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FAGUNDES E CORTEZ: ETERNOS RIVAIS

Um é liberal e o outro fascista, um é rico e o outro pobre. No entanto, o duelo de titãs que os dois imigrantes italianos travam na “Terra Nostra 2” tem vida curta — um deles morrerá a curto prazo. Na vida real, os respectivos intérpretes enaltecem o prazer e o afecto que os liga.

11 de julho de 2002 às 18:09

Inimigos ferrenhos é como se caracteriza a relação dos personagens de António Fagundes (Genaro) e Raul Cortez (Giuliano) na mais recente produção da Globo, “Esperança”, também conhecida por “Terra Nostra 2”. A telenovela encontra-se em exibição há três semanas no Brasil, preenchendo o horário nobre deixado vago pelo termo de “O Clone”, sendo possível que comece a ser exibida pela SIC ainda neste Verão.

De acordo com os dois veteranos actores, foi o respeito e a admiração mútua que os levou a aceitar interpretar papéis de inimigos pela terceira vez (ver caixa). No entanto, a rivalidade em “Esperança” não irá muito longe — o personagem de António Fagundes morre cedo na telenovela, o que fará com que Raul Cortez percorra a maior parte do percurso sozinho. A simpatia pelas figuras a que dão vida, dois imigrantes italianos, e pelo trabalho do autor, Benedito Ruy Barbosa, foram também motivos fortes para ambos os actores aceitar mais este desafio.

Em “Esperança”, o pianista “Genaro” e o proprietário rural “Giuliano” diferem principalmente pelas suas convicções políticas: um é liberal e o outro fascista, um é rico e o outro pobre. Na opinião de Fagundes, o autor prefere tê-los em lados opostos nas telenovelas por uma questão estratégica.

Benedito Ruy Barbosa confessou que define os personagens a pensar nos respectivos intérpretes, e confirma a tese de Fagundes. “Admiro-os pelo talento e pela forma como se dedicam às personagens. O facto de serem inimigos novamente é pura coincidência, mas tendo-os como cabeça de núcleo opostos, fortaleço a minha história.”, reconheceu o autor.

O desenrolar da narrativa de “Esperança” situa-se em 1931, ano em que o mundo vive as consequências da recessão mundial causada pela quebra da Bolsa de Nova Iorque dois anos antes. O cenário de pobreza instalado nos EUA e na Europa tem reflexos no Brasil, onde os então poderosos barões do café enfrentam uma grave crise económica. A viver uma conturbada situação política, muitos estrangeiros, fugindo do desemprego e da miséria dos seus países, chegam ao Brasil em busca de melhor sorte, para ali fazer prosperar os seus sonhos e ideais.

É neste contexto que se desenvolve a história de “Toni” (Reynaldo Gianecchini), um jovem italiano que deixa a sua cidade natal, Civita, os pais e o primeiro grande amor (“Maria”, interpretada por Priscila Fantin), para se aventurar nessa terra desconhecida, mas promissora, chamada Brasil. Mais precisamente em São Paulo, onde encontrará muitos patrícios, conhecerá imigrantes como ele e viverá outra bonita história de amor, desta vez com uma judia (“Camilli”, papel de Ana Paula Arósio).

Depois da morte de “Giuliano”, será “Rosa” (Eva Wilma), a mulher de “Genaro”, quem morrerá. Este constitui também o motivo que levará o pianista a partir para o Brasil à procura de “Toni”, seu filho. E assim como ele, passará a tocar piano na Casa Chopin, especializada na venda de partituras. Raul Cortez pouco mais sabe adiantar sobre o futuro do seu personagem, mas está convicto de que irá trilhar o caminho certo.

Na vida real, tal como na ficção, António Fagundes e Raul Cortez são muito diferentes. Fagundes vive para trabalhar, o que não lhe deixa muito tempo para a vida social. Cortez é caseiro, mas também gosta de sair para jantar e assistir a estreias teatrais.

“Nós nos encontramos pouquíssimo, porque temos personalidades e gostos opostos”, diz Raul. E acrescenta: “Mas quando estamos juntos no estúdio é sempre um prazer. Desde que exista afecto qualquer relacionamento fica melhor à medida que o tempo passa.” António Fagundes retribui a amabilidade, afirmando: “Esta novela tem um elenco maravilhoso, com gente talentosa como Raul”.

Fagundes e Cortez já se tinham cruzado em outras telenovelas, vestindo a pele de dois italianos. É o caso de “O Rei do Gado” (1996), como Bruno “Mezenga” (Fagundes) e “Gheremias Berdinazi” (Cortez), em que interpretavam dois personagens que se odiavam, e em “Terra Nostra” (2000), na qual o fazendeiro “Gumercindo” (Fagundes) e o banqueiro “Francesco” (Cortez) também não mantinham entre si um bom relacionamento.

Mas a verdade é que no fim de cada telenovela acabam sempre por ficar amigos. Em “O Rei do Gado”, “Mezenga” e “Berdinazi” acabam bêbados, a rolar por entre os cafezais, esquecendo as desavenças passadas. Em “Terra Nostra”, “Gumercindo” e “Francesco” tornaram-se sócios de um banco. E em “Esperança” a amizade só não surge porque Fagundes avisou, quando foi convidado para participar, que não poderia fazer mais do que uns poucos episódios.

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