Protestos convocados nas redes sociais decorrem em várias cidades do País.
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A manifestação de protesto pelas mortes nos incêndios florestais, que decorreu na tarde deste sábado em Lisboa ficou marcada por desacatos e agressões entre manifestantes. O incidente marcou um dos muitos protestos previstos para todo o país.
Manifestação contra os fogos em Lisboa marcada por desacatos
Pedro Fortunato, um dos envolvidos nos confrontos na Praça do Comércio, em Lisboa explica que os desacatos que estes começaram quando foi impedido por um outro grupo de cidadãos de desenrolar uma faixa, onde se lia "os culpados são os governos PS e PSD/CDS". Várias pessoas insurgiram-se contra a presença da mensagem com referências a partidos e houve troca de agressões, com a polícia a ter de intervir para serenar os ânimos.
Cerca de um milhar de pessoas manifestou-se na Praça do Comércio em Lisboa, para exigir uma política de defesa da floresta e mais meios de proteção em casos de incêndio.
Várias pessoas empunhavam bandeiras nacionais e cartazes com palavras de ordem como "Quem lucra com os incêndios", "Incêndios já basta", "Eucaliptização/combustão" e "Exigimos responsabilidades" ou "Exigimos proteção".
O protesto de Lisboa foi uma das várias manifestações que estão agendadas para este sábado numa dezena de distritos do país contra os incêndios e as políticas florestais, mas também de homenagem às vítimas dos fogos, iniciativas organizadas nas redes sociais e por grupos de cidadãos.
A maioria dos eventos foi convocada através das redes sociais e vão decorrer, a partir das 16h00, em pelo menos dez distritos do país: Lisboa, Porto, Aveiro, Viseu, Castelo Branco, Coimbra, Leiria, Braga, Guarda e Bragança.
Milhares de pessoas em cordão humano na Praia da Vieira
Alguns milhares de pessoas formaram um cordão humano ao longo de várias centenas de metros na ciclovia da Estrada Atlântica, na Praia da Vieira, concelho da Marinha Grande, distrito de Leiria, em protesto contra os incêndios no país.
A iniciativa criada individualmente por uma moradora de Leiria ganhou dimensão na internet. A partir da manifestação na Praia da Vieira de Leiria, outras foram lançadas na região, fortemente atingida pelos incêndios de 15 e 16 de outubro, em que foram consumidos mais de 18 mil hectares de floresta.
"A ideia surgiu porque sou mãe e fiquei muito indignada com a quantidade de mortos e por não haver ninguém responsável por isso", disse Alexandra Cabral, nos primeiros minutos do protesto silencioso.
A responsável pela iniciativa lembrou a "zona desoladora" em que se transformou o Pinhal de Leiria e assumiu esperar que o cordão humano ajude a encontrar respostas.
"Se fizer alguma coisa de mal a alguém, sou responsabilizada. Aconteceram muitas coisas más aos portugueses e ninguém é responsabilizado por isso. Eu preciso de respostas, preciso de responder aos meus filhos", disse Alexandra Cabral, que ficou surpreendida com a resposta à iniciativa.
"Interessa sobretudo que nos estejamos a manifestar. Quero que vejam que somos muitos. Entre a Foz do Arelho e Osso da Baleia há grupos concentrados para o mesmo evento. Precisamos de respostas", recordou.
Presente na manifestação, o presidente da Câmara da Marinha Grande, Paulo Vicente, considerou a iniciativa popular "louvável para dar a conhecer o que sucedeu".
1500 em protesto em Viseu
Mais de 1.500 pessoas concentraram-se este sábado no Rossio de Viseu, numa manifestação silenciosa intitulada 'Portugal contra os Incêndios', onde despontaram vários cartazes e algumas rosas brancas, em memória das 44 vítimas mortais do último domingo.
"Renascer das cinzas, "Força Portugal" e "Obrigada a todos os que lutaram contra o fogo" são algumas das frases que se podiam ler em cartazes que vários populares empunham em frente à Praça da República, junto à Câmara de Viseu.
Vários outros cartazes recordavam os concelhos do sul do distrito de Viseu, que mais foram castigados pelas chamas do último domingo e de onde são provenientes a grande parte dos manifestantes silenciosos.
Duas dezenas de 'motards' fizeram uma 'guarda de honra' aos bombeiros presentes que acabaram por ser aplaudidos em jeito de homenagem e agradecimento pelo combate desigual às chamas que assolaram vários pontos do país.
A mobilização para a homenagem silenciosa nasceu pela mão de Paulo Pinheiro, de Tibaldinho, concelho de Mangualde, que decidiu criar um evento na rede social Facebook à medida que as imagens das chamas lhe eram trazidas pela televisão.
"Toda a gente esperava por uma coisa destas, eu só dei o primeiro passo, mas havia desde logo muita gente para ajudar. Para este evento contávamos há pouco com 2.500 pessoas a dizer que viriam, 8 mil tinham intenção de vir, num total de 15 mil convidados", informou.
Manifestantes em Leiria pedem intervenção da Força Aérea nos fogos
O grupo de pessoas que se reuniu na Praça Rodrigues Lobo, em Leiria, para protestar contra os incêndios, apelou à utilização da Força Aérea no combate aos fogos.
Aderindo à manifestação nacional "Portugal Contra os Incêndios", que se está a realizar em várias cidades do país, a organização de Leiria exibiu cartazes a pedir a utilização da Força Aérea - "que tem os melhores pilotos e meios" para o combate aos fogos florestais.
A Praça Rodrigues Lobo encheu-se para apoiar a causa, tendo o grupo de manifestantes seguido para a Igreja de Santo Agostinho, onde foi realizado um minuto de silêncio pelas vítimas dos incêndios.
Cartazes com frases como "Estamos de luto" e "Mais proteção" e muitas bandeiras de Portugal coloriram a praça central de Leiria.
Alguns testemunhos apelaram a uma mudança de política florestal por parte do Governo e a uma maior atenção para a proteção civil.
Num ato simbólico, a organização plantou ainda um carvalho no Jardim de Santo Agostinho.
Carolina Gaspar foi a organizadora do evento em Leiria: "Seria difícil deslocarmos as pessoas para Lisboa ou Porto e acreditei que seria possível mobilizar mais gente em Leiria, um distrito que foi muito afetado pelos incêndios. Primeiro Pedrógão, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, e agora o Pinhal de Leiria", adiantou à Lusa.
Protestos em todo o País
A "Manifestação silenciosa: Portugal contra os incêndios" vai decorrer na Avenida dos Aliados, no Porto, e na Praça do Comércio, em Lisboa, em luta por um planeamento de defesa e proteção florestal e para que as medidas de prevenção de combate a incêndios sejam realmente executadas.
Para este sábado está também prevista a iniciativa "Basta! Por um Futuro Sustentável!", na Praça do Comércio, em Lisboa, mas também em cada Câmara Municipal, sob o lema: "de luto e em silêncio por todas vítimas, por todas as casas destruídas, por todas as árvores ardidas".
Em Castelo Branco, para o Campo dos Mártires da Pátria, está agendada uma manifestação pacífica "contra a política do Governo na prevenção e combate aos incêndios", organizada por um grupo de cidadãos, na qual pretendem também "homenagear as pessoas que perderam a vida nos incêndios".
Um grupo de cidadãos de Bragança marcou, para a Praça da Sé, uma "caminhada solidária 'Mais fogos não'", que pretende "manifestar preocupação, solidariedade e pesar pelas vítimas dos incêndios florestais".
Sob o lema "Portugal contra os incêndios" estão agendadas manifestações para Coimbra, Leiria e Aveiro, enquanto em Braga, na Praça do Município, está marcada a iniciativa: "ação, incêndios até quando?'".
No distrito da Guarda, um grupo de cidadãos marcou uma "manifestação silenciosa por um futuro sustentável e vigília em homenagem às vítimas dos incêndios".
Em Pedrógão Grande, Leiria, está agenda uma manifestação junto ao Jardim da Devesa.
Às 18:00, também em Pedrógão Grande, está marcada a "vigília de revolta 'Já perdemos tempo de +'", na Barraca da Boa Vista, uma iniciativa da Associação de Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande.
Na Marinha Grande, pela 15:00, também no distrito de Leiria, foi organizado um cordão humano na Estrada Atlântica, junto à rotunda da Praia da Vieira.
Duas manifestações estão agendadas no estrangeiro: uma em Copenhaga, na Dinamarca, e outra em Muret, França.
A primeira é organizada pela comunidade portuguesa na Dinamarca, que marcou uma vigília em frente à embaixada de Portugal em Copenhaga, pelas 17:00, enquanto a segunda se trata de "uma maratona de 12 horas de concertos em solidariedade com as vítimas dos incêndios em Portugal".
As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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