A sepsis – infecção generalizada no organismo depois de iniciada num órgão – pode ter várias causas. A sobrevivência do doente depende da agressividade da bactéria que causou a infecção, do sistema imunitário da pessoa e da demora do diagnóstico e terapêutica. Na maioria dos casos a doença revela-se fatal. Tão fatal que foi causa de morte, em Portugal, em 2005 – últimos dados oficiais disponíveis –, para 825 pessoas.<br/><br/>
Vicente Pinto, especialista em ginecologia-obstetrícia, sublinha ao CM os riscos que representam determinadas bactérias, que se revelam bastante agressivas para o organismo humano e para as quais a eficácia dos antibióticos é reduzida ou quase nula. E apontou o caso das bactérias da espécie pseudomonas aeruginosa, pouco frequentes, ou das bactérias mais vulgares do género estafilococos, duas espécies que vitimaram, há dias, a modelo brasileira Mariana Bridi. "É terrível, porque são agentes multirresistentes à penicilina e para os quais existem poucas soluções terapêuticas", explica o clínico.
O especialista salienta a necessidade das defesas do organismo estarem fortalecidas. "Se a pessoa tem um sistema imunitário debilitado tem criadas as condições para a infecção se generalizar de forma mais grave e sem condições para a combater."
Factores que contribuem para enfraquecer o sistema imunitário, apontados por Vicente Pinto, são a toma de alguns medicamentos e as dietas alimentares.
Orta Gomes, da Divisão de Epidemiologia da Direcção-Geral da Saúde, salienta a diversidade de septicemias, ou sepsis. "Todas as bactérias podem dar uma septicemia, desde que infecte o sangue. Existem muitas e variadas bactérias, com diferentes graus de actuação ou agressividade com que actuam no organismo humano", alerta Orta Gomes.
O médico aponta como exemplo as septicemias por estafilococos, cerca de vinte tipos – desde as não especificadas até à estafilococos áureos – e ainda o choque séptico, a sepsis pulmonar e ainda a sepsis meningocócica, a tão temida meningite.
INFECÇÃO URINÁRIA COMUM
Uma das causas mais frequentes para a sepsis é a infecção urinária. O ginecologista-obstetra Vicente Pinto afirma que "não é pelo uso dos sanitários que se contrai uma infecção urinária". A infecção da bexiga "é banal" e a "proximidade dos orifícios vaginal do anal pode ser um factor que contribui para a infecção". Metade das mulheres tem uma infecção urinária por ano, o que motiva 32 mil consultas por ano, das quais 13 mil em urologia.
PERGUNTAS & RESPOSTAS
- O que é a sepsis?
- A sepsis é uma infecção generalizada no organismo e surge como resposta do corpo à falta de controlo da infecção localizada.
- Quais os sintomas?
- O processo inflamatório é marcado inicialmente por batimentos rápidos do coração, respiração acelerada e febre.
- Que infecção evolui para a sepsis?
- Qualquer infecção, mesmo menor, como uma gripe, pode desencadear uma sepsis.
- Que tratamentos?
- Antibióticos e corticóides. Pode haver necessidade de tratamento hospitalar.
"IDOSOS SÃO GRUPO DE RISCO" (Meliço Silvestre, Especialista em Infecciologia)
Correio da Manhã – Como se pode adquirir uma sepsis?
Meliço Silvestre – A maior parte circunscreve-se ao meio hospitalar, mas não só.
– Pode ser uma infecção hospitalar?
– No meio hospitalar existem também bactérias que podem propiciar infecções, nas quais, em muitos casos, os agentes revelam resistência aos tratamentos.
– Quem é mais vulnerável a este tipo de infecção?
– Os idosos são um dos grupos de risco, bem como os doentes de leucemia, que normalmente têm de fazer medicação preventiva porque o seu sistema imunitário está depauperado, e ainda os doentes que estão internados nas Unidades de Cuidados Intensivos.
– Quais as causas mais frequentes de uma infecção que pode originar uma sepsis?
– As infecções urinárias são muitos frequentes. Mas também podem ocorrer como um abcesso, uma infecção pulmonar (pneumonia), intestinal ou renal.
– Como se diagnosticam as infecções?
– Através de análises laboratoriais.
CARREIRA INTERROMPIDA
A morte da jovem modelo brasileira Mariana Bridi, 20 anos, chocou o Mundo. Da Austrália, EUA, Rússia, República Checa e de muitos outros países foram enviadas condolências à família. Pessoas chocadas pela morte – ocorrida na madrugada do dia 24 de Janeiro – e pelas circunstâncias que a rodearam, pondo fim a um sonho: conquistar as passerelles internacionais da moda. Causa de morte: sepsis.
O namorado da modelo, Thiago Simões, contou que Mari, como era carinhosamente chamada pelos amigos, sentiu dores lombares no dia 30 de Dezembro de 2008. Foi ao hospital, onde lhe foi diagnosticada uma cólica renal. Os médicos receitaram medicamentos para tomar em casa. Passados dias, as dores não passaram e foi levada a outro hospital, onde passou a madrugada internada por causa de uma infecção urinária. No dia seguinte sentiu falta de ar e a infecção revelou-se mais grave. Foi internada num hospital privado. Como não havia uma cama disponível na Unidade de Cuidados Intensivos foi transferida para um outro hospital, onde lhe amputaram as mãos e os pés, porque apresentavam necrose: a circulação sanguínea deixara de se fazer nas extremidades do corpo devido ao estreitamento dos vasos sanguíneos periféricos, devido à disseminação da infecção.
Depois da amputação, os médicos pensaram ter a situação clínica controlada. Enganaram-se. A partir daí, a paciente evoluiu para um quadro de choque séptico, o que significa falência dos órgãos. Sofreu uma insuficiência renal aguda, foi operada para estancar uma hemorragia no estômago. Não sobreviveu.
PERFIL
Mariana Bridi Costa iniciou a carreira de modelo aos 14 anos. Em 2007 ficou em 4.º lugar no Miss Mundo Brasil e em 4.º lugar no Face of the Universe (África do Sul), o concurso para o rosto mais bonito do Mundo. Em 2008, conquistou outro 4.º lugar no Miss Mundo Brasil e o prémio de melhor corpo no Miss Biquíni Internacional (na China).
NOTAS
CRIANÇAS EM RISCO
As meningites, bacterianas ou virais, são uma infecção das meninges e uma situação que ocorre por vezes nas crianças, causando grande alarme nos pais.
ANTIBIÓTICOS
A resistência das bactérias aos antibióticos deve-se à toma excessiva dos destes medicamentos, que se revelam ineficazes.
IDOSOS FRÁGEIS
Os idosos são um dos grupos de risco para as infecções bacterianas, devido à fragilidade dos seus sistemas imunitários.
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