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Páscoa chora vítimas e apela à paz

Centenas de fiéis estiveram presentes na missa pascal na Sé.

28 de março de 2016 às 01:50

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vê com "enorme tristeza" os atentados terroristas na Europa. Na memória de todos estão as recentes explosões em Bruxelas, na Bélgica. Dois bombistas fizeram-se explodir, no dia 22 deste mês, no aeroporto, e um terceiro fez-se explodir no metro daquela cidade. Fizeram 28 vítimas mortais.

"Pelas vítimas que causam, pelas famílias e amigos que deixam de luto. Tínhamos todas as condições para não ser assim. Se há um sítio no Mundo onde há tantas condições materiais e culturais para ir partilhando e integrando é na Europa", afirmou ao CM D. Manuel Clemente, no final da missa de Domingo de Páscoa, que celebrou na Sé de Lisboa.

Segundo o cardeal-patriarca, os atos de terrorismo acontecem por diversas causas que os analistas vão adiantando, e "todas têm a sua importância".

"Temos de estar do lado da resposta e da solução, não podemos estar do lado do problema", sublinhou D. Manuel Clemente.

A ideia é partilhada pelos fiéis. Bernardette Palermo, de 68 anos, italiana reformada a viver em Portugal há vários anos, assistiu à homilia. "Tenho medo de atentados, até porque tenho família em Bruxelas. Não basta rezar pela paz. É preciso que sejam tomadas medidas, não só na Europa mas no resto do Mundo, onde os problemas surgem", afirmou.

Perante uma plateia na Sé repleta de fiéis, o cardeal-patriarca sublinhou na homilia as marcas de ressurreição, na manhã de Páscoa: "As que o Espírito de Cristo reproduz por esse mundo fora – e mesmo além das fronteiras confessionais estritas – nos que não deixam de empenhar- -se em todas as causas da vida e da paz", afirmou D. Clemente. O patriarca lembrou os que cuidam dos outros, previnem tragédias ou reparam danos, os que não esquecem pobres e doentes, os que cumprem as ‘obras de misericórdia’ para responder a necessidades do corpo ou espírito seja de quem for e onde for. Em todos eles, "a vida de Cristo vence a morte do Mundo".

Seminarista cego quer presidir sozinho a tradição pascal

Tiago Varanda seguia feliz no compasso pascal, apoiado no braço do padre António Gonçalves, ontem, pelas ruas, nem sempre retas, da freguesia de Vale de Bouro, em Celorico de Basto. O seminarista de 32 anos, cego, nunca tinha participado numa visita pascal. Para o ano quer fazê-lo já sem ajuda.

"O padre António já me desafiou para no ano próximo presidir ao compasso sozinho. E estou tentado, acredito que não é nada do outro mundo", referiu, sorridente, o professor de História, natural de Lamego, que aos 28 anos decidiu ser padre. Foi aceite pelo arcebispo de Braga e está já no 3º ano do curso de Teologia. Em 2018 será ordenado padre e muda a história da Igreja em Portugal: será o primeiro padre cego no País.

O pároco de Vale de Bouro, que tem a seu encargo mais três paróquias, gostava de ter Tiago como seu "estagiário". "Se os superiores dele autorizarem, já manifestei vontade de o ter aqui nas minhas paróquias", vincou, destacando as qualidades do seminarista: "Lê muito bem, canta lindamente e tem o dom da oratória. As pessoas ficaram encantadas com ele".

António Gonçalves, que desafiou Tiago a participar na visita pascal, não tem dúvidas de que o futuro padre será "um bom pastor, um bom servo de Deus na história da Igreja".

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