Dos cinco finalistas negros de “Ídolos”, programa de talentos musicais da SIC, já não resta nenhum. Nas cinco galas que decorreram até agora, foram sendo eliminados um a um.
Enquanto o júri do programa – Luís Jardim, Sofia Morais, Ramon Galarza e Manuel Moura Santos – considerava algumas destas vozes como as melhores de Portugal, os telespectadores da SIC fizeram “orelhas moucas” à opinião destes especialistas, que lidam no seu dia-a-dia com as melhores vozes portuguesas e internacionais, e expulsaram-nos. Racismo?
Para José Falcão, responsável de SOS Racismo, não há dúvidas que “há racismo em Portugal e há atitudes racistas”. “Se os cinco jovens de origem africana foram corridos nas cinco galas é o exemplo concreto de que o nosso trabalho tem razão de ser. Como já não há mais nenhum preto lá, o problema está resolvido”, acrescenta com ironia. “Pessoas que são boas a desempenhar qualquer tipo de trabalho não devem ser preteridas apenas pela sua cor de pele”, salienta. Maria João Silveira, apresentadora de “Portugal no Coração” (RTP1), foi a primeira negra a aparecer à frente das câmaras da televisão portuguesa (RTP), já lá vão cerca de dez anos. “Existe racismo em Portugal, só que está encapotado, que é o pior. Eu própria já passei por situações dessas. Quando era modelo algumas revistas vetaram fotografias minhas na capa... Só depois da Nayma é que começámos a ver modelos pretas”, recorda.
Na opinião de Maria João, a Débora e a Carla “têm um talento fantástico. O próprio júri teceu os maiores elogios às suas vozes, custa ver o público expulsá-las, principalmente se pensarmos que a maior parte das pessoas não percebe nada de música”, acrescenta.
DÉRCIO MOREIRA, de origem moçambicana, foi o primeiro a ser expulso do concurso. Na gala que decorreu no passado 7 de Novembro, o jovem interpretou o tema “The One”, de Elton John, mas não conquistou os telespectadores que assistiam ao programa da SIC. Dércio foi o menos votado mas, mesmo assim, o júri – Luís Jardim, Manuel Moura Santos, Sofia Morais e Ramon Galarza – realçou a sua evolução técnica mas também apontou o dedo à fragilidade da prestação.
Quando Luís Jardim ouviu CARLA MORENO cantar pela primeira vez ficou impressionado com o vozeirão da cantora e chamou-lhe “soul woman”. Na segunda gala, o público votou e expulsou-a. Carla emprestou a sua voz ao tema “My Heart Will Go On”, de Celine Dion, e, mal acabou de cantar, Jardim rendido disse: “Como sempre, és fantástica”. Mas os telespectadores do programa discordaram do produtor que trabalha com os melhores cantores internacionais.
NÁDIA PiMENTEL fez uma excelente e muito aplaudida interpretação de “Desfolhada”, de Simone de Oliveira, mas nem isso a salvou de ser a terceira concorrente eliminada. Apesar de ser uma das melhores vozes do programa, a jovem que veio do Luxemburgo não conseguiu cativar a simpatia dos telespectadores que acabaram por expulsá-la. Resignada com a decisão do público, Nádia confessou que “já sabia que ia sair, apesar de ter uma boa actuação”.
DAVID CRUZ foi considerado um dos grandes favoritos do concurso, mas acabou por ser eliminado na quarta gala de “Ídolos”. Serve-lhe o consolo de ter ficado entre os dez finalistas e ter passado à frente de mais de 10 mil jovens que, tal como ele, perseguiam o sonho de serem cantores. Depois da sua actuação, o júri considerou que a prestação foi prejudicada por alguns problemas de afinação. David não conseguiu explicar o que terá falhado e saiu resignado.
A voz de DÉBORA era, na opinião do júri, uma das melhores que passaram pelo programa, uma “séria candidata à vitória”, só que o público votou e a jovem, de origem cabo-verdiana, foi expulsa do concurso. O próprio júri não conseguiu disfarçar a indignação e, na opinião de Ramon Galarza, “o público tem de rever os seus valores. Aflige-me pensar que isto é um problema racial”. Por sua vez, Manuel Moura Santos adiantou: “Sairam só negros, não é coincidência”.
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