A edição de hoje
Existem cada vez mais pessoas a viver em tendas e pedaços de cartão em muitos outros locais, como na freguesia de Arroios, em Lisboa.
João Mendes e Danielle Araújo já não vivem numa tenda em Carcavelos. Depois de o País conhecer a sua história através da CMTV, conseguiram casa e emprego no Algarve. O casal saiu do abismo onde permanecem muitas famílias portuguesas, encurraladas pela crise na habitação. Ou não há casas a preços acessíveis, ou não há dinheiro para pagar os empréstimos.
Foi às primeiras horas da manhã que o CM reencontrou João Mendes e Danielle. Desmontavam a tenda que durante meses os protegeu do frio e da chuva, na Quinta dos Ingleses, em Carcavelos. A tristeza que os corroía por dentro transformou-se em felicidade pura pouco tempo depois de a sua história de vida ter sido divulgada no ‘Investigação CM’, da CMTV: “Foi graças ao povo português e à CMTV que conseguimos dar a volta e matar o pesadelo que nos atormentava. Foi como se nascêssemos outra vez depois de nos oferecerem um tecto e emprego”, revela João Mendes, visivelmente emocionado. A vida deste casal foi transferida para Faro. Depois de um tecto, Danielle Araújo traça o próximo objetivo: “O facto de não termos casa levou-nos os nossos filhos, mas a partir de agora vamos lutar para tê-los de volta.” Os dois filhos menores ainda permanecem no Centro de Acolhimento de São Francisco de Assis, em Carcavelos.
João e Danielle são apenas dois exemplos das dificuldades sentidas por milhares de portugueses em ter um lar e uma vida condigna. Existem cada vez mais pessoas a viver em tendas e pedaços de cartão em muitos outros locais, como na freguesia de Arroios, em Lisboa. “Só nos últimos seis meses, o número de tendas cresceu em mais de 70. A situação é muito grave e conseguimos identificar muitos casos de pessoas que perderam a casa”, revela Luís Castro, presidente da Associação dos Vizinhos de Arroios. Na freguesia, embora pequena, a proliferação dos “condomínios de lona” está a intensificar o clima de insegurança e insalubridade. “Sentimo-nos abandonados pela autarquia e pela PSP. Existem cada vez mais tendas e elas só têm trazido violência e falta de higiene”, desabafa ao CM um residente da freguesia, que optou pelo anonimato, temendo represálias.
VIDAS DESPEJADAS
A história de João Mendes e Danielle teve um final feliz, depois de viverem meses dentro de uma tenda, mas nem todos os casos terminam desta maneira. A crise na habitação alastra, multiplicando-se o número daqueles que não conseguem um tecto para viver. Este o tema do ‘Investigação CM’ desta noite (21h30), para ver na sua CMTV.
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