para se evitarem ignições". 

O Comandante Pedro Nunes fez, depois das declarações de Mourato Nunes, esta segunda-feira, às 20h00, um novo ponto de situação dos incêndios de Vila de Rei e Mação.

"O cenário da tarde era um dos cenários previstos", começou por dizer o comandante. "Infelizmente o pior cenário verificou-se", lamentou. 

Pedro Nunes referiu ainda que "neste momento, toda a área de Vila de Rei atingida pelo incêndio encontra-se em resolução, numa fase de rescaldo. Relativamente à área do município de Mação, 70% da área atingida pelo fogo encontra-se em rescaldo também e os restantes 30% é onde está ainda a lavrar uma frente". 

Durante a tarde, explicou, houve algumas reativações e "o incêndio teve um comportamento extremo", com muita libertação de energia, e a prioridade foi defender pessoas e bens.

Para esta noite, a Proteção Civil está a redefinir a sua estratégia, recorrendo ao uso de máquinas de rasto e ao ataque direto às chamas.

"Neste momento não há nenhuma aldeia em perigo", disse ainda Pedro Nunes aos jornalistas. 

Relativamente a feridos a registar, uma técnica do INEM referiu que "há mais quatro feridos que foram assistidos durante a tarde". A técnica referiu-se a bombeiros e ainda a um militar do GIPS-GNR. 

"Desde o início da ocorrência há 39 vítimas assistidas, dos quais 16 feridos [encaminhados para unidades de saúde] - 15 ligeiros e um ferido grave", adientou a técnica. Dos 16 feridos, cinco são civis e os restantes operacionais de diferentes forças que se encontravam a combater as chamas. 

Segundo Briefing da Proteção Civil

"Encaramos as próximas horas com muita reserva. A partir das 15h/16h00 haverá uma rotação e intensificação do vento", afirmou o Comandante do Posto de Comando da Proteção Civil, que espera conseguir quatro aviões em permanência até ao final da tarde.

"Os meios no local afiguram-se (para já) apropriados. (...)", avançou.

As rajadas de vento superiores a 35 km/hora, aliadas às temperaturas a rondar os 40 graus celsius são a maior preocupação dos bombeiros, que estabeleceram já um plano de evacuação, para o caso de ser necessário retirar pessoas das suas habitações.

Primeiro Briefing da Proteção Civil

"O incêndio está estabilizado e quer a frente de Vila de Rei, quer a frente de Mação estão 90% dominadas. Há 10% do território que carece ainda de muita atenção porque têm perímetro ativo e chama. Os trabalhos continuam a ser realizados no teatro de operações", avançou o Comandante do Posto de Comando da Proteção Civil, Pedro Nunes, na Sertã, durante o ponto de situação sobre o desenvolvimentos dos fogos feito às 08h00.

"Há 31 feridos, 21 assistidos e 10 leves", continuou o Comandante, avançando aos jornalistas que "para já não há registo de desalojados".

Os focos de incêndio na Sertã acabaram por ser dominados e circunscritos este domingo. No entanto, registou-se um reacendimento ao inicio da manhã desta segunda-feira na freguesia da Afundada, no concelho de Vila de Rei. 

Temperaturas dificultam combate ao fogo

UE preparada para aumentar assistência a Portugal

"A Comissão está a seguir atentamente a situação dos incêndios florestais em Castelo Branco. Os nossos pensamentos estão com todos os afetados e com os bombeiros que estão a trabalhar em condições muito difíceis", declarou a porta-voz adjunta do executivo comunitário.

Natasha Bertaud, que falava na conferência de imprensa diária da Comissão Europeia em Bruxelas, detalhou que o comissário europeu para a Ajuda Humanitária e Gestão de Crises, Christos Stylianides, está em contacto com as autoridades portuguesas e já falou com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, transmitindo-lhe que "a União Europeia está preparada para reforçar a assistência [a Portugal], se necessário e solicitado".

Incêndios: Chamas destruíram duas casas de primeira habitação em Mação 

O incêndio que começou no sábado em Vila de Rei e que alastrou a Mação atingiu duas casas de primeira habitação e desalojou duas pessoas neste município, disse esta segunda-feira à agência Lusa o presidente da Câmara, Vasco Estrela.

"Temos a confirmação de duas casas de primeira habitação ardidas, em Azinhal e Roda de Cardigos, e temos também algumas situações que ainda estamos a avaliar, que eram casas de segunda habitação, casas já com alguma degradação. Temos vários anexos que estão também ardidos", disse o presidente da Câmara de Mação.

Segundo Vasco Estrela, já estão no terreno elementos da Segurança Social e técnicas do Serviço de Ação Social da Câmara Municipal de Mação, que "vão começar a rastrear toda a zona" no sentido de esclarecer bem todas as situações e "também falar com as populações e perceber melhor as necessidades".

De acordo com o presidente da autarquia, "há duas pessoas desalojadas, que estão [acolhidas] na Santa Casa da Misericórdia de Cardigos, precisamente porque não têm as suas habitações, que foram destruídas pelos incêndios".

Apesar de Mação não ter o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil ainda aprovado - está para aprovação na Autoridade Nacional de Proteção Civil -, o autarca admitiu que "tudo funcionou de acordo com aquilo que está determinado e que há muitos anos é praticado no concelho" para prestar o apoio às pessoas.

"Ainda está a decorrer o incêndio e já estão entidades da Câmara no terreno. A Santa Casa da Misericórdia de Cardigos colaborou, todas as entidades colaboram, conforme tem sido habitual na Câmara Municipal de Mação, ao longo de muitos anos, independentemente dos formalismos do Plano Municipal de Emergência", apontou.

Vasco Estrela disse ainda que em todos os locais onde foi necessário fazer a evacuação ou encontrar um ponto de encontro para situações de pânico ou de fuga, isso foi feito, como refere o programa Aldeias Seguras, Pessoas Seguras.

O programa Aldeias Seguras "pouca aplicação tem tido no território" nacional, admitiu, acrescentando que a Câmara Municipal que lidera tem, há 13 anos, um programa, que está a ser replicado pelo Governo, de distribuição de motobombas junto das populações.

"Temos também essa ferramenta aplicada cá desde 2007. Portanto, ficamos muito satisfeitos por ver o Governo e pessoas com responsabilidades a replicarem aquilo que Mação tem feito ao longo dos anos: a tentativa de evitar problemas para as pessoas", rematou.

Pelas 11h20, o autarca disse à Lusa que estavam a verificar-se "alguns pequenos reacendimentos" do incêndio em redor da vila de Cardigos, que estavam a ser combatidos por meios terrestres e aéreos.

"Com o aumentar da temperatura e do vento, é isto que é normal que aconteça. Infelizmente. Estamos a tentar resolver estas situações", afirmou.

Segundo Vasco Estrela, os meios estavam a "conseguir controlar a situação" e os trabalhos de combate às chamas decorriam "razoavelmente bem", embora a área atingida fosse "muito grande".

Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, tendo este último alastrado, ainda no sábado, ao concelho de Mação, distrito de Santarém.

O incêndio de Vila de Rei e Mação é o único que continua por controlar e tem mobilizado várias centenas de operacionais e de meios de combate.

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