"Ser uma artista negra é muito difícil em Portugal", disse Cláudia Semedo.
As atrizes Cléo Diara e Cláudia Semedo e o ator e encenador Marco Mendonça lamentaram hoje a falta de diversidade e a sub-representação da comunidade negra na cultura portuguesa, no primeiro dia do Tribeca Lisboa Festival.
Uma das últimas conversas do primeiro dia do Tribeca Lisboa Festival, na zona lisboeta do Beato, juntou a realizadora norte-americana Dee Rees, a atriz cabo-verdiana Cleo Diára, a portuguesa Cláudia Semedo e o moçambicano Marco Mendonça para falarem de "histórias como uma ponte para a empatia" e como "ato de resistência".
No entanto, os três artistas que trabalham em Portugal, Cléo Diara, Cláudia Semedo e Marco Mendonça, acabaram por reclamar um lugar de direito no panorama cultural português.
"Ser uma artista negra é muito difícil em Portugal. Tens trabalho quando é sobre Angola, ou sobre Cabo Verde; não te chamam para todos os papéis. A maioria das vezes é quando querem falar de personagens que foram escravas ou que estiveram em África", disse Cláudia Semedo.
A atriz e realizadora falou em nome de uma comunidade "que não é pequena" e lamentou que a arte e a cultura não sejam tratadas, em particular a nível político, como os pilares da sociedade.
Cléo Diara, que integra o coletivo artístico Aurora Negra, declarou que o seu trabalho enquanto atriz é "criar possibilidades para o futuro" e para a comunidade em que se integra.
"Com Aurora Negra ensinam-me a ter orgulho da minha voz e a contar a minha história sem estereótipos, a celebrar as minhas raízes. (...) Vamos reclamar o nosso espaço para viver, com dignidade, porque os nossos antepassados abriram o caminho. Eu não quero sobreviver, quero sonhar alto", exclamou a atriz, premiada este ano em Cannes pelo filme "O Riso e a Faca", de Pedro Pinho.
Marco Mendonça, ator e encenador, lamentou que se esteja "a viver um tempo difícil para ouvir outros pontos de vista e o humor é importante para isso"; e considerou igualmente difícil falar de reparações históricas, em particular na relação de Portugal com os países africanos, como as que tem abordado no trabalho em palco.
Ao longo do dia, a segunda edição do Tribeca Lisboa Festival teve outras conversas sobre humor, vilões e anti-heróis, sobre escrita, representação e representatividade nas histórias que se contam nos múltiplos ecrãs.
Tal como em 2024, o ponto central do Tribeca Lisboa Festival está no complexo de edifícios da Unicorn Factory Lisboa, onde decorre a programação de conversas e gravação de 'podcasts' ao vivo.
As sessões de cinema, algumas das quais esgotadas, foram divididas entre o Teatro Ibérico e a antiga igreja do Convento do Beato, que estão a poucos minutos a pé da Unicorn Factory Lisboa.
No núcleo central, foram feitas melhoras nos espaços, mas não se verificou o mesmo nível de audiência da edição de 2024, na qual o público lotou os espaços programados.
O "Lisboa Stage", uma tenda com cerca de 400 lugares e que é o maior de todos os espaços do Tribeca Lisboa Festival, só esteve hoje mais composto, sem esgotar, para ouvir a atriz norte-americana Meg Ryan.
O Tribeca Lisboa Festival, uma extensão do festival norte-americano Tribeca Festival de cinema independente e 'storytelling' fundado em 2001 em Nova Iorque por Robert de Niro e Jane Rosenthal, termina no sábado.
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