Três milhões de portugueses, dois dos quais mulheres, sofrem de varizes, uma doença venosa crónica (DVC) muitas vezes negligenciada pelos doentes, que se preocupam mais pela questão estética, mas que, em situações mais graves, é fatal.<br/><br/>
O alerta para a gravidade da doença é dado ao CM pelo director do Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, Guedes Vaz. "Há dezenas de mortes que ocorrem todos os anos no nosso país devido ao agravamento da doença venosa crónica, que pode provocar nos casos mais graves uma embolia pulmonar e levar à morte."
Segundo o especialista, a embolia pulmonar ocorre especialmente nos doentes acamados e esse problema é devido a uma tromboflebite, que significa a formação de um coágulo que entra na corrente sanguínea e penetra depois nos pulmões, provocando uma embolia pulmonar, uma causa de morte frequente dos doentes.
Para que estes casos fatais não ocorram, Guedes Vaz alerta para a necessidade da prevenção e do tratamento, que varia consoante o estádio da doença, que afecta trinta por cento da população. O alerta dirige-se aos doentes que não procuram tratar-se, por ignorarem os riscos da doença.
Os tratamentos podem ser cirúrgicos – incluem a "secagem" da variz, conseguida através da administração de uma injecção com um medicamento –, cirurgia com laser, radiofrequência ou medicamentos.
Tão importante como os tratamentos é a prevenção dos factores de risco, alerta Guedes Vaz. À cabeça dos factores de risco está a obesidade, especialmente a gordura visceral (da barriga). Segue-se as longas permanências em pé ou sentado. As pessoas que trabalham em ambientes quentes, por exemplo os cozinheiros, estão expostas a um risco elevado de vir a sofrer de varizes. A hereditariedade, o avançar da idade e o tabaco também pesam no aparecimento da doença.
O CM assistiu a uma cirurgia às varizes, de um paciente operado a uma perna. O cirurgião faz uma incisão junto à virilha. Depois outra junto à barriga da perna e no tornozelo. Introduz uma espécie de arame na veia. Puxa. A variz surge. O cirurgião corta e sutura, com linha e com agrafos. Em menos de meia hora, a cirurgia está concluída. O paciente consciente, tendo levado, neste caso, anestesia local (epidural).
"ESPERO CIRURGIA HÁ DEZ ANOS"
Vítor Silva, de 59 anos, empresário em Faro, aguarda por uma cirurgia para o tratamento às varizes há uma década. Ao CM relata: "Fiz todos os exames necessários, fui às consultas e há dez anos que aguardo que me chamem para ser operado às varizes." A poucas horas da cirurgia, numa unidade de saúde privada, Vítor Silva viu o seu problema resolvido, não num hospital do Serviço Nacional de Saúde, mas sim numa unidade privada, em Lisboa, com o recurso ao seguro de saúde. "Agora vou ser operado."
"SURGEM CASOS MENOS GRAVES" (Serra Brandão, Dir. Cl. Instituto Recuperação Vascular)
Correio da Manhã – O que é uma variz?
Serra Brandão – Uma variz é uma veia que perdeu a sua função.
– Qual é a evolução desta doença na população portuguesa? Tem aumentado o número de doentes?
– A doença venosa crónica tem estabilizado. O que temos registado é um decréscimo dos casos mais graves.
– A que se deve essa diminuição dos casos mais graves?
– As pessoas têm uma maior informação e tratam-se cada vez mais cedo, não deixam avançar a doença. As situações mais complicadas referem-se a doentes de camadas sociais mais baixas.
– Como se pode evitar o aparecimento de varizes?
– Prevenindo os factores de risco e tratando quando surgem para evitar um agravamento da situação.
– Qual o tratamento mais eficaz?
– Depende de cada caso, assim se avança para a cirurgia ou laser.
"ESTAR SENTADA MUITAS HORAS ERA UM TORMENTO" (Testemunho: Lurdes e Luís Miguel)
Maria de Lurdes Almeida e o filho, Luís Miguel, vestem apenas uma bata de cor verde translúcida, indicativa do pré-operatório. A cirurgia está marcada para daí a poucos minutos. Nervosos? Um pouco, respondem ao CM. Maria de Lurdes já tem alguma experiência neste tipo de cirurgia, é a terceira vez que se submete a uma operação para tratar as varizes. A primeira vez foi há 30 anos, à perna esquerda. Repetiu a cirurgia, desta vez à perna direita, há seis anos. Agora, a intervenção é feita nas duas.
"Tenho muitas dores, os pés incham muito, especialmente com o calor no Verão e em ambientes quentes. Além disso, não suporto estar muito tempo de pé, nem de pé nem sentada. Quando trabalhava como empregada de escritório e estava sentada muitas horas era um tormento."
Luís Miguel, o filho, tem também algumas veias salientes, azuladas, visivelmente distintas, a percorrer-lhe a perna esquerda. Dores, por enquanto, não tem. "Mas irei ter, assegura-me o médico", diz. A questão hereditária terá ditado a propensão para o aparecimento das varizes em Luís Miguel, mas este acredita que um problema no fémur quando tinha nove anos terá contribuído para o aparecimento das veias salientes azuladas.
PERFIS
Maria de Lurdes Almeida, 62 anos, foi empregada de escritório durante vários anos. As varizes atormentam-na há mais de três décadas.
Luís Miguel Almeida, 36 anos, engenheiro civil, crê que um problema quando era criança terá contribuído para as varizes.
NOTAS
TABACO AGRAVA VARIZ
O tabaco é um factor de risco das varizes. As mulheres devem acautelar-se com a depilação em cera, devido ao calor.
VOOS PERIGOSOS
O aeroporto londrino de Heathrow regista uma média de um edema pulmonar por dia, devido aos voos demorados.
VOLUME ABDOMINAL
Além de vários problemas de saúde, a obesidade é causa de varizes, em especial quando a gordura se acumula na barriga.
VARIZES
Dois em cada três doentes são mulheres. Esta doença venosa, inflamatória, tem tratamento cirúrgico ou com medicamentos.
O QUE SÃO
A variz forma-se quando as veias das pernas funcionam com deficiência, as válvulas no seu interior impedem o retorno venoso para os pés, o sangue não progride.
VÁRIOS TIPOS
Telangiectasias ou “derrames” – são pequenas veias que aparecem por baixo da pele e são como penas linhas vermelhas e sinuosas. Aparecem com maior frequência nas coxas, pernas e tornozelos. Veias varicosas, conhecidas como veias dilatadas, tortuosas e alongadas. Têm cor arroxeada e resultam da falência das válvulas e perda de tonicidade e elasticidade da sua parede.
Obesidade, avançar da idade, hereditariedade, tabaco, pílula, ambientes quentes, longos períodos em pé e/ou sentado.
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