Piloto em voo de treino perdeu o único motor e, em vez de aterrar na água, escolheu o areal da Caparica. Duas pessoas morreram.
Uma câmara instalada na Praia de São João, na Caparica, captou o momento em que o avião faz um voo rasante sobre o areal, momentos antes de aterrar e atingir mortalmente uma menina de oito anos e um homem.
O vídeo mostra velocidade com que o Cessna voou sobre os banhistas, numa altura em que já tinha os motor desligado. Sem fazer barulho, apanhou sem aviso os que estavam na praia de São João.
Aterragem forçada
Todos os manuais mandam amarar. Aterrar na água quando a aeronave está em emergência junto à praia. Ainda para mais como esta quarta-feira à tarde estava o areal de S. João da Caparica, com centenas a aproveitar o sol e o mar.
O instrutor de voo da empresa G Air não o fez. Aterrou na areia e matou duas pessoas, uma menina de 8 anos e um homem de 56, atropelando-as com a avioneta. Vai ter de se justificar hoje ao Ministério Público: a procuradora de Almada ordenou que o piloto não fosse ouvido por mais ninguém antes desse momento. Deverá indiciá-lo por dois homicídios negligentes. Ele e o aluno já foram constituídos arguidos.
Sofia, de 8 anos, brincava com o pai, a irmã e o tio junto ao mar. Um pouco ao lado estava o homem de 56 anos, com os pés na areia molhada. A mesma areia que o piloto da avioneta escolheu para a aterragem de emergência, após o Cessna em que fazia um voo de instrução entre Tires e Évora ter perdido o único motor.
O pai de Sofia ainda conseguiu salvar a filha mais velha. No pânico, Sofia foi atingida na cabeça. A outra vítima nas pernas. Tiveram morte instantânea.
O piloto, um instrutor de 56 anos, seguia com um aluno numa aula de navegação. Vão ser ambos interrogados pelo Ministério Público de Almada. Tomou a decisão errada: aterrar na praia. Vai ter de a justificar à Justiça.
O alerta foi dado pelas 16h50 para a torre do aeródromo de Tires. ‘Mayday’ (emergência), declarou o instrutor, anunciando "falha do motor" e que iria "aterrar na praia". As testemunhas referem que a avioneta surgiu "baixinha" e "silenciosa", indiciando um motor parado.
Vinha de norte para sul e apanhou primeiro o homem e depois a menina, eram 16h51.
O caso está a ser investigado pela PJ de Setúbal e pela investigação criminal da Polícia Marítima de Lisboa.
Pai viu filha ser colhida pela aeronave
O pai da menina de oito anos brutalmente colhida e morta pela avioneta que aterrou, desgovernada, no areal de São João da Caparica, descreveu minutos depois a forma como toda a família viveu a tragédia de ontem à tarde. Estava a brincar com as filhas e com os sobrinhos quando reparou que a aeronave voava perto do paredão.
"Disse aos meninos para correrem e disse à Sofia para correr atrás de mim. Quando vi que os outros meninos estavam em segurança, voltei para trás para buscar a Sofia quando a vi ser colhida pela aeronave e constatei que estava cadáver", disse à TVI.
Depois, há relatos que recordam o pai da criança a tirar satisfações do piloto da aeronave.
"Ele fez uma trajetória reta desde o paredão até aqui. Eu quando perco o controlo do meu carro não consigo ter uma trajetória tão reta. Ele quis aterrar sem qualquer preocupação com o resto. A preocupação dele foi aterrar com segurança" sem se preocupar com a multidão no areal pelas 16h50 (o alerta às autoridades é das 16h51), acrescentou o pai de Sofia, para quem os pilotos deviam ter desviado a avioneta para o mar, procurando uma amaragem que não pusesse terceiros em perigo.
Meia centena no socorro
Quase 50 elementos de várias entidades policiais e de socorro foram esta quarta-feira mobilizados para o local da tragédia, mas pouco havia a fazer. Apenas uma jovem, que sofreu escoriações nos braços ao tentar escapar da aeronave, precisou de receber assistência médica.
"Os pilotos devem sempre afastar-se das pessoas, para dentro do mar"
O ex-diretor do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves Álvaro Neves explicou que a amaragem é a situação normal – o procedimento que se ensina nas escolas de aviação – quando uma aeronave precisa de aterrar de emergência junto a uma praia com pessoas.
"O que se deve fazer é afastar-se para dentro do mar", explicou o atual perito da Agência Europeia de Segurança da Aviação, justificando a opção tomada com a aflição do piloto, que escolheu a aterragem mais fácil, no areal.
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