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Soraia Chaves: “Esta profissão é a minha vida” (COM VÍDEO)

A actriz está feliz com o seu primeiro papel regular numa telenovela. Recusou vários convites até aceitar a proposta da SIC, que chegou no momento certo. Internacionalização da carreira não é prioridade mas seria “muito bem-vinda”.

29 de junho de 2012 às 15:00

Como está a correr esta experiência em ‘Dancin’ Days’?

Está a ser óptimo. Pela primeira vez tenho uma personagem fixa numa telenovela, o que foi um enorme desafio ao início e continua a sê-lo. É uma nova experiência, o que é sempre estimulante enquanto actriz e pessoa. Entrar num território novo e ir descobrindo, aprendendo e evoluindo.

A novela é diferente daquilo a que estava habituada?

Tem uma linguagem muito específica. É muito diferente das séries. Começa pelo facto de estarmos a trabalhar numa obra que é aberta. Isso para mim é completamente novo porque sempre que trabalhei outras personagens fi-lo a partir de um guião que já estava fechado e em que sabia exactamente o que ia acontecer. Na novela impera o factor surpresa todos os dias.

Está a gravar há quatro meses. Já se sente cansada?

Não, felizmente...

Está preparada para mais seis meses?

Sim, e com muita vontade de continuar a explorar esta personagem que ainda tem muito para dar. Uma das coisas mais fascinantes nesta novela é o facto das personagens terem conflitos muito humanos. Têm altos e baixos, há muitas reviravoltas. Quero sempre saber o que vai acontecer a seguir, onde vai chegar a Raquel.

Foi difícil encontrar o tom para esta personagem?

Houve um trabalho muito interessante de preparação dois meses antes de começarmos a gravar. Claro que, à medida que se vai gravando e estamos a contracenar, vamos acrescentando coisas novas. Mas a essência vou tentar que seja a mesma do princípio ao fim.

Quem é a Raquel?

Essa pergunta é complicada… Tem várias facetas: é uma mãe extremamente dedicada e que ama, acima de tudo, a filha; é uma mulher que conseguiu conquistar um estatuto social que quer manter, e nesse sentido é determinada; é amante; uma irmã que está em luta… é uma mulher… é complicado.

Disse que "nesta novela as personagens não são só boas ou só más". Rejeita o rótulo de vilã?

Não sei se ela é uma vilã muito marcada… aquilo que ela faz não é por pura maldade, mas para proteger aquilo que é seu. A Raquel faz coisas erradas, sem dúvida, mas porque acredita que tem de ser assim. E reage muito ao medo, de perder a filha, o estatuto, de que se descubra o seu passado…

Como está a ser contracenar com uma actriz novata [Joana Ribeiro, que interpreta a filha Mariana]?

A Joana Ribeiro é, de facto, uma surpresa. É uma miúda muito bonita, talentosa e com imensa garra. Tem uma coisa que acaba por nos valorizar a todos: ela entrega-se à personagem e ao projecto com uma vontade e paixão que são contagiantes.

Tem recebido a sua ajuda?

Tento não influenciá-la muito. O realizador é a pessoa que deve dirigir os actores em cena. O que faço é o mesmo que faço com qualquer actor. A Joana pode aprender comigo como eu posso aprender com ela.

E a Joana Santos [interpreta Júlia]? Foi uma surpresa?

Não digo que tenha sido uma surpresa, mas o facto de já conhecer o trabalho dela não deixou de me impactar quando gravei as primeiras cenas. Havia momentos em que acabava a cena e ficava a olhar para ela a admirar o talento que tem.

Porque é que decidiu integrar o elenco fixo de uma novela?

Foi o momento. Até agora não tinha tido a disponibilidade para me entregar durante nove meses a um projecto…

Mas também nunca tinha sido uma prioridade sua…

A minha prioridade, quando comecei a trabalhar, foi estudar representação. E foi o que fiz. Ao mesmo tempo fui fazendo personagens de curta duração porque era impensável estar um ano a gravar novela. O ano passado regressei de Madrid, surgiram convites. Apareceu o ‘Dancin’ Days’ e pensei: ‘Ok, é agora o momento, vou estrear-me nas novelas, chegou a hora’.

Aceitou sem hesitar?

Não digo que tenha sido sem hesitar. Tive as hesitações normais de quando nos apresentam algum projecto, no fundo, de saber do que se trata. Claro que foi uma decisão pensada e ponderada.

Aceitou o convite porque neste momento há menos oportunidades no cinema?

Felizmente, tive bastante sorte em poder ter participado em alguns filmes. Não vou dizer que tenha sido esse o factor para decidir fazer esta novela. Esta experiência, dado o mercado em que vivemos, tem de se ter.

É uma oportunidade para chegar a outros públicos?

Sim, é uma oportunidade de comunicar com mais pessoas.

Actualmente, é inevitável os actores fazerem televisão?

Existem alguns casos de actores que não fazem televisão…

Mas são cada vez menos...

Sim, porque a televisão é importantíssima. É uma ferramenta de comunicação fortíssima. Os actores o que fazem é entreter o público e a televisão é um veículo para que isso aconteça. Portanto, é natural que haja trabalho para os actores.

Se tivesse projectos no cinema teria feito esta novela?

Não penso no que poderia ter surgido. O que surgiu foi o convite para esta novela e aceitei-o como uma experiência enriquecedora. Não vale a pena pensar em se...

Partilha a ideia de que a novela é um produto menor?

Não. A novela é um produto que, quer se queira quer não, diga-se o que se disser, é importante na nossa sociedade. É um produto com o qual as pessoas se entretêm todas as noites e, por isso, nunca pode ser um produto menor.

Mas há menos tempo para trabalhar…

A novela tem uma linguagem própria. Isso não é menor, é simplesmente diferente. É um desafio adaptar-me a essas diferenças e não estar num só registo.

Tem feito muitos trabalhos em que expõe o seu corpo. Fez questão que isso não acontecesse nesta novela?

Não. Esta personagem já estava desenhada em 1979. Não se coloca sequer essa questão. É verdade que é um desafio fazer uma personagem completamente diferente daquilo que tinha feito até hoje, e isso reconheci imediatamente e foi um dos factores de entusiasmo para entrar neste projecto.

É uma oportunidade para se afastar da imagem de actriz sensual…

À medida que o tempo vai passando isso vai acontecendo naturalmente. As personagens que interpretei tiveram o seu tempo. É a ordem natural das coisas.

Então hoje tentaria fugir aos papéis que fez no início da sua carreira?

Não, o que estou a dizer é que há uma evolução natural da carreira. Não foi uma opção afastar--me de determinados papéis até porque sinto orgulho no trabalho que fiz e cresci muito com essas personagens, independentemente de terem um carácter sexual ou não.

Mas é normal que esse tipo de papel continue a aparecer…

Os papéis que aparecem são os papéis que aparecem e…

E tem de fazer escolhas…

O actor faz escolhas, sem dúvida. E aquilo que tenho feito são as minhas escolhas perante as oportunidades que surgiram.

Escolheu a SIC para se estrear nas novelas. Recebeu convites de outros canais?

Sim, recebi vários convites. Mas o timing não era o ideal. E o que surgiu agora foi este convite, não foi outro.

Tem sido abordada na rua?

Sim. As pessoas têm sido simpáticas. Quando vêem um actor em televisão todos os dias sentem-se mais perto dele. Apesar da novela ter estreado há pouco tempo, sinto que isso já começa a acontecer. Sinto que as pessoas estão curiosas com esta história e isso dá-nos um bom alento para continuar.

Regressou há um ano de Madrid, onde esteve a estudar. Deixou definitivamente Espanha para trás?

Não. Os contactos que consegui fazer mantêm-se. Deixei foi de viver lá porque as oportunidades estavam a acontecer aqui e não fazia sentido manter essa distância. Chegou a uma altura em que estava dividida: estudar em Madrid, o que sempre quis, mas ao mesmo tempo em Portugal estavam a acontecer várias oportunidades de trabalho. Ainda consegui conciliar durante três anos, mas cheguei a uma fase em que queria estar a 100% num dos lugares. A minha base agora é Portugal e não acredito que volte a ser Madrid.

Nunca foi intenção sua afastar-se de Portugal e procurar uma carreira no estrangeiro?

Não planeio demasiado. Vou fazendo as coisas à medida que sinto que são necessárias e fazem sentido em determinado momento. Não funciono de uma forma planeada.

Neste momento não tem como objectivo a internacionalização da sua carreira?

Não é um objectivo prioritário, mas se surgisse uma oportunidade de internacionalização seria muito bem-vinda.

Tem participado em alguns dos filmes mais vistos do cinema português. A sua presença no elenco ajuda, à partida, a vender um filme?

Esses projectos acabaram por ter muito sucesso, mas é uma casualidade. Nunca se sabe quando vai ter sucesso ou não. E são muitos os factores que contribuem para esse sucesso, não é só um.

Quando fez ‘O Crime do Padre Amaro’ não tinha ideia da repercussão que o filme poderia vir a ter?

Não. Nunca me passou sequer pela cabeça que viesse a ter o sucesso que teve. E nos outros filmes também não tinha… porque podemos acreditar no nosso trabalho e fazer o melhor mas, a partir daí, o que acontece é uma incógnita. Não existe uma fórmula para o sucesso.

O facto de um filme ter o seu nome associado não atrai, à partida, algum público?

Não sei. Acho que não. Não é o meu nome que leva pessoas às salas de cinema. Não existem estrelas em Portugal.

Já foi exclusiva da SIC. Gostava de voltar a assinar com algum canal?

Estou confortável assim. Gosto de ter oportunidade de trabalhar com vários canais.

Vê-se a fazer outra coisa que não seja ser actriz?

Não. Esta profissão é a minha vida. Não consigo imaginar-me a fazer mais nada.

PERFIL

Soraia Chaves nasceu em Lisboa a 22 de Junho de 1982 (30 anos). Estreou-se como modelo e, em 2005, ganhou notoriedade com ‘O Crime do Padre Amaro’. Depois assinou exclusividade com a SIC. Ao mesmo tempo, participou em sucessos do cinema português, como ‘Call Girl’ e ‘A Bela e o Paparazzo’. Protagonizou ‘Voo Directo’ (RTP, em 2010) e voltou à SIC, em 2011, para uma participação especial em ‘Rosa Fogo’. Actualmente, integra ‘Dancin’ Days’.

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