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Renato Seabra: “Não sou gay nunca mais!”

Renato Seabra confessou o crime à polícia e disse que castrou o cronista, com um saca-rolhas, para "curar o Carlos Castro da sua homossexualidade".

11 de janeiro de 2011 às 20:00

O modelo português Renato Seabra foi acusado pelas autoridades de homicídio em segundo grau por ter assassinado violentamente Carlos Castro, o cronista português com quem partilhava um quarto de hotel em Nova Iorque.

Os meios de comunicação norte-americanos dizem que Renato Seabra já confessou o crime e justificou-o dizendo querer ver-se "livre de demónios e de um vírus".

As palavras utilizadas por Seabra ainda estão por clarificar, mas não se acredita que por "vírus" se referisse à doença da sida.

O suspeito do crime acrescentou à polícia que a mutilação serviu para "curar Carlos Castro da sua homossexualidade", afirmou o jornal ‘Daily News'. "Ele disse que queria livrar o homem dos seus demónios homossexuais", cita o jornal.

Renato Seabra terá "pontapeado e esmurrado o cronista durante mais de uma hora", tendo-lhe depois furado um olho e cortado os testículos com um saca-rolhas, revela outro diário nova-iorquino, o ‘The New York Post', citando fontes policiais. O modelo ainda atirou o monitor de um computador contra a cabeça da sua vítima.

Na origem do crime terá estado uma discussão entre os dois, em que Renato Seabra confrontou Carlos Castro: "Não sou gay nunca mais!", gritou o modelo ao cronista social, antes de cometer o crime.

Segundo o mesmo jornal, a mutilação foi "longa e macabra". "Não se tratou de uma coisa de dois minutos", escreve o diário, explicando que Carlos Castro poderia ainda estar vivo na altura da tortura.

A polícia encontrou o corpo ensanguentado de Carlos Castro sexta-feira, no quarto 3416 do hotel InterContinental, perto de Times Square. O corpo do cronista estava voltado para cima, numa poça de sangue, com os genitais mutilados. O alerta de que algo estava errado foi dado por Mónica Pires, amiga de Carlos Castro, que o aguardava para jantar e suspeitou a atitude do companheiro de quarto do cronista quando o encontrou no lóbi do hotel. "O Carlos já não sai mais do hotel", disse-lhe Seabra. 

"AINDA NÃO FALÁMOS COM O MEU IRMÃO"

A irmã do modelo, Joana Seabra, de 25 anos, referiu ontem ao CM que a família ainda não tinha entrado em contacto com ele após a a confissão do crime às autoridades policiais.

"Falei hoje [ontem] com a minha mãe e ela disse-me que tinha chegado bem e que estava tudo bem com ela. Até ao momento, e pelo que sei, ainda não tinha falado com o meu irmão. O que sabemos aqui em Portugal tem sido divulgado pela comunicação social", referiu Joana Seabra. "Temos de tratar de muitos assuntos importantes", indicou a jovem, interna de Medicina, que optou por continuar em Portugal, enquanto a sua mãe está nos EUA.

"VIVEM EM ANGÚSTIA" (Rui Abrunhosa, Psicólogo forense)

Correio da Manhã - Renato Seabra terá dito à polícia que matou para acabar com o vírus da homossexualidade. Como interpreta?

- Não falo do caso concreto. Mas quando alguém não consegue ter uma ideia clara sobre as suas preferências sexuais vive em angústia e isso reflecte-se nas atitudes.

- E pode resultar em violência?

- Quando o nível de conflito interno é alto, há casos de suicídio ou adopção de comportamentos de risco. Mas o sofrimento pode também ser projectado para fora.

- A mutilação genital revela alguma coisa específica?

- Os serial killers mutilam para deixar mensagens. Neste caso não sei. É um crime de ódio, com violência inusitada. Quem faz isto tem problemas de saúde mental ou de personalidade.

"QUE AS CINZAS FIQUEM EM NOVA IORQUE"

O livro ‘Solidão Povoada', autobiografia de Carlos Castro, publicado pela Livros d'Hoje, vai ser usado pela família do jornalista junto das autoridades norte-americanas como prova de que era sua vontade que as suas cinzas ficassem em Nova Iorque.

"Aos que me amam de verdade peço: quando morrer quero ser cremado, as minhas cinzas atiradas pelas ruas da Broadway, em Nova Iorque. E não me perguntem porquê", lê-se no livro.

Segundo a lei americana, o cadáver ou as cinzas de um estrangeiro não residente só ficam no país se essa vontade for expressa, em vida, pelo falecido.

RENATO SEABRA PERMANECE EM OBSERVAÇÃO

Renato Seabra ainda está em observação no Hospital Bellevue, para onde foi levado depois de ter sido detido, apesar de a unidade hospitalar dizer que o seu nome não consta da lista de pacientes.

"É normal que, em caso de crimes, o nome dos pacientes seja bloqueado para preservar a privacidade do paciente", disse ao CM a psicóloga portuguesa Andreia Figueiredo, que reside em Nova Iorque. "Estará na 19 West, a unidade psiquiátrica do estabelecimento", explicou Andreia Figueiredo, que já participou em avaliações de casos "muito parecidos".

Neste tipo de situações, acrescenta, são conduzidos exames psiquiátricos para averiguar o estado mental do paciente, onde são utilizadas perguntas banais como "qual o dia da semana" ou até "o nome do paciente". Os médicos tentam traçar um historial psicológico da pessoa para elaborar um relatório.

"Normalmente, as pessoas que estão sob observação podem ser interrogadas pela polícia. É provável que o Renato tivesse sido questionado logo nas primeiras 48 horas do internamento", considerou Andreia Figueiredo. 

PODE FICAR UM MÊS NO HOSPITAL

Em Nova Iorque, a média de estadia dos pacientes no hospital para exames psicológicos pode, em crimes desta natureza com tentativa de suicídio, chegar a um mês.

AMIGA ACHA ABSURDO

A amiga íntima Isa Costa disse ontem que Renato não estava "no perfeito juízo" ao "cometer o erro" e acha um "total absurdo" a possibilidade de ser homossexual.

BRUTAL

A autópsia foi conclusiva: Carlos Castro morreu devido a estrangulamento e pancadas bruscas na cabeça. O cronista social morreu naquela que sempre considerou ser a sua cidade.

DIA A DIA

29 DE DEZEMBRO

Carlos Castro e Renato Seabra deram entrada no InterContinental Hotel (Times Square). Viajaram para os EUA para celebrar a Passagem de Ano.

31 DE DEZEMBRO

Comemoram a Passagem de Ano em Times Square.

2 DE JANEIRO

Clientes do hotel garantem ter ouvido uma forte discussão entre os dois. Dinheiro terá estado na origem. Renato liga para casa e diz que está farto do ambiente que o rodeia e da comida.

3 DE JANEIRO

Nova discussão, desta feita num restaurante. Jovem terá dito a Carlos Castro que não era gay.

6 DE JANEIRO

Carlos Castro confidencia à amiga Wanda Pires que Renato anda estranho. "Tenho medo de dormir com ele", disse. O jornalista antecipa a viagem para Portugal.

7 DE JANEIRO

No hall do hotel, Renato avisa os amigos que Carlos Castro não vai descer para jantar. Ao reparar que o jovem modelo tem sangue nas mãos, a amiga Mónica Pires alerta a gerência do hotel. O corpo de Carlos Castro é descoberto às 19h00 com sinais de violência e mutilação. Na rua, o jovem tenta o suicídio. É transportado ao hospital por um taxista que alerta as autoridades. Nas Urgências é sedado por uma enfermeira até à chegada da polícia. O jovem é transportado para a ala psiquiátrica.

8 DE JANEIRO

A notícia da morte de Carlos Castro é dada pelas rádios e televisões logo pela manhã.

9 DE JANEIRO

Resultado da autópsia. Golpes na cabeça e estrangulamento são consideradas as causas da morte de Carlos Castro. Começa o interrogatório do jovem Renato Seabra, que assume o crime.

REACÇÕES

"SURPREENDIDA E MAGOADA" (Rosalina Machado)

Estou chocada, surpreendida e magoada. O autor do crime só pode ser uma pessoa que não está no seu estado normal.

"ELE CONTINUA VIVO" (Júlio Isidro)

A primeira reacção foi de incredulidade. Ele continua vivo. Vale a pena termos obra para nos mantermos na memória das pessoas.

"UM MURRO NA ALMA" (Simone de Oliveira)

Quando soube da sua morte foi um murro na alma. Por muito que tente imaginar o que aconteceu, não consigo. A mente é complexa.

Fotogaleria de Carlos Castro

Fotogaleria de Renato Seabra

Vídeo: Renato confessa crime

População de Cantanhede incrédula

Vídeo: Reacção da imprensa à morte de Carlos Castro

Renato Seabra hospitalizado

Vídeo: Carlos Castro 1945-2011

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