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VENDAVAL VARRE O PAÍS

As fortes rajadas de vento que ontem se fizeram sentir levaram o caos a vários pontos do País. Foram muitas as dezenas de chamadas 'caídas' nos quartéis de bombeiros e, em Esposende, um condutor de uma moto de água caiu e andou perdido no mar durante mais de três horas, o que mobilizou diversos meios para o seu salvamento.

17 de novembro de 2003 às 00:00

O indivíduo, de 31 anos, entrou na água, na companhia de quatro outros homens, pelas 12h00 de ontem. Apesar do encerramento da barra de Esposende, o grupo de amigos optou por enfrentar o mar, revolto pelo forte vento que se fazia sentir.

No entanto, à saída do porto da localidade minhota, dois dos membros do grupo perderam o controlo dos veículos que conduziam, caindo à água.

Um dos sinistrados recebeu a pronta ajuda dos companheiros, sendo transportado para terra. A outra vítima não teve a mesma sorte, acabando, perante a impossibilidade dos amigos em ajudá-la, por ser arrastada pela corrente forte que se fazia sentir.

De imediato foi mobilizado um dispositivo de salvamento. Três salva-vidas, do Instituto de Socorros a Náufragos de Viana do Castelo, Esposende e Apúlia saíram para o mar, enquanto um helicóptero da Força Aérea procurava, a partir do ar, vestígios do náufrago.

O náufrago acabou por não precisar de auxílio, chegando, pelos seus próprios meios, até à barra de Ofir. Encontrado em estado de hipotermia, foi transportado para o Hospital de Esposende, sendo em seguida transferido para o Hospital de Barcelos, sem correr perigo de vida.

RAJADAS DESTRUIDORAS

Os problemas com o vento começaram a surgir de madrugada. A subida da velocidade do vento mobilizou os bombeiros de todo o País que, ao final do dia de ontem, tinham saído dos quartéis para acorrer a mais de uma centena de situações relacionadas com quedas de árvores. Em especial destaque esteve o distrito de Setúbal, com 35 pedidos.

Em Lisboa, o Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) acorreu, num período de apenas dez horas (08h00- -18h00), a cerca de 60 pedidos desta natureza. "As zonas mais complicadas foram as ruas Defensores de Chaves e Casal Ribeiro, e a Avenida Duque e Loulé", referiu fonte do RSB.

Numa destas situações, uma rajada de vento mais forte deitou abaixo alguns tapumes, junto ao Estádio da Luz. Um buraco de grandes dimensões ficou a descoberto, causando problemas na circulação rodoviária.

Em Vila Franca de Xira, uma árvore de grandes dimensões tombou em cima de uma escola, causando estragos no portão.

EFEITOS DO MAU TEMPO

RAJADAS

As rajadas de vento chegaram a atingir, às 10h00 de ontem, os 102 km/h, em Lisboa, enquanto em Cabo Carvoeiro chegou aos 98 km/h. As pontes 25 de Abril e Vasco da Gama não encerraram porque as rajadas ocorridas ontem eram do Norte e não do Oeste.

LUZ

Muitas localidades dos concelhos da Lourinhã, Cadaval, Torres Vedras e Barcarena ficaram ontem sem energia eléctrica. A EDP esclareceu que as falhas de energia aconteceram em virtude de ramos de árvores terem caído em cima de linhas de média tensão.

MELHORIA

Durante o dia de hoje, a velocidade do vento vai diminuir significativamente, um facto que começou a sentir-se já desde ontem à noite. A temperatura máxima, segundo o Instituto de Meteorologia, vai subir, mas na quinta-feira a chuva e o vento vão regressar.

TEMPORAL ATINGE EMBARCAÇÕES

O mau tempo causou ontem estragos materiais em várias embarcações mas não se registaram feridos. Um veleiro inglês encalhou na praia da Nazaré, enquanto um navio mercante romeno foi obrigado a ancorar a cinco quilómetros da praia de Magoito, Sintra, e uma traineira embateu nas rochas da praia da Consolação, em Peniche.

O proprietário do veleiro inglês vai hoje contactar uma empresa para realizar a operação de remoção do iate, adiantou ao nosso jornal o comandante Loureiro de Sousa, capitão do Porto da Nazaré. O veleiro encalhou cerca das 01h15 de ontem com quatro tripulantes, três homens e uma mulher, quando seguiam de Leixões para Figueira da Foz.

Também hoje, deverá ter lugar a operação de reboque do navio mercante romeno, denominado 'Tigra', que desde as 20h45 de anteontem fundeou perto da praia de Magoito, Sintra. O navio, de 145 metros, seguia de Holanda para a Turquia com 16 mil toneladas de adubos, quando teve uma avaria nos motores, "mas não há perigo com o produto que transporta", garantiu ao nosso jornal o comandante Sousa Pereira, capitão do Porto de Cascais. Para junto do barco seguiram dois rebocadores e a corveta Baptista de Andrade.

O temporal atingiu ainda uma traineira, destruída após o sistema de amarração se ter partido e a embarcação sair à deriva do porto de Peniche. O barco, sem tripulantes, embateu em rochas junto da praia da Consolação.

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