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Ministro da Administração Interna diz que levou "murro no estômago" com morte de ucraniano no Aeroporto de Lisboa

Eduardo Cabrita garante que foram tomadas todas as medidas necessárias.

10 de dezembro de 2020 às 16:23

O ministro da Administração Interna afirmou esta quinta-feira que a morte por agressão do cidadão ucraniano em instalações do Estado no aeroporto de Lisboa lhe provocou "um murro no estômago" e que foram tomadas todas as medidas necessárias.

"É absolutamente inaceitável e está em total contradição com aquilo que são os padrões de respeito pelos direitos humanos que Portugal adota e que as forças e serviços de segurança têm a obrigação de respeitar", afirmou Eduardo Cabrita na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, no qual foi decidido indemnizar a família do cidadão.

Segundo o ministro, que recentemente tem sido alvo de criticas por parte dos partidos da oposição, "tudo o que tem sido determinado relativamente a esta terrível situação deve-se à atuação do Ministério de Administração Interna", referindo que foi o primeiro a lamentar e a agir "quando muitos estavam desatentos".

Sobre a indemnização à viúva e aos dois filhos de Igor Homenyuk, que será definida pela provedora de Justiça, o ministro disse que se "insere na boa tradição do Estado português".

O ministério adotou "as necessárias ações visando o apuramento da verdade" sobre a morte do cidadão e, segundo Eduardo cabrita, o assunto teve "uma atenção por parte da comunidade muito inferior aquilo que a sua gravidade justificava".

Eduardo Cabrita enumerou as diversas diligências realizadas depois da morte do cidadão ucraniano, entre as quais uma reunião que teve com a embaixadora da Ucrânia.

A 30 de março foram detidos pela PJ os três inspetores do SEF suspeitos de estarem implicados nas agressões e o MAI demitiu os responsáveis do SEF na direção de fronteiras no aeroporto.

A morte de Ihor Homenyuk levou à acusação de três inspetores do SEF por homicídio qualificado, que estão em prisão domiciliária e cujo julgamento vai começar no próximo ano.

Segundo a acusação, Homenyuk foi isolado na sala dos médicos do mundo dos restantes passageiros estrangeiros, onde permaneceu até ao dia seguinte, tendo sido "atado nas pernas e braços".

Os inspetores algemaram-lhe as mãos atrás das costas, amarraram-lhe os cotovelos com ligaduras e desferiram-lhe um número indeterminado de socos e pontapés no corpo.

"Com o ofendido prostrado no chão, os arguidos, usando também um bastão extensível, continuaram a desferir pontapés, atingindo o ofendido no tronco. Ao abandonarem o local os arguidos deixaram a vítima prostrada, algemada e com os pés atados por ligaduras", refere o Ministério Público.

As agressões cometidas pelos inspetores do SEF provocaram a Ihor Homenyuk "diversas lesões traumáticas que foram causa direta" da sua morte.

O caso de Ihor Homenyuk levou à demissão do diretor e do subdiretor de Fronteiras do aeroporto de Lisboa e na quarta-feira da diretora do SEF, Cristina Gatões, e à instauração de 12 processos disciplinares.

Cabrita diz que só sai por decisão do primeiro-ministro

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, disse hoje que está de consciência tranquila em relação ao seu mandato, sublinhando que a decisão de se afastar do Governo cabe ao primeiro-ministro.

Nos últimos dias, a continuidade de Eduardo Cabrita no cargo de ministro foi questionada por alguns partidos políticos, na sequência da morte de um cidadão ucraniano em instalações do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no Aeroporto de Lisboa, mas o governante afastou a possibilidade de se demitir.

"Tal como estou aqui porque o senhor primeiro-ministro entendeu nessa altura tão difícil [em outubro de 2017] pedir a minha contribuição nessas novas funções, também relativamente a esta matéria só o primeiro-ministro lhes poderá responder", afirmou Eduardo Cabrita em conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros.

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