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Correio da Manhã

Sociedade
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Ciência elimina cancro em doente terminal

Vinte dias após o início do tratamento, o paciente já não apresentava sinais da doença.
Miguel Balança 13 de Outubro de 2019 às 01:30
Vamberto Castro com a equipa médica dos hospitais da Universidade de São Paulo, no Brasil
Vamberto Castro com a equipa médica dos hospitais da Universidade de São Paulo, no Brasil FOTO: Direitos Reservados
Um homem que lutava contra um linfoma em fase terminal "está livre da doença", depois de ter sido submetido a um tratamento inovador, realizado, pela primeira vez, nos hospitais da Universidade de São Paulo (USP), no Brasil. Cerca de 20 dias após o início da terapêutica, as células cancerígenas tinham desaparecido.

Vamberto Castro, reformado de 62 anos, realizava, desde 2017, ciclos de quimioterapia e radioterapia, sem sucesso - o cancro, que tem por alvo o sistema linfático, já se havia espalhado aos ossos. As dores e a magreza eram extremas e Vamberto já mal se mexia.

"A expectativa de vida era inferior a um ano. Neste tipo de casos, no Brasil, restam apenas os cuidados paliativos. Contudo, menos de um mês após a infusão das células CAR-T observámos uma melhoria clínica evidente e até conseguimos eliminar os remédios para dor", revelou Renato Cunha, investigador da USP, citado pela imprensa brasileira. Baseado numa técnica de terapia genética, o método estimula as células T (linfócitos) do paciente a reconhecer - e atacar - as células cancerígenas, após reprogramação em laboratório.

O tratamento com as células CAR-T está ainda em fase de desenvolvimento.

Cura vai ter de esperar pelo menos cinco anos
A equipa de investigadores da Universidade de São Paulo que acompanhou Vamberto Castro avançou este sábado que o homem "está livre da doença", ainda que não esteja totalmente curado, dado que o diagnóstico final, de eventual cura, só poderá ser confirmado no prazo de cinco anos.

Técnica deu Nobel da Medicina em 2018
Estudos na área da imunoterapia, na base da versão da brasileira do tratamento com células CAR-T, em que células do sistema imunitário do doente são estimuladas a travar o cancro, valeu aos investigadores James Patrick Allison e Tasuku Honjo o Prémio Nobel da Medicina de 2018.

PORMENORES
Esperança para dois
A versão brasileira do tratamento inovador de produção das células CAR-T, desenvolvida pela USP, deverá avançar em breve noutros dois pacientes.

‘Made in’ Estados Unidos
As células CAR-T foram desenvolvidas por investigadores norte-americanos, país onde a produção das células modificadas está autorizada.
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