Cerca de 100 pessoas do concelho de Loures têm de abandonar as habitações precárias e ilegais onde vivem.
As cerca de 100 pessoas do concelho de Loures que têm de abandonar esta sexta-feira as habitações precárias e ilegais onde vivem sentem-se "receosas" e desesperadas por não terem uma alternativa habitacional, disse o movimento Vida Justa.
Hoje termina o prazo que tinha sido dado pela Câmara Municipal de Loures, no distrito de Lisboa, para as 99 pessoas que vivem em 15 casas autoconstruídas e em nove apartamentos num bairro clandestino da freguesia de Santa Iria da Azoia abandonarem as habitações.
Estes moradores tinham feito na terça-feira um convite ao presidente da Câmara de Loures, Ricardo Leão (PS), para que o autarca almoçasse esta sexta-feira com eles no bairro, mas não obtiveram resposta.
Dada a ausência de respostas, os moradores ainda colocaram em cima da mesa a possibilidade de se deslocarem durante esta tarde à Câmara de Loures para entregarem as refeições a Ricardo Leão, mas por "medo de represálias", segundo explicou à agência Lusa Pedro Varela, do movimento Vida Justa, essa intenção não se chegou a concretizar.
"Os moradores estão receosos e com medo de represálias. Estão numa situação muito imprevisível. Não sabem o que vai acontecer", justificou.
O ativista ressalvou que "não houve qualquer ameaça por parte da Câmara", mas que os moradores "estão com muito receio do futuro".
"Hoje era o dia de ocorrer demolições e não ocorreram. Não sabemos bem porquê", apontou, sublinhando que os moradores continuam sem qualquer alternativa habitacional.
Pedro Varela criticou a intervenção da Câmara de Loures que, segundo o ativista, oferece apenas como resposta a demolição das habitações.
"Do lado da Câmara de Loures não tem havido muitas respostas, só que vai haver demolições. A resposta que há é no mercado imobiliário normal e estas pessoas não têm qualquer possibilidade. Estão numa situação de grande vulnerabilidade", ressalvou.
Por seu turno, fonte da Câmara de Loures disse à Lusa que "o prazo decorre até ao final do dia de hoje" e que a autarquia o irá respeitar.
A retirada destas pessoas esteve prevista para o início de dezembro do ano passado, mas a Câmara de Loures aceitou adiar o prazo para 28 de fevereiro, após um pedido do embaixador de São Tomé e Príncipe, que tem vindo a intermediar este processo.
Segundo a associação Vida Justa, entre os moradores que vão ser despejados estão 21 crianças, quatro pessoas doentes e uma mulher grávida.
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