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Reclusos de Leiria "libertam-se" da prisão através da ópera

Projeto financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

21 de outubro de 2015 às 09:28

Aos 22 anos, Rocha Luís soma já três anos e sete meses de reclusão na antiga prisão escola de Leiria, mas também um ano "de volta da ópera Don Giovanni", onde vai buscar a liberdade que os muros do estabelecimento cerceiam.

"A ópera ajuda-me a esquecer que estou cá dentro, sinto-me livre, bastante", disse à agência Lusa Rocha Luís, de sorriso largo, adivinhando-se um coração cheio pelo que conquistou com o projeto "Ópera na Prisão -- D. Giovanni 1003, Leporello 2015".

E antes de subir ao palco para um dos ensaios gerais, o jovem de Leiria, "tão perto e tão longe da família", começa a enumerar os ganhos pessoais, da maturidade ao espírito de equipa, da experiência até ao... gosto pela ópera.

"Jamais pensei gostar de ópera", afirmou Rocha Luís que, com outros 26 reclusos do denominado Estabelecimento Prisional de Leiria - Jovens, vai apresentar-se ao público na tarde de sábado, na antiga serração da cadeia.

O projeto, uma parceria da Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP), escola de artes sediada numa aldeia às portas de Leiria, e aquele estabelecimento prisional, começou em fevereiro de 2014 e vai terminar no próximo ano. É financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian.

"Ópera mudou o comportamento dos reclusos"

"É uma mais-valia enorme", resumiu a técnica de reeducação Carla Pragosa, salientando que a "Ópera na Prisão" não é apenas um projeto musical. Vai além disso: "Ajuda os reclusos a crescer, a amadurecer e mostra-lhes que é preciso esforço para se alcançar objetivos, que é preciso trabalhar para se conseguir as coisas".

O chefe dos guardas prisionais, Alfeu Almeida, assume ter ficado renitente quando teve conhecimento de que a ópera iria entrar na cadeia.

"Como motivar os reclusos para ópera quando as preferências deles recaem para o pop, rock ou rap?", questionou-se por várias vezes.

Hoje, revela como a ópera mudou o comportamento destes reclusos. "Permitiu trabalhar a autoestima, o autocontrole, a personalidade", exemplificou Alfeu Almeida.

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