Mulher admitiu admirar a ideologia neonazi há muito tempo, incluindo quando ainda vivia em Portugal.
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Uma portuguesa de 38 anos que pertencia a uma organização neonazi proscrita pelo Governo britânico arrisca uma condenação de entre três e sete anos de prisão.
Claudia Patatas foi descrita esta sexta-feira no tribunal de Birmingham, no centro de Inglaterra, pelo procurador público responsável pela acusação, Barnaby Jameson, como um membro do grupo National Action [Ação Nacional] "ativo, mas não proeminente".
A National Action foi proscrita em dezembro de 2016 por ser considerada "uma organização racista, antissemita e homofóbica que suscitava o ódio, glorificava a violência e promovia uma ideologia vil" devido ao material que disseminava na Internet, nomeadamente nas redes sociais, com imagens e linguagem violentas e apelos a atos de terrorismo.
"Patatas era um membro altamente ativo da organização ao ponto de ter posto em causa a segurança do grupo", referiu esta sexta-feira o procurador, na sua apresentação das orientações para a sentença, que será decidida pelo juiz Melbourne Inman apenas na segunda-feira.
Segundo Jameson, Patatas e o companheiro, Adam Thomas, de 22 anos, foram expulsos de pelo menos uma conversa com outros elementos da extrema-direita chamada Triple K Mafia [referência ao grupo supremacista norte-americano Ku Klux Klan] numa aplicação de telemóvel encriptada devido à violência da linguagem.
"Ela advogou a morte de todos os judeus e afirmou-se, juntamente com Thomas, como alguém que seria capaz de matar uma criança de raça mista", descreveu o procurador.
A portuguesa é considerada uma simpatizante de ideologia neonazi há muito tempo, incluindo quando ainda vivia em Portugal, onde fazia parte de um grupo que celebrava o aniversário de Adolf Hitler, admitiu durante o julgamento.
A casa onde vivia em Banbury, perto de Oxford, e onde mais tarde coabitou com o britânico Thomas, estava decorada com inúmeros artigos com suásticas, como almofadas no sofá e um cortador de massa de biscoitos.
No frigorífico, a polícia encontrou em janeiro, quando fez uma busca e deteve o casal, um poster da National Action quando este grupo já tinha sido proibido pelo Governo britânico, e onde se lia: "O Reino Unido é nosso, tudo o resto deve sair".
O procurador apontou também o facto de Patatas ter "deixado a casa tornar-se num arsenal" para o companheiro Adam Thomas guardar armas como bestas, facas e punhais, alguns dos quais se encontravam no quarto onde dormiam com o filho recém-nascido.
Além das armas e da "mentalidade racista virulenta", considerou como fatores agravantes a portuguesa ter, juntamente com Thomas, colado autocolantes da National Action em dois jardins dedicados ao final da II Guerra Mundial, em Birmingham e em Leamington Spa.
Por fim, é considerada uma influência negativa numa criança recém-nascida ter chamado Adolf como segundo nome ao único filho.
Patatas deu à luz em meados de novembro de 2017 e foi fotografada poucas semanas mais tarde a segurar o bebé ao lado de Thomas enquanto este segurava uma bandeira com a suástica nazi.
Noutras fotografias, que Patatas terá tirado, Thomas segura o filho vestido enquanto está vestido com trajes iguais aos do Ku Klux Klan ou enquanto faz a saudação nazi, juntamente com o amigo e réu Darren Fletcher.
O fascínio da portuguesa pela ideologia nazi é refletido pela tatuagem de um "sol preto", um símbolo conotado com o partido de Hitler, feita em outubro de 2016, antes de conhecer Thomas.
A sua participação na National Action foi provada pelo facto de se ter registado num site ligado ao grupo apenas dois dias depois de o Governo ter proscrito a organização terrorista, por ter participado em pelo menos seis encontros com outros membros, alguns condenados noutros casos, entre 26 de dezembro de 2016 e 23 de abril de 2017.
O documento que determina a duração das sentenças estabelece um intervalo de entre três e sete anos para um elemento de categoria B, como indicou o procurador público.
Os restantes cinco arguidos deverão ter sentenças mais extensas, que podem ir até 10 anos de prisão.
Adam Thomas, apesar de ser considerado um elemento menos influente da National Action, tinha na sua posse um documento chamado "Livro de Cozinha do Anarquista 2000", onde estão instruções para produzir engenhos explosivos.
Nathan Pryke, de 27 anos, Joel Wilmore, 24, e Daniel Bogunovic, de 27 anos, são considerados membros proeminentes e com maior influência no grupo, enquanto que Darren Fletcher, 28, tem cadastro por incitação ao racismo e restrições relacionadas que infringiu repetidamente.
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